Epílogo

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O vilarejo estava silencioso naquela manhã cinzenta. As flores não fazenda da família de Elena murchavam, e o vento sussurrava segredos que ninguém queria ouvir. Chris estava sozinho, olhando pela janela do quarto enquanto ajeitava sua gravata. Ele se sentia perdido.

Cinco meses. Cinco meses de esperança, de angústia, de perguntas sem respostas. Chris se lembrava de cada dia, de cada visita ao hospital, das mãos frias de Elena nas suas. Ele havia prometido ficar ao lado dela, mas agora, a promessa parecia vazia.

A família de Elena também sofria. Seus pais, com olhos cansados e ombros curvados, tentavam manter a fé. Sua irmã sempre tentando ser otimista, já havia perdido toda a fé e todos agora se abraçavam em busca de consolo.

Liam estava diferente. Ele havia descoberto a traição de Elena antes do acidente, e agora, sua mágoa era palpável. Ele não esperou pela recuperação de sua ex noiva, ele foi no hospital apenas uma vez, se despediu um doloroso "adeus" antes de deixar o vilarejo. Em sua mente, ela iria acordar a qualquer momento e então voltar para o Chris e ele não queria estar lá para ver isso. O que o Liam não sabia é que a Elena infelizmente nunca acordou, também não acordaria.

Elena foi declarada morta após 5 meses de coma. Infelizmente seu acidente havia sido muito grave e se caso ela conseguisse se agarrar às pouquíssimas chances de sobreviver aquele acidente, ela teria sequelas gravíssimas, provavelmente para toda sua vida. Talvez, esse foi o fim mais justo que a vida achou que ela deveria ter. Sem mais corações partidos, sem mais sofrimentos, sem mais mentiras e traições, agora ela estava em paz.

Foi então que July apareceu. Ela havia voado de Los Angeles para estar presente no enterro de sua melhor amiga. Seus olhos estavam vermelhos de chorar, mas havia determinação em seu olhar. July era forte, e o Rafa, que também estava no funeral, admirava isso nela.

No funeral, Rafa e July se encontraram. Após meses sem se falarem, eles não precisam dizer qualquer palavra. Apenas seus olhares demonstravam todo o arrependimento e o sofrimento de estarem se reencontrando nessa situação. Suas mãos se tocaram, e algo mudou dentro deles. Como uma conexão inexplicável. July também havia perdido alguém que amava, e eles compartilhavam essa dor.

Porém o Rafa sofreu como ninguém, de crises de choro, gritos de dor e até mesmo brigas com o Chris, tentando desesperadamente achar um culpado pela morte de sua pequena, ele se perdeu. Estava dilacerado por dentro. E prometeu pela sua pequena que seria uma pessoa melhor, um homem melhor. E agora, no meio de tanta dor, via uma chance de recomeço.

O ar estava pesado, e os olhos vermelhos dos presentes refletiam a dor que todos sentiam. O caixão de Elena repousava sobre o solo, pronto para sua última jornada. O padre, com voz solene, ergueu as mãos e começou a oração. As palavras ecoaram pelo ar, penetrando nos corações dos enlutados.

July estava ao lado de Rafa, seus dedos entrelaçados. Ela não conseguia conter as lágrimas, nem ele. Elena era mais do que uma amiga; era uma parte deles, uma irmã de alma.

- Senhor, receba Elena em seus braços. - disse o padre. - Que ela encontre paz e descanso após sua longa luta. Que sua alma voe livre, como um pássaro que finalmente encontra o céu.

Chris olhou para o caixão. Ele havia escrito uma carta para Elena, contando tudo o que sentia. Agora, ele se arrependia de não ter lido em voz alta.

- Elena - sussurrou ele - você foi a luz da minha vida. Eu te amei desde o primeiro dia em que te vi, quando tínhamos 8 anos de idade. E agora, meu coração está partido. Parte de mim está indo com você. Eu sinto muito por tudo. - não conseguiu conter suas lágrimas.

Anne apertou a mão de Chris. Os olhos da irmã mais nova de Elena demonstrava acima de tudo, empatia pelo sofrimento do único homem que ela sabe que sua irmã amou.

- Ela sempre será parte de nós. - disse ela. - Ela nos ensinou a amar, a sermos fortes. Vamos honrar sua memória vivendo nossas vidas com a mesma paixão que ela tinha. Ela jamais iria querer que sofrêssemos assim. Não foi culpa de ninguém.

Os pais de Elena estavam de mãos dadas. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar.

- Nossa filha. - disse Evelyn. - Nossa pequena Elena. Como vamos seguir em frente sem ela?

Henry olhou para o céu.

- Ela estará sempre conosco. - respondeu ele. - Em cada flor que desabrocha, em cada raio de sol que atravessa as nuvens. Ela viverá em nossos corações.

O caixão foi abaixado lentamente. A terra caiu sobre ele, cobrindo-o para sempre. Chris, July, Rafa, os pais e Anne permaneceram ali, olhando para o túmulo recém-fechado. O silêncio era profundo, mas dentro de cada um deles, havia uma promessa: lembrar de Elena, honrar sua vida e aprender com sua partida.

1 ano depois...

O pequeno vilarejo, outrora repleto de risos e esperanças, agora carregava o peso da saudade. Um ano havia se passado desde que Elena partira, e a vida de todos mudara irrevogavelmente.

Chris ainda visitava o túmulo de Elena regularmente. Ele mantinha a promessa de honrar sua memória, mas o vazio em seu coração persistia. O amor que sentira por ela permanecia intocado, e ele se fechava para qualquer possibilidade de se apaixonar novamente. Chris dedicava-se a cuidar do cavalo favorito de Elena. Mesmo já não mais trabalhando para os Hockifiel, ele estava lá todos os dias tendo a certeza de que o cavalo favorito de sua amada estava sendo bem cuidado.

Apesar de Lorena ter tentado várias vezes, Chris deixou bem claro que nunca mais iria acontecer qualquer coisa entre eles, ou entre ele e qualquer outra pessoa. E aparentemente a Lorena entendeu. Ela se mudou do vilarejo e nesse 1 ano nunca voltou. Enquanto isso, Hailey e Nate finalmente se acertaram e agora engataram em um romance.

Falando sobre romances, July e Rafa finalmente se acertaram. Os dois combinaram de que seriam sérios e mais do que amigos que ficam. Claro que era uma estágio por conta da distância. Mas de vez em quando o Rafa ficava em Los Angeles com a July e as vezes ela ficava no vilarejo com o Rafa. E por incrível que pareça, isso estava funcionando bem até demais para os dois pombinhos.

E assim, a vida seguia. O vilarejo continuava a existir, com suas histórias entrelaçadas e seus corações marcados pela perda. Elena permanecia viva nas lembranças de todos, e o amor que ela deixara para trás continuava a moldar o destino daqueles que a amaram.

Fim.

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