Capítulo 21

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- Elena, eu realmente não entendo o motivo de estar aqui. – Rafa reclama pela décima vez.

Desde que chegamos aqui no aeroporto ele não para de reclamar. Sem contar que quando saímos de casa minha mãe e meu pai disseram claramente "Volte para casa hoje, Elena." e isso não foi um pedido. E depois que eu contei para o Rafa tudo o que aconteceu entre mim e o Chris, ele simplesmente pirou e disse que iria quebrar a cara dele. Por um breve segundo eu me arrependi de ter contado à ele, mas se não fosse para ele, para quem seria? Não há nenhuma outra pessoa com qual eu tenha tanta intimidade nesse lugar. Mas o Rafa não é do tipo "esquentadinho", ele não iria bater no Chris.

Só se fosse por um motivo bem sério, tipo, eu.

- Já disse para você esperar. Deus! Que pressa. – ele bufa e eu ignoro seu ato quando vejo uma cabeleira loira vir em minha direção.

- Amiga! – ela corre em minha direção e logo estamos dando um abraço longo e apertado. – Quanto tempo! Parece que esse lugar te fez bem, sua pele está ótima.

- Olha quem fala. – sorrio. – Deixa eu te apresentar, esse é o Rafa. – ela encara o Rafa e abre um sorriso meigo. – E Rafa, essa é a July. – ele parece meio surpreso ainda.

- Prazer! – ela estende a mão para ele.

- O prazer é meu. – ele dá um sorriso galanteador e a cumprimenta.

Sei que vai haver um belo romance entre esses dois.

– Já amei esse lugar. – July diz no meu ouvido e eu não evito uma gargalhada.

- Imaginei.

Depois de finalmente chegar em casa e apresentar minha amiga aos meus pais e minha irmã, eu e July estamos conversando sobre tudo o que não falamos ainda. Ou seja, nada. Mas ainda assim estamos falando sem parar.

- Eu não acredito que você dormiu com ele e só me diz isso agora. – cubro sua boca com minha mão.

- Shhh! Meus pais podem ouvir, caramba! – tiro a minha mão. – Isso foi um erro que não deveria ter acontecido, como ele mesmo disse.

- Pelo o que entendi, quem se arrependeu foi você.

- Eu não me arrependi. – murmurei já exausta de dizer isso. – Eu só estava pensando em como seria daqui para frente. Se iríamos ter uma relação de verdade, ou se ele me queria apenas casualmente, se iríamos ter uma amizade colorida, eu sei lá...

- Wow! Calma aí, amiga. – ela me encara assustada. – Não é assim que funciona, os homens não dormem com uma mulher para no dia seguinte namorar ou se casar com ela. Foi só uma noite, amiga. Sem estresse.

- Claro, para você é fácil falar. Mas eu não sou assim, July. E ele sabia disso. – me jogo na cama e encaro o teto. – Talvez seja melhor nós continuarmos nos ignorando mesmo.

- Você ainda o ama e ele também te ama. Está vendo porque eu não gosto de amor? Você só se ferra. – Encolho os ombros.

- Eu não o amo mas amei um dia. Queria que existisse uma fórmula para não amar.

- E existe. – ela bate palmas na maior empolgação do mundo. – Se chama: Vodka, música e homens. E nós vamos experimentar essa noite.

- Que falta você fez! – ela sorri.

- Eu sei, eu sou a melhor pessoa que você conhece. – gargalhamos.

Chris

Grande merda eu fui fazer! Eu não acredito que dormi com ela e falei tudo aquilo no dia seguinte. Mas eu não iria permitir que ela me dispensasse novamente, não uma segunda vez. Talvez ela realmente tenha me esquecido, talvez o Rafa tenha mentindo e os dois tiveram sim alguma coisa. Ele é perfeito para ela.

Seria melhor se ela nunca tivesse voltado, seria melhor se ela continuasse lá na cidade grande e eu aqui, longe dela. Mas o pior é que não consigo me esquecer dessa maldita noite em que a tive em meus braços. Deus! O que está havendo comigo? Foi uma noite qualquer com... Com a Elena. Não consigo nem negar para mim mesmo que gostei dessa noite.

Eu preciso é de uma noite com outra mulher. E sei bem o que vou fazer.

- Filho? – olho para minha mãe que aparece na sala e vem até mim. – Bebendo a essa hora da tarde, Christopher! – ela tira a garrafa de cerveja da minha mão. – Qual é o seu problema?

- Mulheres. Esse é o meu problema. – então ela me encara por alguns segundos e se senta ao meu lado.

- O que houve entre você e a Elena?

- Como sabe que é a Elena? – Ela ri.

- Filho, desde quando ela voltou, eu percebi que haveria uma nova chance para vocês dois. Só não a deixe escapar, tenho a impressão de que se ela for, ela não volta mais.

- Mas ela vai embora daqui à umas semanas.

- Não, filho! Estou falando da sua vida.

- Ela já foi embora há 10 anos atrás da minha vida.

- E do seu coração, ela foi também? – abro a boca para responder mas nada sai.

Afinal, nem eu mesmo sei a resposta. Ela foi?

- Tudo bem, pode me responder depois. – ela me dá um beijo na testa e sai.

Encaro a TV desligada e me levanto para pegar mais uma cerveja na geladeira, quando no exato momento em que tocam a campanhia.  Resmungando vou até a porta e quando a abro, sou surpreendido com um soco certeiro que me fez recuar dois passos e colocar a mão em meu nariz.

Eu poderia muito bem retribuir à essa soco, mas por algum motivo, acho que mereci isso. Assim como também acho que esse filho da puta do Rafael quebrou meu nariz.

- Imagino que andou conversando com a Elena. – digo sarcástico ao colocar a mão no nariz confirmando que estava sangrando.

- A Elena é como uma irmã caçula para mim, Chris. E não vou permitir que machuque ela.

- Que bom, sério, é bom que a Elena tenha um cão de guarda. Mas saiba que da próxima vez que encostar em mim eu vou quebrar a sua cara. – fecho a porta com força.

Como é que a Elena pode ter dito que eu a machuquei quando foi ela que se arrependeu daquela noite na cabana? Quer saber? Foda-se! Eu vou sair essa noite e pegar uma mulher qualquer, vou esquecer a Elena pelo menos por essa noite e então vou conversar com a Lorena, e vou finalmente provar que nunca traí a Elena. Tenho certeza que ela vai se sentir tão estupidamente mal que vai me pedir perdão, mas dessa vez sou eu quem não vai perdoar. Ela feriu o meu orgulho, duas vezes, não vou permitir que o faça uma terceira vez.

Merda, preciso colocar gelo nessa droga!

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