Capítulo 2

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As suas mãos ainda seguravam a minha cintura firmemente e seus olhos pareciam conseguir ver a minha alma. Então um balão de memórias estourou em minha mente, me fazendo fechar os olhos e abri-los em seguida, tentando manter meu olhar mais frio em sua direção.

- Elena? – ele pronunciou meu nome de maneira como se tentasse me reconhecer.

- Ainda se lembra do meu nome? – me afastei rapidamente dele.

- Uau! Você... Você mudou muito. – diz desconcertado e coça a sua nuca.

- Sim, mudei.

- Mas continua caindo. – se refere ao que acabou de acontecer.

O que posso dizer? Há coisas que nunca mudam. Quando pequena, eu era muito atrapalhada e vivia caindo.

- Mas sempre me levanto, acho que essa é a minha sina. – olho para os lados tentando achar qualquer desculpa para sair de perto dele.

- Está procurando alguém?

- Estou esperando alguém, então se você puder...

- Tudo bem. – me interrompe. – Acho que já entendi.

- Entendeu o que, Christopher? Que você faz parte do meu passado? – esclareço e ele parece surpreso ao me ouvir falar. Aposto que nunca me imaginou tão forte e decidida. Se soubesse que é apenas uma fachada. – Agora se você me der licença, eu preciso ir.

- Eu também. – ele se vira e volta a andar. – Foi um prazer te rever, Elena. – quando o vejo se afastar, solto o ar que nem a sabia que estava prendendo.

Entro de novo na loja de doces e me escoro na porta já fechada. Sinto meu peito subir e descer de um modo acelerado, fazendo parecer que corri uma maratona de 200 metros.

- O que aconteceu com você? – Ann pergunta e Nate enruga a testa de preocupação.

- Nada. – me recomponho. – Vamos?

- Mas eu estava conversando com o...

- Por favor, Ann, vamos logo. – insisto.

- Até mais, Nate. – ela diz e ele acena para ela.

- Nos vemos por aí, Nate. – me despeço dele.

- Sim, nos vemos. – saímos da loja totalmente em silêncio.

Na verdade, a minha mente estava apenas no ocorrido de alguns minutos atrás. Ele está muito diferente, mais másculo, bonito, alto, forte e... Espera! O que eu estou fazendo? Ele me magoou, quebrou o meu coração e eu tenho que odiá-lo. Preciso fazer isso.

- O que aconteceu? – Ann pergunta.

- Já disse que nada.

- Isso não me convence. – insiste. – Se abre comigo, eu sou sua irmã.

- Ann, eu sinto muito mas não tenho o que dizer. Não aconteceu nada. Por favor, não insista mais. – peço.

- Tudo bem. Mas para mim você ainda não está legal. – dá de ombros.

Enquanto continuamos andando, fico pensando em tudo. Eu queria que fosse diferente, quer dizer, eu achei que se o visse novamente não seria nada demais. Mas pelo visto, vê-lo novamente importou mais para mim do que para ele. Sempre foi assim.

Assim que chegamos em casa, vejo minha mãe sentada falando ao celular, parece estar confirmando ou marcando algum evento, não sei ao certo. Ann corre para o seu quarto com seus doces na sacola e eu me sento no sofá para esperar minha mãe sair do telefone. Desde que ela chegou nós conversamos menos do que eu gostaria. Ela sempre foi minha melhor amiga e eu sempre me abri com ela, e quero contar o que acabou de acontecer. Mas veja bem, não é que eu não confie na Ann para contar a ela, o único problema é que ela é nova demais para entender esses assuntos. Eu preciso de alguém que seja experiente e que já tenha passado por isso ou algo parecido para entender o que estou sentindo. Porque nem mesmo eu sei o que estou sentindo.

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