Capítulo 34

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Rafael:

É difícil tentar imaginar o que se passa na cabeça das mulheres. Ela são complicadas e confusas, nunca sabem o que querem e quando querem algo, agem de forma estranha. Vejamos alguns exemplos: temos como primeiro exemplo a minha ex namorada, Cindy, nós namoramos durante 5 anos e eu a pedi em casamento. Ela aceitou o meu pedido e no dia seguinte, na nossa festa de noivado, a peguei com meu primo dentro do banheiro. Ela me disse que sentia muito mas não queria se prender a ninguém e me disse também que eu encontraria alguém melhor.

Sim, claro. Você me traiu para que eu pudesse encontrar alguém melhor. Faz total sentido.

Depois temos a Elena, minha melhor amiga que se sentiu traída pelo homem que ama, fugiu da cidade, voltou jurando que já o tinha o esquecido mas agora está com ele de novo, tirando o fato daquela noite confusa em que bebemos e nos beijamos. Coisas de amigos, podemos dizer? Não sei. Eu a amo mas definitivamente não dessa forma. Porém, se eu puder fazer qualquer coisa para amenizar qualquer dor que minha pequena esteja a sentir, é isso o que farei. Porque estou aqui para a proteger. E honestamente, nem lembro daquela noite direito. Acho que fiquei com uma daquelas meninas que estavam apostando com a gente quem bebia mais.

E para terminar temos a loira que está recolhendo suas roupas pelo chão do meu quarto com certa pressa. Estamos ficando já faz uma semana, nos entendemos justamente porque queremos a mesma coisa: sexo casual. Mas repentinamente, ela parece ofendida com o fato de eu não ter demonstrado sentimento? Eu definitivamente não entendo as mulheres.

- July, vamos conversar. – peço quando ela começa a colocar o seu short.

- Esquece! – passo as mãos pelo cabelo em sinal de frustração.

- O que você quer exatamente de mim? Disse que não queria se relacionar com ninguém e queria sua liberdade, prometemos que seria apenas sexo, sem sentimentos. Por quê isso agora? – a observo colocar sua regata e calçar sua sandália.

- Porque por um mísero segundo, eu... – A loira me encara e revira os olhos. – Adeus, Rafael.

Me levanto da cama e consigo ser mais rápido que ela, impedindo que ela saia do meu quarto. Eu prendo seu corpo contra a porta e fico com o rosto bem próximo do seu, encurralando-a.

- Eu não te entendo. Achei que não queria nada sério. – ela bufa.

- E não quero. Mas você não percebe, né? – ergo uma sobrancelha e ela puxa meu rosto de encontro ao seu, acabando com o pouco espaço que havia entre nós e me beijando vorazmente. Por um breve segundo, me lembro que quando me beijava, Cindy também segurava o meu rosto exatamente como a July.

Me afasto dela abruptamente quando percebo a merda que estou fazendo. Droga! Como deixei isso acontecer? Eu estava bem antes de começar a ficar com a July. O que mudou agora? Por que ela voltou agora?

- Puta merda! – exclamei.

- Isso aí. Pode até ser difícil de acreditar mas eu sou humana, sabia? E ser usada como segundo plano de alguém não faz parte das minhas fantasias sexuais. – ela se desvencilha de mim e sai do meu quarto, me deixando alí sozinho.

A doença de Elena passou pra mim!

Ah, mas eu não vou deixar isso acontecer. Não mesmo. Já chega, posso ter feito muitas merdas de um tempo pra cá mas não mereço esse castigo. Talvez a July traga lembranças antigas de volta porque eu vejo nela tudo o que a Cindy era. Uma mulher independente, forte, sorridente e feliz. Bom, a Cindy não era sexualmente liberal mas estava chegando lá. Acho que agora minha querida ex noiva deve estar se divertindo na cidade com algum barman tatuado. Me lembro que ela adorava tatuagens, tanto que queria fazer uma nas costas e outra na coxa. Mas por que diabos estou me lembrando disso agora?

Vamos lá, Rafael, você é um pegador. Se arrume e pegue alguém.

E é isso o que vou fazer.

(...)

- Aonde pensa que vai, Rafael? – paro de andar em direção a porta quando ouço a voz da minha mãe. Então me viro para ela.

- Eu vou ir alí e já volto. – ela coloca suas mãos na cintura e me dá aquele olhar de quem quer uma explicação descente. Suspiro derrotado. – Vou ir no Dallas me distrair um pouco, mãe!

- Tem relação com a amiga da Elena que saiu irritada daqui? – reviro os olhos.

- Não tem a ver com ela. Para de colocar asneiras na cabeça porque a July não passa apenas de mais uma que já dormiu na minha cama.

- Rafael Rodriguez, como você ousa falar assim, garoto? – pergunta irritada. – Eu não admito que fale assim dessa menina. Ela pode ser um pouco sem juízo mas é uma ótima pessoa e não "mais uma que dormiu na sua cama". Isso aqui não é um bordel, Rafael, e eu exijo respeito, entendeu? – assinto.

- Sim, senhora!

- Dios mío, cómo puede ser mi hijo tan estúpido? – ela sai falando em espanhol e eu cruzo os braços.

- Posso não ter nascido no mesmo país que o seu, mas eu sei falar a sua língua. – disse alto para que ela ouvisse.

Suspirei mais uma vez e saí de casa. Assim que saí para a fora, vi uma cabeleira loira que eu reconheci muito bem.

- July? – a chamei mas ela começou a andar rápido. Então corri atrás dela para alcançá-la. – Me espera! – quando chego perto, seguro em seu braço a fazendo se virar para mim.

- Me solta, Rafael. – diz com raiva.

- Ainda com raiva de mim? Não deveria estar tão sentida. Afinal, o que faz aqui ainda? – ela cruza os seus braços.

- Eu tinha esquecido meu celular, então voltei para pegá-lo. Mas foi um erro, porque eu não passo de mais uma que dormiu na sua cama, não é?

Droga!

- Eu posso...

- Explicar? – me interrompe. – Não precisa. Você tem razão, eu só não entendo porque não gritou isso em um microfone para o bairro todo ouvir. Quer saber? Maldita hora que eu quis ajudar a minha amiga e vim pra essa droga de lugar. Maldita hora que eu te conheci, Rafael. E maldita hora que aceitei ficar com você. – por uma fração de segundo, eu podia jurar que vi lágrimas nos olhos dela mas essa ideia se foi da minha cabeça quando ela se virou e foi andando.

Por que ela se importa tanto com isso? E por que eu me importo tanto se ela se importa? Que se dane!

É muito pra minha cabeça!

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