Capítulo 8

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Chego em casa e está tudo silencioso. Papai não deve ter chegado ainda e imagino que a Ann também não, mamãe deve ter saído com as amigas ou está com muita vergonha do que fiz e se trancou no quarto, então só me resta subir para o meu quarto. O pior é que quando planejava minha vinda para cá, eu achava que seria diferente. Eu imaginava que seria mais divertido e que sairia mais com minha família, não que tudo isso iria acontecer. Eu não sou essa garota festeira e irresponsável que a cidade deve estar julgando agora, muito menos sou uma mulher rancorosa que todos devem estar imaginando, eu sou apenas eu. Uma mulher simples que comete erros como todos cometem, nunca foi minha intenção fazer tudo aquilo na festa, assim como também não foi minha intenção chamar a Lorena de "vadia horrorosa", não na frente de 500 pessoas. Mas aconteceu e só resta enfrentar as consequências dos meus atos.

" Hey, como vai garota do Texas? "

Olho a mensagem que July me enviou e começo a rir.

"Eu sou da Carolina do Sul, não do Texas."

"Sim, mas dizer 'garota do Texas' fica melhor do que dizer 'garota da Carolina do Sul', entende? "

" Entendo que você não existe. "

" As vezes também acho isso. Mas me conta, o que anda acontecendo por aí? "

Respiro fundo e penso se conto ou não conto tudo o que aconteceu. Ela é minha melhor amiga, então eu deveria contar, mas a vergonha é grande demais. Lá na cidade, apesar de uma bebida ou outra, um romance ou outro, eu sempre era a mais quieta enquanto July era a amiga louca.

" Nada demais. O mesmo de sempre. "

Decido não contar por fim.

" E você viu seu ex namorado? "

" Sim. Mais do que queria, na verdade. "

" E o que aconteceu, conta tudo, menina! "

" Ele me beijou, mas que fique claro que não foi da minha vontade. "

" AAAAAAAAH! MENTIRA! EU SABIA, EU SABIA, EU SABIA. VOCÊ AINDA O AMA. "

Reviro os olhos.

" Não amo não. E eu estou ocupada agora, depois nos falamos. "

Deixo meu celular de lado e ligo a tv, não há nada de bom passando em nenhum dos canais o que me faz questionar o motivo dos meus pais pagarem tv a cabo quando não se passa nada de especial nela. Encaro o teto lilás e respiro profundamente. Eu preciso pedir desculpas à Lorena pelo o que eu fiz ontem, eu sei que ela me odeia e é recíproco, mas não foi certo falar com ela daquele jeito na frente de tantas pessoas e pior... Pessoas importantes. Eu acho que nunca mais vou sair desse quarto.

- Fiquei sabendo que alguém estava precisando de uns doces. - olho para a porta e vejo Nate ali.

- Nate! - sorrio e me sento. - Pode entrar. - ele entra e fica observando o quarto.

- Não mudou nada. - murmura.

- Eu sei. Mas senta aqui. - ele se senta ao meu lado. - Quem te deixou entrar?

- Sua mãe. Ela estava saindo. - olho para as suas mãos e vejo um pote de doce de abóbora.

Eu amo doce de abóbora!

- Meus preferidos! - digo quando ele me entrega. - Obrigado.

- Eu soube do que aconteceu na sua festa ontem e imaginei que iria querer. - suspiro.

- Eu paguei o maior vexame da minha vida. - murmuro e como um pedaço do doce. - Quer? - ofereço.

- Não, obrigado. E você não pagou o maior vexame da sua vida.

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