Reencontrar Você

Capítulo 38

Chris

Desde que Elena me contou que falou com seus pais sobre nós, eu não sei exatamente como me sinto. Parte de mim se sente extremamente feliz enquanto outra parte de mim está muito preocupada. Com toda essa merda que andou acontecendo nesses últimos dias, eu não sei se isso foi uma coisa boa ou não. Nesse momento, eu deveria estar ouvindo uma piada babaca do Rafa, mas acho que a nossa amizade nunca mais vai voltar a ser a mesma, se um dia voltarmos a sermos amigos. Como sempre, eu consegui estragar tudo com a minha habilidade incrível de ferrar as coisas quando elas estão bem.

Acontece que o pai da Elena não vai querer me aceitar, eu sei disso. Conheço o seu Henry, sei o homem que ele é e ele não é mau, porém, ama a sua filha e quer protegê-la. Eu o entendo. O problema é que sinto que serei demitido e se isso realmente acontecer, não sei o que vou fazer. As contas não se pagam sozinhas e a geladeira também não se enche sozinha. Com a morte do meu pai, minha mãe entrou em uma depressão muito forte. Ela não conseguia fazer nada. Então, eu tive que trabalhar desde muito cedo para sustentar essa casa. Sempre sendo o adulto responsável, mesmo quando eu não era o adulto.

Eu deveria pensar que ele é um homem justo e que não vai misturar o pessoal com o profissional, mas não posso garantir nada. Elena é sua princesinha e sei que ele pensa que vou magoá-la outra vez. Mas não vou. Dessa vez é pra valer, nós vamos seguir juntos e sem o passado nos assombrando. Tenho a sensação de que posso ir a qualquer lugar contanto que ela esteja ao meu lado.

- Chris! – olho para trás ao ouvir meu nome e respiro fundo.

Falando no diabo...

- Sim, sr. Hockifiel?

- Quando pretendia me contar que estava namorando a minha filha? – o homem parece furioso.

Elena deveria ao menos ter me deixado dar essa notícia com ela. Como que ela sai contando as coisas assim?

- Nós estávamos decidindo quando iríamos contar.

- Vocês dois não tem futuro juntos, Chris.

- Deixe o futuro nos dizer isso, sr. Hockifiel. – ele respira fundo e encara o nada.

- Quando eu construí essa fazenda, tudo o que eu pensava era em formar uma família e vir morar aqui. – ele sorri. – Então eu conheci a Evelyn, uma mulher extravagante mas de bom coração. Na hora eu soube que seria a mãe dos meus filhos, e no fim, ela foi.

- Onde quer chegar, sr. Hockifiel? – questiono de uma vez.

Detesto lenga lenga. Se for falar, que fale de uma vez ou fica quieto.

- Eu criei filhas maravilhosas para serem felizes e se casarem com alguém que as façam felizes. – ele me olha enfim. – E você não é esse alguém, Chris.

- O que quer dizer?

- Quero dizer que eu não quero ser injusto com você, Christopher. Você foi o melhor trabalhador que já tive nessa fazenda e por isso te peço que deixe a minha filha em paz.

- Eu não posso, senhor Hockfiel. Eu amo a Elena.

- Não me obrigue a demitir você, Christopher. - o encaro em choque.

Disso eu não imaginava que ele fosse capaz. O sr. Hockifiel sempre foi um homem gentil e calmo, com seus trambiques na empresa mas chantagem é baixo demais até pra ele.

- Eu sinto muito, rapaz. – ele dá um tapinha em minhas costas. – Mas a minha filha está acima de tudo, até do meu bom senso.

- E se eu disser que não ligo caso eu seja demitido?