Capítulo 4

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- Filha, você vai indo na frente porque eu e a Ann ainda temos que escolher nossos vestidos. - minha mãe diz assim que avista a caminhonete vindo ao longe.

Graças a Deus eu já escolhi o meu vestido e posso finalmente ir embora. Só lamento por Ann que vai ter que aturar a minha mãe em suas "comprinhas" por mais tempo. Não que minha mãe seja chata, seu único problema é que nada está bom para ela. Em matéria de roupa, só ela entende.

Ann me olha com seu olhar suplicante como se implorasse para que eu a ajudasse mas eu apenas sibilo um "sinto muito" e encolho meus ombros. Se eu tentasse convencer minha mãe a deixar a Ann ir, ela iria me fazer ficar e isso sem dúvida está fora de questão.

- Okay, mãe! - abro um sorriso. - Depois eu aviso ao papai para voltar e buscar vocês. - minha mãe assente e seguida por Ann, as duas entram novamente na loja e não demora muito para a caminhonete do papai chegar.

Assim que entro e passo o cinto, reparo no motorista que não é o papai.

- Boa tarde, srta. Hockifiel! - ele diz e eu reviro os olhos.

- Isso só pode ser brincadeira. - murmuro. - Que eu saiba era para o meu pai vir e não você.

- Sim, mas o seu pai tinha assuntos a resolver e me mandou em seu lugar. - ele liga o carro e dá a partida. - Não se preocupe, ele me alertou veementemente a não tentar nada com você ou sequer dirigir a palavra. Então iremos em um silêncio confortável durante a viagem.

- Que ótimo! - cruzei meus braços e encostei minha cabeça na janela.

Tudo o que eu menos queria era ter que voltar para casa com o Chris. Com tantos funcionários naquela fazenda, por que logo o Chris? Ah sim! Porque meu pai o conhece desde quando ele era um bebê e confia muito nele, tanto que o nomeou seu capataz. Grande merda ele é!

Chris ligou o som do rádio, e ouvi Good Kisser do Usher começar a tocar, e Chris começou a cantarolar junto a música que estava tocando ali enquanto batucava os dedos no volante. Suspirei pesadamente e ajeitei meus óculos de sol. Essa música está começando a me irritar ou a voz dele, tanto faz.

- Pode, por favor, desligar o rádio? - peço.

- Não. - ele diz simplesmente e ergo a minha cabeça para encará-lo.

- O que disse?

- Eu disse que não. Não posso desligar o rádio

- Tudo bem, porque eu posso. - desligo o rádio. - Essa caminhonete é do meu pai, o homem que paga o seu salário, vê se não se esquece disso. - ele apertou o volante com certa força.

- O que deu em você? Me lembro que era menos mesquinha. - ele diz e o encaro desacreditada no que acabei de ouvir. - Ah claro, a cidade grande fez uma lavagem cerebral em você.

- Talvez eu tenha mudado lá, então quero que saiba que a partir de agora eu não admito mais que fale comigo como se fôssemos velhos amigos. - digo séria. - Pois eu sou a filha dos seus patrões e não quero contato íntimo com nenhum dos empregados dos meus pais, entendeu?

- Você então se tornou uma patricinha mimada? - ele ri. - Isso não me surpreende. Mas quero que saiba também que não admito que me trate como se eu fosse pouca coisa, posso ser empregado dos seus pais mas sou um homem honrado.

- Belo homem você é. - murmuro ironicamente. - E se eu me tornei uma patricinha ou não, o problema é meu. Agora dirija esse carro e não fale comigo novamente. - dito isso, ele parou o carro no meio da rua e alguns carros atrás começaram a buzinar. - O que está fazendo, seu louco?

- Peça educadamente para que eu retorne a dirigir. - exige e eu solto uma risada seca.

- E desde quando você sabe o que é educação? Dirige logo.

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