Capítulo 18

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Eu sinto como se meu estômago quisesse sair do lugar enquanto Chris parece acelerar à cada quebra-molas ou buraco, tanto faz, acho que realmente não deveria ter bebido. Mas pelo menos estou mais sóbria do que da última vez que bebi, eu estou me lembrando exatamente do que está acontecendo. Bom, só não sei se amanhã eu vou me lembrar, talvez eu lembre, talvez não, não importa.

Só sei que até agora o Chris não disse nenhuma palavra apenas pediu para que eu entrasse no carro e desde então nem ao menos sussurrou em pensamento alguma coisa. E eu não sei afinal o que ele quer "conversar" comigo, até porque se era para alguém estar com raiva aqui, esse alguém sou eu. Ele acabou com minha noite e conseguiu irritar meu melhor amigo, coisa que nunca aconteceu antes.

- Chris! – esbravejo seu nome quando ele passa rápido demais por cima de um buraco. Aperto mais o cinto em volta de mim e respiro fundo sentindo meu estômago dar sinais ruins.

- Desculpe! – diminui a velocidade.

Então volto ao me concentrar em nada. Apenas encaro as ruas pela janela e novamente aquela sensação ruim invade meu estômago mas dessa vez com mais força que nunca.

- Chris. – o chamo.

- Desculpe. – pede por ter aumentado a velocidade novamente.

- Não, Chris, eu vou vomitar. – ele para o carro no mesmo instante com uma freiada brusca e eu desço quase que correndo, coloco tudo o que bebi e comi durante todo o dia para fora.

Tem como piorar?

(...)

Quando acordo, sinto uma pontada enorme na minha cabeça, então fecho meus olhos antes mesmo de abri-los completamente. Quando consigo abrir meus olhos, observo a cortina branca que não impede nem um pouco o sol de entrar no quarto. Quarto aliás que reparando agora, parece estar pintado de branco. Talvez eu ainda esteja bêbada, ou não. Me viro para o lado oposto à janela e não consigo evitar um grito quando vejo quem está deitado comigo.

- Merda! – me levanto depressa. – Mil vezes merda.

- Mas que diabos...? – Chris acorda atordoado.

Meu Deus! Não acredito que isso aconteceu. Nós dormimos juntos!

- Seu desgraçado! – pego a primeira coisa que vejo, que no caso é o meu salto e jogo nele. – Se aproveitou de mim por estar bêbada. – jogo meu outro salto e ele se protege com os braços. – Seu tarado! Eu juro que vou te denunciar, Christopher, você vai ter tantos processos que até seus bisnetos vão precisar de advogados, seu... Seu... – pego o abajur e jogo nele também, mas ele consegue desviar.

- Dá pra parar de quebrar o meu quarto? – ele consegue se levantar e só então percebo que está de cueca. Apenas de cueca.

- Se veste, seu imoral. – ele ri.

Sinto meu rosto esquentar de tanta raiva.

- Eu, imoral? E não é você que está apenas de lingerie? – olho para o meu corpo e então pego o lençol rapidamente, cobrindo o meu corpo.

- Meu pai vai te demitir quando souber o que você me fez. – cato meus saltos e minhas roupas que estão jogadas no chão. – Como você teve a coragem de se aproveitar de uma mulher bêbada, Chris?

- Eu...

- Não quero saber. Foi uma pergunta retórica, seu nojento.

- Você deveria saber que...

- Dane-se. – termino de vestir minha saia e minha blusa, então me sento na cama para calçar os saltos. – Dou graças a Deus por não lembrar de nada, porque tenho certeza que seria decepcionante.

- Escuta aqui...

- Cala a boca. – digo rudemente. – Eu odeio você, sabia?

- Para de falar pelo amor de Deus! – ele se exaspera e então para em minha frente. – Nós não transamos. – seu tom de voz é alto, não tão alto como um grito mas é alto.

- Não? Então o que aconteceu aqui? – termino de calçar meus saltos e me levanto.

- Eu não te levei para casa porque seu pai iria surtar se soubesse que você estava comigo, e só estamos de roupas íntimas porque eu sempre durmo assim e imaginei que você também dormia assim.

- Ah, claro! E na bondade do seu coração, você se prontificou a tirar minha roupa? – ironizo e cruzo os braços.

- Por mais que eu fosse adorar passar a noite com você, eu gosto que minhas parceiras estejam acordadas e sóbrias de preferência, porque elas nunca esquecem. – começo a rir a da sua cara de pau.

- Você é um imbecil, definitivamente. – passo uma mão em meu cabelo e o prendo de qualquer maneira. – Me leva pra casa.

- Eu não sou seu empregado, peça com educação ou vá a pé e sozinha. – ele se vira para sair do quarto e eu respiro fundo.

Será um longo dia.

(...)

- Elena, se toda vez que você sair pela porta não voltar para casa no mesmo dia, eu vou ter que te proibir de sair. – diz meu pai no mesmo instante em que saio do banheiro com uma toalha enrolada na cabeça.

- Desculpe, pai! Eu dormi na casa do Rafa. – minto. – Não queria acordar todo mundo porque eu cheguei tarde.

- Filha, seja sincera, ainda tem alguma coisa entre você e o Rafael? – começo a rir enquanto seco meus cabelos.

- Papai, eu e o Rafa somos apenas amigos. Nada mais além disso. – ele assente.

- Tudo bem. Vou ir trabalhar então, até mais tarde. – deixa um beijo em minha testa e sai.

Me sento na minha cama e pego meu celular, tem duas mensagens e 17 ligações perdidas, as mensagens são da July e as ligações são da minha mãe.

Enquanto respondo o questionário que a minha amiga está fazendo nas mensagens, fico pensando em tudo o que aconteceu essa manhã. Quase que tenho um ataque cardíaco por culpa do idiota do Chris, e ainda por cima, a mãe dele quase me pegou no quarto dele essa manhã. Imagina o que ela teria pensado? Que há algo entre eu e o Chris novamente, e isso jamais vai acontecer. De novo não.

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