Capítulo 39

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- Eu sinceramente não aguento mais andar. - digo quando paro de andar e tiro meus saltos que estão matando meus pés. - Chris! - o chamo ao perceber que ele continua andando. - Sério? Vai ficar com raiva de mim?

- O que você quer que eu faça? - ele para de andar e se vira para mim. - Que merda! Eu estava muito bem até você voltar pra cá e bagunçar tudo.

- O que quer dizer com isso? - pergunto baixo até demais, mas sei que ele me ouviu. Ele para por um instante e apenas respira fundo, enquanto a chuva trata de nos molhar por completo.

- Quero dizer que não sei se consigo continuar com isso.

- E acha que você é o único que tem direito a ficar com raiva de algo, Chris? Eu tenho problemas maiores sabia? - me aproximo. - Meu pai está sem falar comigo e minha mãe mal olha para mim. Prometemos que iríamos enfrentar tudo para ficarmos juntos mas você já está se arrependendo, não é?

- Eu não sei. - ele murmura e passa as mãos pelo cabelo. - Eu não sei. - então ele não falou mais nada e nem eu me atrevi a falar. Apenas continuamos andando.

Assim que chegamos na casa do Chris, ele acende a luz e some pelo corredor para logo voltar com uma toalha em mãos. Ele me entrega a mesma e eu seco meus cabelos com ela. Nós precisamos conversar. Se formos decidir algo sobre o nosso futuro - se existir um futuro - será agora. Porque estou cansada desse vai e vem que define a minha vida amorosa com o Chris. Se realmente houver um ponto final agora, será definitivo. Sem voltas, sem arrependimento e sem recaída.

- Chris! - o chamo quando ele se vira para ir até a cozinha.

- Agora não, Elena.

- Agora sim. - respiro fundo. - Eu cansei disso tudo.

- E você acha que eu não? É tudo muito complicado. Às vezes parece que não devemos ficar juntos porque é errado, mas aí eu olho para você e te vejo sorrir, penso que talvez tenha sido o melhor erro que já cometi em toda minha vida e eu... droga! Eu amo tanto você.

- Então por que está me afastando de você? - me aproximo cautelosamente, como se ele fosse uma fera selvagem.

- Não é proposital. - ele segura minha mão quando tento acariciar seu rosto. - Mas acho que precisamos desse tempo.

- Sem tempos, Chris. - começo a andar pela sala. - Isso não é um jogo de futebol, não temos intervalos. Tem certeza que é isso o que você quer?

- Eu não sei, Elena. - ele respira fundo. - Eu não sei o que pensar.

- Se eu sair por essa porta, prometo não voltar nunca mais. - meus olhos já estavam repletos de lágrimas e algo dentro de mim se quebrou ao ouvir a resposta dele.

- Então vai. - foi o que eu precisei para virar as costas e caminhar para fora daquela grande casa, com os saltos e o que sobrou do coração na mão.

(...)

Na manhã seguinte meu humor não era um dos melhores, meu rosto também não porque quando me sento na mesa para tomar café, todos me encaram assustados. Tentei fazer o meu melhor para parecer visivelmente bem, até uma maquiagem eu passei mas acho que não adiantou muita coisa porque a cara de espanto deles é muito evidente.

- O que aconteceu? - Ann questiona.

- Nada. - murmuro e pego uma torrada.

- Andou chorando?

- Ann, não aconteceu nada, eu não andei chorando e por favor me deixe em paz. - ela ergue as mãos e volta à tomar seu café.

- Eu avisei que isso iria acontecer. - mamãe diz. - Eu tentei evitar isso mas você não me escutou.

- E o que você quer, mamãe? Um prêmio de melhor mãe do mundo? - me exaspero. - Quer que eu bata palmas?

- Não fale assim comigo, Elena. - me repreende. - A todo momento eu disse que aquele rapaz não era o correto para você.

- Nem sempre o correto é o certo. - murmuro.

- O que ele te fez?

- Ele não me fez nada. - me levanto. - O problema é que eu sou uma idiota. - saio da cozinha e vou para fora.

Vou até a baia onde fica o Raio e me aproximo dele. Ele relincha assim que me vê e eu passo a mão em sua cabeça.

- Vamos dar um passeio, garotão? - o trago para fora.

Depois de devidamente selado, subo no Raio e começo a cavalgar para fora da fazenda. Na verdade, eu gostaria muito de ir até a casa do Chris e dizer à ele para esquecermos a noite de ontem e voltarmos à ficar juntos. Mas eu não vou fazer isso. Por mais que eu o ame muito, não vou ser capaz de voltar para ele porque essa ferida que ele abriu, não vai cicatrizar nunca. O que eu esperava também? Não é a primeira vez que ele desiste de mim. Por que no fundo, eu achava que seria diferente?

Eu sou uma idiota mesmo.

Mas não importa. Nada mais importa. Eu vou voltar para a cidade, refazer minha vida e vou esquecê-lo. Mas dessa vez será real. Eu vou tirá-lo do meu coração de uma vez por todas nem que eu tenha que machucar ainda mais, eu vou arrancá-lo daqui mesmo que doa. Eu vou me curar do Christopher. E vai ser logo.

- Elena? - ouço a voz de Liam e logo o vejo cavalgando ao meu lado.

- Liam! Que bom te rever. - tento um sorriso.

- Tem certeza? Por que me parece que você não está muito feliz. - solto um suspiro.

- Não leve para o lado pessoal. Eu estou passando por uma fase ruim. - olho a paisagem à minha frente.

- Posso ajudar de alguma forma? - seu tom parece preocupado, o que me faz olhá-lo e abrir um sorriso sincero.

- Obrigado, mas não. Vai passar com o tempo, não se preocupe.

- E se fôssemos jantar essa noite?

- Desculpe, eu não...

- Prometo que será uma noite divertida e te farei esquecer um pouco os seus problemas. - o sorriso em seus lábios é tão contagiante que não me deixa negar.

- Tudo bem.

Então nós continuamos cavalgando. Durante alguns momentos, breves momentos, eu até conseguia esquecer tudo o que me fazia mal. Talvez o Liam, seja um bom recomeço.

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