Capítulo 5

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Ouço ao longe batidas que se tornam mais intensas a cada minuto. Logo também escuto vozes chamando o meu nome enquanto as batidas continuam. Me remexo na cama e murmuro algo indecifrável afim de não ter que levantar da minha cama mas parece que isso vai ser impossível porque as batidas não cessam.

- Elena, acorda! - murmuro um palavrão ao me levantar e finalmente abrir a porta.

Então minha mãe e mais 4 pessoas invadem o meu quarto. Franzo o cenho esperando uma explicação da minha mãe. Mas como não ganho nenhuma, então decido ser a primeira a falar.

- Mãe, pode me explicar isso? - aponto para as pessoas no meu quarto.

- Ah, claro! - sorri. - Essas duas mulheres vão fazer suas unhas do pé e da mão, essa outra jovem vai fazer o seu cabelo e esse rapaz vai fazer sua maquiagem. - diz indicando cada um deles.

- Por que isso?

- Como assim? Esqueceu que você tem uma festa essa noite? - revira os olhos.

- Mamãe, a festa começa às 21 horas. E são apenas 10 horas da manhã. - confirmo olhando no relógio.

- Filha, deixe de ser boba. Tem se se arrumar cedo para que nada saia do planejado. Vamos ao trabalho! - ela bate palmas no seu modo autoritário e todos começam a se mexer, menos eu que estava parada abismada com tudo aquilo.

Ah, eu mereço!

(...)

Escuto uma leve melodia tocar e mal posso acreditar que já são 20 horas. Eu coloquei meu despertador para tocar quando faltasse apenas 1 hora para a tal festa. Eu já estou devidamente arrumada, minhas unhas da mão e do pé estão pintadas de branco e combinam muito com o meu vestido que é apenas fantástico.

Meu cabelo está preso em um coque elegante rodeado por presilhas brilhantes e a minha maquiagem está devidamente natural, apenas o batom cor de vinho que está chamando a atenção para os meus lábios.

- Você está tão linda, minha menina! - diz minha mãe ao entrar no quarto.

- Era no mínimo para estar mesmo, depois de tantas horas se arrumando. - Ann reclama ao também entrar no meu quarto.

Ela está linda com um vestido vermelho rendado no seu decote discreto, seus saltos pretos com a sola vermelha e os cabelos presos em uma trança lateral. Ela está realmente linda.

- Você anda reclamando tanto ultimamente. - digo revirando os olhos e Ann mostra a língua.

- Ei, parem vocês duas! - mamãe exige. - Ajam como duas damas da sociedade, por favor.

- Evelyn, elas são damas da sociedade. - papai também entra em meu quarto vestido com seu terno da Armani, cabelos penteados para trás e os sapatos sociais impecavelmente polidos.

- Nossa, papai! O senhor está lindo. - elogio.

- Verdade, parece até que vai a uma de suas reuniões de negócios. - Ann murmura.

- Espera, você vai assim para suas reuniões?

- Ah, sim, ele vai. - agora é a vez da mamãe dizer.

- Eu tenho que causar boas impressões nos meus sócios, preciso manter essa fazenda. Agora chega desse assunto porque essa noite é das nossas filhas.

- "Nossas" não. "Nossa". - Ann corrige. - Porque a festa é para a Elena.

- Mas também comemora o fato de estarmos juntas depois de tanto tempo. - sorrio. - Na verdade, é nossa festa, porque comemora o fato de sermos uma família unida novamente.

- Isso mesmo. - Ann diz. - Merecemos um abraço em grupo. - e então somos envolvidos em um abraço em família e confesso que sentia muita falta desses abraços.

(...)

A fazenda começa a encher quando é mais ou menos umas 22 horas. Há várias pessoas aqui que eu nem conheço. Há também umas senhoras de nariz empinado que seus vestidos gritam dinheiro. Eu tinha esquecido que minha mãe adora grandes eventos, acho que a cidade toda está aqui.

Com certeza dona Nina e Chris devem chegar logo, se é que não chegaram, e a Lorena... Ela eu já não sei se veio mas eu adoraria que viesse. Ver a sua cara depois de tantos anos, ver que agora eu mudei e estou bem, iria fazer ela pirar. Aposto que continua sendo uma filhinha de papai.

- Elena! - ouço a doce voz de uma mulher que conheço muito bem e sorrio.

- Nina! - a abraço fortemente. - Quanto tempo, não? - me afasto o suficiente para observá-la de perto. - Você está mais linda ainda.

- Olha quem fala. - ela sorri. - Você parece um anjo, menina. E esse vestido... Lhe caiu perfeitamente bem. - não consigo evitar a emoção de vê-la depois de tantos anos.

Ela sempre foi como uma segunda mãe para mim e nunca imaginei que ficar tanto tempo afastada dela iria me fazer ficar com tantas saudades.

- É verdade, esse vestido lhe caiu perfeitamente bem. - ouço a voz grave e potente atrás de mim e fecho os olhos por breves segundos.

- Olá, Christopher. - me viro para ele com um falso sorriso.

- Voltamos ao "Christopher" novamente? - questiona.

- Sim, voltamos. - olho para o lado e vejo que sorrateiramente, dona Nina está indo conversar com minha mãe.

- Tudo bem, mas isso não muda o fato de que você está incrivelmente gostosa nesse vestido. - ele ergue a sua taça com champanhe e dá as costas com um sorriso sacana.

Imbecil.

Um garçom me oferece uma taça de champanhe e eu pego de muito bom grado. Ah, esqueci de mencionar, a minha mãe contratou 30 garçons para servir na festa essa noite. Ela foi devidamente exagerada, mas fazer o que? Essa é a Evelyn Hockifiel.

Aproximo-me do grupo com quem minha mãe está conversando e logo ela trata de me apresentar às senhoras de meia idade com quem ela está batendo papo animadamente, mas eu não presto muita atenção. Na verdade, eu realmente queria minha cama nesse momento.

- Elena, vem comigo! - Ann sai me puxando sem nem me dar chance para pedir licença àquelas mulheres.

- Ei, vai com calma, eu estou de salto. - aviso e puxo o meu braço do seu aperto, parando de andar e sinto alguém bater contra o meu corpo.

- Desculpe, eu não... - no mesmo segundo eu reconheço a voz mas não o rosto.

Pode-se dizer que ela mudou muito, seus cabelos antes longos e loiros agora estão curtos e negros, seu corpo antes como de uma modelo, agora está mais normal.

- Lorena. - abro um falso sorriso. - Que prazer te ter em minha festa. - dou ênfase ao "minha" e ela cruza os braços.

- Minha mãe insistiu para vir porque ela e a sua mãe são...

- Conhecidas. - a interrompo. - Elas são meras conhecidas.

- Hum. - ela ergue as sobrancelhas. - Mas como anda a vida? Namorando?

- Não que seja da sua conta... - começo. - Mas sim, eu estou namorando. - minto.

Tá, eu não estou namorando mas ela não pode saber. Não vou dar um motivo para ela rir da minha cara pela segunda vez.

- Que bom! - abre um sorriso claramente falso. - Porque eu também estou, podemos sair em um encontro de casais, o que acha?

- Ótima idéia, querida. - finjo entusiasmo. - Pode marcar a data com o seu namorado e eu aviso ao meu.

- Por falar nele, olha ele aí. - ela diz e eu franzo o cenho. - Amor! - ela o chama e eu olho na direção em que ela também está olhando, então vejo Chris vir em nossa direção.

- O Chris é... - sussurro baixo mas por algum motivo não consigo terminar a frase.

- Eu estava te procurando. - ele abre a boca para responder e nesse momento ela o beija.

E eu fico parada como uma idiota, sem reação alguma, apenas olhando essa cena como uma perfeita trouxa que sou.

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