Capítulo 37

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Elena:

Alguém me explica como o meu pai passa o dia todo dentro dessa sala sem pensar em pular da janela uma única vez? Porque eu já pensei em me jogar por essa grande janela de vidro. É sério, eu pensei mesmo. O meu pai passa o dia todo dando ordens, revisando papéis, assinando contratos, dando ordens, participando de reuniões, dando ordens, fazendo vídeo conferência e dando ordens. É o emprego mais entediante do mundo, e a secretária dele deve ter pulado de alegria hoje, afinal, fui eu quem ajudei meu pai com tudo.

Eu preferia estar na biblioteca com a Hailey, pelo menos lá eu me distraía mais e era bem mais legal do que aqui. Agora está claro uns dos motivos de eu sempre ter me negado a trabalhar com o papai: o tédio. Aquele Lorenzo veio aqui umas 2 vezes mais e eu tenho a ligeira impressão de que o papai está tentando dar um de cupido pra cima de mim e do Lorenzo. O que não é de se estranhar, ele acha que estou solteira e tudo o que ele mais queria na vida é que eu casasse com um dos seus funcionários puxa-saco e fosse feliz para sempre. Mas não vai acontecer nunca enquanto eu viver.

- Sr. Hockifiel, eu já estou indo. - Lorenzo aparece na porta.

Olho no relógio e vejo que já são 17h. Hora de eu ir também.

- Papai, nós temos que ir também. - aviso. - Mamãe disse que não quer atrasos hoje.

- Filha, eu vou ter que te pedir para ir sozinha. Tenho alguns assuntos para resolver. - ergo uma sobrancelha.

- Que assuntos?

- Assuntos, Elena. - revira os olhos. - Enzo, você poderia acompanhar minha filha até em casa?

Olho estupefata para o meu pai. O que?

- Claro que sim, senhor.

- Não é nece...

- Muito obrigado, Enzo. E filha, peça desculpa a sua mãe por mim, eu chegarei o mais rápido possível. - ele se levanta e vem até mim. - Tchau, filha. E cuide dela, Enzo. - ele me empurra pra fora e fecha a porta.

WTF?

- Não é necessário me levar, Lorenzo. Eu posso ir sozinha. - digo com um sorriso amigável e caminho até o elevador.

- A senhorita que sabe. - diz e seguimos em silêncio para dentro do elevador.

Esqueci de mencionar que esse Lorenzo não vai muito com a minha cara. Assim que o elevador chega ao térreo, eu saio e vou direto para fora da empresa. Nem acredito que estou finalmente livre desse pequeno inferno que foi trabalhar com o papai. Não que trabalhar com ele seja ruim, apenas trabalhar na empresa é ruim. Mas aposto que em qualquer outro lugar eu iria adorar trabalhar com o papai.

Ou não.

(...)

Quando chego em casa está tudo silencioso, subo os degraus e bato na porta do quarto de July. E depois de receber o silêncio como resposta, vou entrando e constato apenas o que já imaginava. Cama perfeitamente arrumada, penteadeira vazia, closet mais vazio ainda, banheiro sem cabelo no ralo... É, ela foi embora. Por que não estou surpresa? Ah, porque a conheço muito bem e sabia que ela faria isso. Então apenas mando uma mensagem para ela que com certeza vai ignorar e cair na farra essa noite.

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