Capítulo 36

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July:

Quando acordei, percebi que eu havia bebido demais. Como eu percebi isso? Simples, tudo estava girando. Principalmente a cama na qual eu estava deitada, e logo me recordei de toda a merda que eu fiz, desde ter mostrado ao Rafa que eu me importo quando ele me beija pensando em outra até ter bebido mais do que deveria e gostaria. O problema é que eu não entendo porque sempre faço parte dos segundos planos na vida de alguém. Eu sei, sou descompromissada e mente aberta, mas eu não gosto de ser o plano reserva das pessoas, uma hora cansa, e essa hora chegou. O problema não sou eu, é ele. Sim, o Rafael tem seus conflitos emocionais e é complicado, eu sabia disso quando comecei a me envolver com ele. Afinal, quem resiste aquele sorriso?

Voltando ao assunto sério, eu não deveria ter pensado que talvez ele não fosse se complicar comigo. É claro que ele iria, porque pessoas que se apegam as outras são assim, elas querem simplesmente descontar toda a raiva em alguém, alguém que não tem nada a ver com história e quando não conseguem, tentam desligar seus sentimentos. Mas não há como desligar porque não somos uma máquina. Então elas apenas fingem não se importar e com isso acabam magoando quem se importa. Só que eu não me importo. Se ele quer lembrar da puta ex noiva dele, que se dane! Ele que se lembre quantas vezes quiser. Eu vou ir embora antes que as coisas por aqui fiquem emocionalmente feias. Vou voltar para Los Angeles, reencontrar velhos amigos – lê-se 'ficantes' – e esperar minha linda amiga voltar para o nosso apê. Ela não deve gostar muito da ideia, então, ainda bem que eu não vou contar a ela sobre a ideia. Até porque agora seria tarde demais para contar já que nesse momento estou indo em direção ao meu portão de embarque.

Foram boas férias e fantasias, mas está na hora de voltar para o mundo real.

Hora de sair do buraco, Alice.

Em outro momento, juro que estaria rindo desse trocadilho.

Vamos voltar para a vida de sempre e esquecer tudo o que aconteceu na Carolina do Sul – Lê-se 'Texas' – para sempre. Basicamente, as minhas férias também não foram tão ruim assim. Acima de tudo, eu me diverti bastante. Mas sei que no fim de tudo, Elena vai querer me matar quando souber que fui embora. É claro que eu vou ligar apenas quando estiver no conforto do nosso apartamento, assistindo a um filme qualquer e me lembrando do quanto me diverti nessa cidadezinha. Qual é, cowboys bonitos, tudo o que eu sempre quis na minha vida. Isso me lembra a minha mãe, quando eu tinha apenas 7 anos ela me olhou, ajeitou o seu decote e me disse "Garota, se quer se casar um dia lembre-se que os cowboys são os caras certos para qualquer mulher. E lembre-se também quem no Marrocos é permitido se casar com mais de uma pessoa." então ela pegou sua mala e saiu.

Depois desse dia, eu nunca mais vi minha mãe, então sobramos apenas eu e meu pai. Meu pai veio a falecer quando eu tinha 17 anos, e sem ter pra onde ir, decidi morar sozinha. Arranjei um emprego como atendente e fui me sustentando. Graças a Deus eu logo completei 18 e pude comprar um apartamento para mim, e assim entrou a Elena na minha vida. Acho que vocês já sabem a história dela, então não vou contar novamente.

- Senhores passageiros, por favor, desliguem seus celulares ou qualquer outro aparelho eletrônico. O avião irá decolar em 3 minutos. – a aeromoça anuncia e eu desligo o meu celular.

Bye bye, Carolina do Sul!

*

Lar, doce lar!

Jogo minhas malas de qualquer jeito no chão e tiro minha roupa no caminho até o meu quarto. Entro no banheiro e ligo o chuveiro, deixo a água varrer todas as tensões no meu corpo e fecho meus olhos. Elena tinha razão afinal, ir para aquele lugar traz um misto de emoções. E eu não sei se são boas ou ruins. As vezes eu quero amar o Rafa, outras eu quero simplesmente bater muito nele. Será que eu estou com idiotice aguda? Um pequeno aviso aos leitores românticos: Eu não estou apaixonada. Tirem essa ideia maluca da cabeça. Sim, o Rafa é lindo, eu não vou negar mas o máximo que sentimos um pelo outro é puramente físico. Algo físico e fim.

Quando pego meu celular e o ligo, vejo 2 ligações perdidas. São da Elena, como já imaginava. Tem uma mensagem também, e quando a vejo, minha única reação é revirar os olhos.

De: Elena

>> Ele sente muito.

Deixo o celular na cama e vou até o meu closet pegar uma roupa para sair. Que se dane que ele sinta muito. Rafael estragou a única chance de ter uma mulher incrível ao seu lado por alguns dias, agora eu vou me arrumar e encontrar velhos amigos. Mesmo que já esteja um pouco tarde mas não importa, porque afinal, Los Angeles é a cidade que nunca dorme.

Sim, eu sei que Nova York que é a cidade que nunca dorme, mas vamos fingir que Los Angeles também é.

E a July também não!

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