Capítulo 14

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Chris:

Que inferno! Por que depois de tantos anos ela foi voltar logo agora? Eu estava perfeitamente bem, morando nesse lugar onde nasci e cresci, trabalhando na casa dos Hockifiel desde a morte do meu pai e então em um dia qualquer eu recebo a notícia de que ela finalmente iria voltar. Confesso que no começo eu tive uma vontade imensa de revê-la, mas então ela me tratou tão friamente quando nos vimos pela primeira vez, ela chegou à me chamar pelo nome completo e ela só me chamava assim quando estava com raiva de mim. E o pior de tudo é que ela acha que tem razão em estar com raiva mas não têm e é isso que quero provar para ela. Esperei 10 malditos anos para vê-la de novo apenas para provar que não sou o canalha que ela pensa que sou mas agora que ela está namorando com o babaca que se dizia meu amigo, acho que vai ser meio difícil eu conseguir me aproximar.

Eu preciso realmente espairecer, a volta da Elena apenas serviu para foder mais ainda a minha vida. Eu tenho uma casa para manter e não posso ficar com a cabeça no mundo da lua como imagino estar agora, já que o Rafael não para de me encarar como se eu fosse um ser de outro mundo. Ou planeta. Foda-se!

- O que foi? - pergunto sem um pingo de paciência.

Acho que esse é um dos meus piores defeitos: a falta de paciência.

- Cara, você está mal! - ele solta uma risada e se senta ao meu lado no sofá.

Sinceramente, o Rafa sempre foi um ótimo amigo mas o problema dele é que tudo para ele é engraçado, desde a sua desgraça até o momento mais triste da sua vida. E isso é severamente irritante, mas tão irritante que as vezes me pego imaginando como seria jogá-lo do trigésimo nono andar do prédio mais alto do mundo. Seria interessante, não?

- Obrigado, senhor Mago! - ironizo. - Mas alguma confissão surpreendente do futuro que eu não saiba para me fazer?

- Sim, você vai perder a mulher que ama por ser um idiota. - cerro os olhos.

Do que ele está falando?

- Está falando do quê? - repito meus pensamentos.

- Estou falando que agora que a Elena voltou, você deveria tentar reconquistá-la mas ao invés disso você está aí fazendo um joguinho de sedução com ela. - revira os olhos. - Vai perdê-la e por mérito próprio dessa vez.

- Eu não amo a Elena. - digo entre os dentes. - Apenas quero provar que durante todos esses anos, a boba aqui foi ela.

- Você a ama. A ama tanto que esperou por ela durante todo esse tempo e esperaria por mais tempo ainda.

- Rafa, por que está me dizendo essas coisas afinal? Você não namora a Elena? - mudo de assunto.

Rafa é muito cabeça dura, quando coloca uma coisa na cabeça não há nenhum santo que tire.

- Claro que não, seu idiota. - começa a rir. - A Elena é como uma irmã mais nova para mim. Você é louco?

- Mas não foi você que disse isso na festa dela?

- Só entramos no joguinho da Lorena. - ele se levanta. - Eu preciso ir. Só vim aqui te lembrar o quanto você é um babaca por perder a mulher que ama, e também vim te chamar para irmos num show na próxima semana.

- Cara, mais um insulto desse e vai ser um homem morto. - me levanto também. - E que show é esse?

- U2.

- Que diabos é isso? - cruzo os braços.

- Mas é um caipira mesmo. Como é que a Elena gostou de você um dia?

- Tchau, Rafael. - o empurro até a porta.

- Não, cara, espera! - ele para no meio do caminho. - É uma brincadeira, acordou com o pé esquerdo hoje, hein.

- Fala logo sobre a porcaria do show.

- Ah, claro! - sorriu. - Vai ser na semana que vem, e o U2 é uma banda que você vai gostar. Vamos? Vai ter mulheres e bebidas, não existe lugar melhor. - solto uma respiração pesada.

Faz tempo que eu não saio, talvez seja bom sair e espairecer mesmo.

- Tudo bem, eu vou.

- Tá legal, a gente se vê no dia da festa então. - aceno. Ele se despede e sai.

Fecho a porta e vou até o meu quarto. Graças ao salário que o sr. Henry me dá, eu tenho uma ótima condição aqui nessa pequena cidade. Eu só lamento que o meu pai tenha morrido e deixado à mim e a minha mãe desse modo tão repentino.

Me jogo em minha cama e encaro o teto. Fecho meus olhos e logo a lembrança daquele beijo que dei nela invade minha mente e sei que ela gostou tanto quanto eu. O que significa que ainda mexo com ela, nem que seja um pouquinho e bem lá no fundo, Elena ainda sente algo por mim, digo, além do ódio. E essa vai ser a minha meta, vou fazer com que ela perceba que eu nunca errei ou fui infiel, eu simplesmente esperei todo esse tempo apenas para mostrar isso à ela e agora que ela voltou, eu vou fazer ela enxergar que esteve errada durante todo esse tempo.

- Filho? - abro os olhos rapidamente e olho na direção em que ouço a voz da minha mãe.

Ela está parada na porta me encarando com uma carranca formada em sua testa, o que significa uma coisa.

- Lorena está aqui e quer falar com você. - bufo.

- Diga que eu estou dormindo, por favor.

- O que? Eu não. - ela coloca as duas mãos na cintura. - Vá você se resolver com essa moça. Era só o que me faltava. - sai resmungando pelo corredor.

Me levanto e saio do meu quarto, indo em direção à sala que é onde encontro Lorena sentada em um dos dois sofás branco de couro. Assim que percebe minha presença ela se levanta e vem até mim.

- Chris! - ela tenta me abraçar mas eu seguro seus pulsos antes que ela o faça. - O que houve?

- Lorena, achei que já tivéssemos conversado sobre...

- Não vim falar sobre nós. - me interrompe.

- Até porque não existe "nós". Existe "eu" e "você", separados e com um espaço bem grande. - murmuro e ela bufa.

- Por que você é tão arrogante? Eu vim aqui te fazer um convite.

- Obrigado mas não. - sou direto.

Lorena é uma mulher muito bonita, mas muito pegajosa. Se eu soubesse que ela era assim jamais teria ficado com ela.

- Deus, Chris! Eu só vim te chamar para ir à um show comigo, seu grosso.

- Do U2? - assente. - Já me convidaram antes de você, obrigado pelo convite.

- Foi aquela sonsa da Elena, não é? - cerro os olhos.

- Não fale assim dela.

- Não vê que ela só quer te usar. Se vingar por você ter traído ela. - começo a rir sarcasticamente.

- Eu traí? Eu não traí ela e você melhor do que ninguém sabe disso, Lorena. - ela dá de ombros.

- Mas ela acha que sim. A Elena vai te odiar para sempre, Christopher. Mas eu vou estar sempre aqui. - ela dá um beijo em minha bochecha e sai.

O que eu fiz para merecer isso, Deus? Ah! Não importa. Agora eu tenho que me concentrar na Elena. Vou conquistá-la novamente doa à quem doer. E que o senhor Henry me perdoe, mas eu tenho que fazer isso. Vou provar que ela estava errada todo esse tempo e fazer ela perceber a burrada que fez em ir embora. Mas o único problema é que ela sempre foge de mim e quando eu ao menos toco no assunto, ela já não quer ouvir.

Mas tudo bem, você não vai fugir para sempre de mim, Elena.

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