Capítulo 12

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- Bom dia! - exclamo sorridente, deixando um beijo na testa da minha mãe, minha irmã e do meu pai.

- Caiu da cama? - Ann pergunto e beberica um gole do seu suco.

- Não. - me sento ao seu lado, de frente para o papai.

- Por que está suada? - Mamãe que está ao lado do papai, pergunta.

- Estava correndo. - sorrio. - O que foi? - questiono ao ver que todos estão me encarando.

- Por que está sorridente?

- Eu estou feliz. - dou de ombros. - Por que? Não posso, Ann?

- Pode sim, mana! Desde que tenha motivos reais, fique à vontade.

- Como assim "motivos reais"? - a encaro.

- O que a Anne está tentando dizer, Elena, é que da última vez que a vimos assim faltava apenas 10 minutos para você entrar na sua festa. - mamãe diz cautelosa.

- Parece até que eu cometi um crime só por estar feliz. - reviro os olhos.

Na verdade eu estou feliz porque finalmente vou esclarecer a minha real situação com o Rafa. Sinto que um peso muito grande vai sair dos meus ombros e eu vou poder respirar melhor. Detesto mentir, ainda mais para os meus pais. Ainda bem que isso tudo vai acabar e logo voltarei para minha querida cidade que nunca dorme. Não que eu esteja feliz porque ficarei longe da minha família e amigos, mas estou feliz porque Los Angeles meio que se tornou a cidade que me curou. Foi lá que aprendi a seguir em frente e conheci uma amiga maravilhosa que me ajudou em todo momento. Lá foi meio que o meu refúgio.

- Elena tem razão. - papai se manifesta. - A menina aparece sorrindo e vocês a enchem de perguntas como se ela fosse uma assassina em série.

- Ok, desculpe! - mamãe ergue as mãos. - Mas enfim, filha, vai nos contar o que aconteceu com você ontem?

Então eu conto tudo o que aconteceu, menos a parte da minha pequena discussão com o Chris.

- Você vai trabalhar na biblioteca da cidade? - papai perguntou.

- É só durante a tarde, pai. - explico.

- Por que trabalhar em um lugar onde uma das donas te odeia é melhor do que trabalhar com o seu pai? - arregalos os olhos quando o encaro.

- O que? Não coloque palavras na minha boca porque eu nunca disse isso. - suspiro. - Eu só não quero depender do senhor, entende? Trabalhar para você seria como receber uma mesada sua. E eu sou adulta, pai! Isso é ridículo.

- Eu concordo com a Elena. - Ann intervém. - O senhor reclama porque ela quer trabalhar e ser independente mas e se ela ficasse jogada em casa o dia todo? Ia preferir que fosse assim?

- Nesse caso as meninas tem razão, Henry. - suspiro de alívio por saber que tenho o apoio da mamãe.

- Eu não quero que fique sem trabalhar, apenas quero que trabalhe comigo. Seria pedir muito? - eu me sirvo de um copo de suco de morango.

- Papai, já conversamos sobre isso. Não vamos voltar à estaca zero.

- Tudo bem! - ele limpa sua boca com um guardanapo e se levanta. - Estou indo trabalhar. - dá um beijo na testa de cada uma de nós e sai em seguida.

Tomo meu copo de suco em silêncio enquanto observo minha mãe e minha irmã terminarem de tomarem seu café.

- Que horas o seu namorado vem, filha? - engasgo com o meu suco que pareceu entalar na minha garganta.

- O Rafa?

- E você tem outro? - Ann pergunta em um tom irônico me fazendo revirar os olhos.

- Então, eu estava querendo mesmo falar com você sobre isso, mamãe. - começo cautelosamente mas a expressão da minha mãe muda para preocupada.

- Não me diga que terminou com ele?

- É meio difícil responder essa pergunta agora. O Rafa e eu não... Nós... - não consigo terminar a frase. Como eu explico isso?

- Seja lá pelo o que estiverem passando, é apenas um problema de casal. Não se preocupe, Elena. Eu entendo.

- Não, mãe. Isso não vai passar porque não temos um problema. O Rafa e eu...

- Filha, não precisa ter vergonha de assumir que está passando por uma crise com seu namorado. - ela termina seu café e se levanta, vindo até mim. - Ele é o cara certo para você, eu tenho certeza disso. - me dá um beijo na testa e em seguida faz o mesmo com a Ann. - Vou dar uma volta e logo estarei em casa. Diga para o seu namorado vir para o almoço. - então ela sai, me deixando frustrada.

- O que você tem? - Olho para Ann.

- Vontade de sumir! - me levanto e subo as escadas.

(...)

- Sua vaca! - por algum motivo, eu não consigo evitar sorrir quando escuto a voz da minha amiga pelo celular.

- Oi, July! Estou ótima, obrigado. E também senti a sua falta. - volto caçar alguma roupa em meu closet.

- Nem me venha com essa, porque desde que chegou nessa cidade fantasma nós nem nos falamos.

- July, pela décima vez, isso não é um velho oeste. - pego um vestido verde com mangas compridas. - E nos falamos por mensagem.

- Mas não é a mesma coisa. - bufa. - Eu acho que vou aí no dia 26. - reviro os olhos.

- Sério? Vai vir aqui um dia depois do natal? Por que não passa o natal com a gente? Assim poderemos voltar juntas para LA. - a linha fica muda por um tempo e sei que ela está pensando na possibilidade.

- Eu não sei não.

- Por favor, July! Prometo que iremos nos divertir e você vai conhecer cowboys gatos.

- Pensei que não existia cowboys gatos.

- Você vai vir?

- Sim. No dia 24 estarei aí. - faço uma dancinha de empolgação.

- Ótimo! Vou te esperar então. Mas agora preciso ir porque vou almoçar com meu namorado de mentira. Beijos!

- Bom almoço, beijos! - ela desliga.

Jogo meu celular sobre a cama e vou até o banheiro. Tomo um banho demorado e assim que termino, me visto com o vestido verde e penteio meu cabelo o deixando preso em um coque com direito à alguns fios soltos.

Depois da minha conversa frustrante com a minha mãe, eu decidi que talvez seria melhor tentar conversar com ela se o Rafa estivesse presente. Então combinamos dele vir aqui no almoço e me ajudar a conversar com minha mãe. Não sei porque ainda não resolvi essa história. Francamente, eu só me meto em problemas!

- Elena? - ouço a voz de Ann e saio do banheiro.

- Sim?

- Seu namorado chegou. - cerro os olhos.

Ann sabe bem que Rafa não é meu namorado.

- Há há! - reviro os olhos. - Mamãe já está lá embaixo?

- Acha mesmo que ela iria deixar o genro preferido sozinho?

- Nossa! Ela está cheia de gracinhas hoje. - ironizo.

- Pois é! Vamos. - pego o meu celular em cima da cama e saímos do quarto.

Espero que tudo dê certo, pode até parecer algo fácil mas não é. Mamãe vai surtar e papai, esse vai pirar quando souber que eu menti. Ele detesta mentiras. E eu também e é por isso que estou me detestando agora.

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