Essa cena dos dois se beijando, não sei exatamente o motivo mas mexeu com algo bem no fundo do meu ser. Eu não sei o que está havendo comigo mas é bom que isso pare, e logo. Porque eu não estou gostando nada.
- Eu senti a sua falta. - Lorena diz para Chris assim que se desgruda dele. Vaca.
Chris apenas olha de mim para Lorena e por breve segundos parece entender que ela fez isso apenas para me provocar. Mas se enganou ao achar que iria me irritar, porque eu já não sinto mais nada por esse babaca, imbecil, idiota.
- Bom, eu já vou indo, preciso falar com os outros convidados. - aviso.
- Ah, e o seu namorado veio? - olho para Lorena. Não estou com paciência para sua próxima provocação que sei que está por vir.
- Na verdade... - paro de falar ao sentir uma mão em volta da minha cintura e um beijo no topo da minha cabeça.
- Te salvei, pequena. - ouço a voz de Rafa em meu ouvido e antes que possa responder, ele se apresenta. - Oi, eu sou o Rafael, namorado da Elena.
Isso vai me dar uma dor de cabeça tão grande.
- Rafa? - Chris pergunta. - Vocês dois namoram?
- Vocês se conhecem? - Lorena pergunta curiosa.
- Somos amigos. - Rafa diz e se vira para mim. - Vamos, pequena? Temos mais pessoas com quem falar. - assinto.
- Foi um... Prazer, Lorena. - digo o mais cínica possível. - Aproveitem a festa.
- Iremos. - ela sorri.
- Espero... - dou uma piscadela e saio dali quase que correndo. - Que engula essa taça de champanhe, sua vaca. - murmuro quando estamos longe o suficiente.
- Nossa! Quanta agressividade. - Rafa zomba. - Agora você me deve uma.
- Tá legal, Rafael. - reviro os olhos. - O que você quer?
- Enquanto você estava lá em Los Angeles, eu andei te seguindo no facebook. - faço um gesto com a mão para que ele continue. - E vi que você tem uma amiga muito bonita chamada July.
- Se interessou por ela. - constatei. - Isso é ótimo!
- Está sendo sarcástica?
- O que? Não. - reviro os olhos. - Eu acho ótimo porque ela está encalhada e é uma ótima pessoa, e você também é uma ótima pessoa, entendeu? A única diferença é que ela curte amores de uma noite.
- Sério? - ele abre um sorriso que mal cabe em seu rosto. - Isso sim é ótimo.
- Você é um idiota. - não consigo evitar a risada. - Desde quando se tornou um pegador?
- Desde que levei um pé na bunda ao pedir uma garota especial em casamento. - paramos perto do jardim, onde está mais vazio.
- Pediu quem em casamento?
- Esquece isso. - pede. - Mas me conta, o que rola entre você e o Chris?
- Nada. Não rola nada entre nós dois. - respondo indignada com a pergunta.
- Por que não?
- Você está com amnésia, Rafa? - bufo. - Por vários motivos.
- Me dê 3. - cerro os olhos.
- Aonde você quer chegar com isso?
- Lugar nenhum, apenas quero 3 motivos.
- Tudo bem. Primeiro: Ele tem namorada; segundo: ele me traiu; terceiro: eu o odeio.
- Não odeia não.
- Quer saber? Estou começando a odiar você também.
- Mentira, você me ama que eu sei. - bufo e cruzo os braços quando ele me puxa para um abraço. - Eu só quero o melhor para você, pequena.
- Acha que o Chris é o melhor para mim?
- Tenho certeza. - cutuco o seu peito.
- Você está muito enganado.
- Okay, não toco mais no assunto até você admitir isso para si mesma.
- Então espera sentado. - me afasto dele. - Agora vamos voltar para a festa. - e é desse modo que dou o assunto por encerrado.
O Rafa só pode estar louco por achar que eu posso perdoar o Chris. Isso jamais vai acontecer, não porque eu ainda sinta rancor pelo o que ele me fez mas sim porque eu tenho algo chamado orgulho, e quando ele me traiu daquele modo, eu me senti como um lixo humano. Senti que não valia nada para ele, talvez se eu não tivesse conhecido a July lá em LA, eu ainda estaria me sentindo do mesmo modo. Seria aquela mesma garotinha boba e ingênua. Eu consegui me levantar, juntar caco por caco que havia restado de mim, consegui me transformar em uma mulher forte e segura, não vou permitir que ele me magoe novamente. Nem ele e nem homem nenhum.
- Eu vou lá conversar com aquele grupinho bem alí. - ele aponta para um grupo de mulheres que estão conversando em um canto e eu reviro os olhos.
- Vê se não vai aprontar, por favor.
- Eu nunca apronto. Esqueceu que você é minha namorada essa noite? - ele pisca para mim antes de me dar um beijo na bochecha e sair em direção às mulheres.
Entro dentro de casa e vou em direção a cozinha, abro a geladeira e pego uma garrafa de água. A coloco sobre a mesa e me viro em direção ao armário para pegar um copo, mas incrivelmente, ainda de salto alto não consigo alcançar a parte de cima do armário. Fico na ponta dos pés mas é inútil.
Então sinto um corpo quente contra o meu e logo pegam o copo para mim, o cheiro de colônia masculina misturado com o cheiro natural dele próprio me faz saber exatamente quem é e desejar que isso fosse apenas coisa da minha mente traiçoeira.
- Entendi o apelido de "pequena". - ele diz em meu ouvido e eu me viro de frente para ele. Grande erro. Pois estou próxima demais dele e proximidade não é bom.
- O que quer aqui, Chris?
- Quero falar com você. - coloco uma mão em seu peito, para o afastar de mim mas ele não move nem um passo.
- Dá para... - faço um gesto com as mãos. - Se afastar. Eu preciso de ar.
- Por que? Eu estou tomando ele? - ergue uma sobrancelha, o que o deixa bem sexy.
Espera! Eu disse o que?
- Chris, o que você quer afinal?
- Já disse que quero falar com você. - dá de ombros.
- Eu sei o que está pensando e não será tão simples assim.
- Não tem a menor idéia do que estou pensando. - garante.
Solto uma risada sarcástica.
- Claro que tenho. Está pensando que agora que eu voltei, pode tentar me fazer de idiota novamente, não é? Aquela ceninha no trânsito, aquele elogio indecente, e agora... Isso. Pensa que pode me reconquistar de algum modo, mas está enganado. - esclareço. - Eu não sou um brinquedo, Chris.
- Na verdade, a única coisa que estou pensando agora é em como seria bom calar a sua boca com um beijo. - ele aproxima seu rosto do meu. - Mas só vim dizer que o Rafa não é homem pra você.
- Talvez ele seja melhor do que você foi um dia. - me afasto dele e vou para o outro lado da cozinha, mantendo uma distância segura.
- É? - ele vem em minha direção e sem dizer mais nenhuma palavra, simplesmente segura em minha cintura com uma mão enquanto a outra vai até a minha nuca e puxa meu rosto de encontro ao seu, fazendo nossos lábios se chocarem em um beijo.
Eu tento resistir, mas não consigo por muito tempo. Me sinto como se acabasse de trair minha própria confiança mas esse beijo me traz muitas velhas sensações. Talvez seja só a nostalgia, eu não sei. E não consigo pensar agora.
- Duvido que ele consiga fazer você se sentir assim. - ele sussurra contra meus lábios e deixa um leve selinho no mesmo antes de sair da cozinha e me deixar com misto de sentimentos e sensações antigas de volta.
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Reencontrar Você
RomanceElena Hockifiel está há muito tempo longe de casa. Após sofrer uma desilusão amorosa quando adolescente, ela se viu decidida a ir morar bem longe daquela vida calma e mansa da fazenda. Agora, depois de 10 anos longe de casa, ela vai deixar a vida ba...