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Dezenas de caixas decoravam o que agora era seu novo lar. O apartamento era amplo, as paredes brancas e as janelas grandes que iam do chão ao teto da sala possibilitavam a visão maravilhosa do centro de tokyo a noite, com todas as suas luzes e cores.
Abriu uma garrafa de vinho, encheu uma taça enquanto admirava a noite da capital, e enquanto bebia pensava naquilo que estava por vir. Cidade Nova, vida nova, finalmente terá a chance de crescer na sua profissão. Sua carreira era o que mais importava e a Fundação Zenin era a chance de ouro que ela precisava. E merecia. Dedicou-se ao máximo aos estudos e trabalhou duro durante os anos de residência se destacando como a melhor de sua turma, agora finalmente colocaria em prática todo seu conhecimento e amor pelo que escolheu fazer, salvar vidas.

Acordou num pulo, olhou para o relógio, 06:25H.
—Merda!— levantou-se rapidamente, se dirigiu ao banheiro onde tomou um rápido banho e fez suas higienes. Não daria tempo para um café da manhã, teria que estar no hospital para seu primeiro plantão às 7, então pegou o primeiro par de roupas que viu, uma camisa social branca, uma calça alfaiataria preta e um scarpin da mesma cor. Pegou sua bolsa e parou em frente ao espelho que provisoriamente ocupava um canto na sala e ajeitou os longos cabelos castanhos num rabo de cavalo desajeitado, e então partiu.

O hospital ficava a alguns minutos do seu apartamento, e apesar do trânsito caótico do horário de pico não demorou a chegar, e de repente lá estava, em frente aos 22 andares que compunham o grandioso hospital. Estacionou seu carro e se dirigiu à entrada principal onde ficava a luxuosa recepção.
Adentrou no lugar observando cada detalhe. Havia uma fonte no centro do saguão, este que era bem iluminado e repleto de poltronas confortáveis, diversos totens de autoatendimento espalhados e balcões de mármore branco onde recepcionistas elegantes e sorridentes realizavam atendimentos.
Sua atenção logo foi tomada pela presença de dois homens engravatados vindo em sua direção a chamando pelo nome.
— Doutora Utahime, bom dia. Já estava pensando que a senhorita tivesse mudado de ideia e voltado pro interior - disse o mais velho.
— Mil desculpas, acabei perdendo a hora - disse um pouco sem jeito apertando a mão do mesmo.
— Tudo bem, ainda temos tempo. Bom, sou Ryomen Sukuna, diretor executivo da Fundação, deve se lembrar de mim de quando fez sua entrevista. Esse ao meu lado é o doutor Naoya Zenin, chefe de cirurgia. - estendeu sua mão e cumprimentou brevemente o homem.
— Bom, agora vamos, você precisa conhecer o restante da equipe, incluindo a sua residente.
— Residente? - disse Iori surpresa - Não sabia que iria ensinar alguém. O senhor não mencionou isso durante a entrevista.
— Houve um imprevisto, a Doutora shoko deixou o hospital, e os demais cirurgiões já têm seus próprios residentes e então você ficará responsável pela Doutora Kugisaki - Naoya disse calmamente - mas não tem com o que se preocupar, vai ser tranquilo.
Iori estava em choque, acabara de se tornar assistente, não se achava capaz de ensinar alguém, mas não podia deixar sua insegurança transparecer. Então, após conhecer rapidamente o local, seguiu os homens em direção ao estar médico.
A sala era grande, onde haviam diversas poltronas reclináveis, computadores e uma grande mesa no centro. Sentada em uma das cadeiras uma jovem de cabelos ruivos e olhos expressivos lia um livro e fazia algumas anotações, totalmente concentrada em seus estudos, quando teve sua atenção tomada por Ryomen.
— Senhor diretor, doutor zenin - a jovem curvou-se os cumprimentando.
—Kugisaki,  essa é a Doutora Iori Utahime, sua preceptora daqui em diante.
Iori se aproximou cumprimentando a jovem, que logo se apresentou.
— Doutora Utahime muito prazer, Nobara Kugisaki, segundo ano de residência em cirurgia geral - apresentou-se a jovem que sorria de maneira simpática.
— Muito prazer, Doutora Kugisaki- Iori sorria de nervoso para a jovem a sua frente, ainda preocupada com o fato de ter que ensinar alguém.
—Bom, vou deixar as duas se conhecerem. Kugisaki por favor mostre a agenda cirúrgica do dia a Doutora Utahime e a ajude em sua adaptação, creio que não haverá dificuldade nisso.
— Claro, pode deixar comigo. - a mais jovem disse empolgada.
Nobara apresentou a Iori todo o estar médico, onde trocou sua roupa e seu scarpin por um scrub azul marinho e calçou seu par de crocs perfeitamente confortável para enfim, começar seu primeiro plantão.
 
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Ao terminar a primeira cirurgia do dia, uma apendicectomia sem complicações, seu estômago roncou e então se lembrou que a última coisa que havia colocado em seu estômago fora a taça de vinho na noite anterior.
— Acho melhor fazermos uma pausa - falou a ruiva ouvindo o estômago de Iori roncar alto - o restaurante daqui serve uma comida mediana mas é o suficiente para não morrer de fome.
— A essa altura eu como até pedra. Vamos.
Se dirigiram ao restaurante e fizeram seus pedidos, e enquanto Iori preferiu uma salada, Nobara devorava seu hambúrguer acompanhado de um copo grande de suco.
— Confesso que estava com receio de ter um residente, mas você até que é muito esperta, Nobara - Iori disse encarando a ruiva.
— Bom, a Doutora shoko me dava bastante liberdade em campo, já fiz algumas cirurgias enquanto ela apenas me observava e só intervinha quando algo se complicava, então acabei aprendendo mais rápido - disse a ruiva orgulhosa de si.
— Isso é bom, é importante ter autonomia.
A conversa fluía de forma agradável, Nobara era uma jovem que assim como Iori também era do interior e batalhou muito para se formar em medicina e graças as boas notas conseguiu entrar no programa de residência da Fundação, esse sendo o mais disputado do país. Conversavam despretensiosamente quando um jovem alto de cabelos rosados se aproximou, dando um susto em Nobara.
— Caramba Yuji, que mania de ficar me assustando, quase me engasguei! - nobara disse tossindo
— É divertido ver como você se assusta fácil - o rosado se sentou, rindo da cara da amiga, que socava seu braço
— Yuji essa é a Doutora Utahime, minha nova preceptora.
Utahime estendeu a mão, cumprimentando o jovem sorridente a sua frente
— Muito prazer, me chamo Iori
—Eu sou Yuji Itadori, segundo ano de residência em cirurgia do trauma.
Iori observava o garoto simpático imaginando como alguém tão jovem escolheu uma das áreas mais complexas da cirurgia. O trauma exigia conhecimento em diversas áreas como cirurgia geral e ortopedia. O rapaz devia ser um gênio.
Após se apresentarem, o rapaz conversou um pouco com a amiga, e quando terminou de comer seu lamen seu celular tocou. Se levantou de forma apressada.
— tenho que ir agora, minha paz acabou - o jovem disse revirando os olhos.
— vai lá, o carrasco já deve estar te procurando - a ruiva disse rindo da cara do amigo, que se despediu saindo a passos apressados.
— Quem é esse tal carrasco? - Perguntou Iori curiosa
— Ah, é o nosso deus da cirurgia de trauma, doutor Nanami - disse a ruiva em tom de deboche - Ele nunca para com nenhum residente, eles sempre pedem pra mudar ou simplesmente desistem. O cara é insuportável, arrogante, se acha um deus. Só o Yuji, por incrível que pareça, aguenta as grosserias desse sujeito.
Iori ouvia aquilo e balançava a cabeça em negação. Uma das coisas que ela nunca entendeu na medicina é o endeusamento de alguns médicos, a arrogância e o complexo de superioridade de alguns colegas. Jamais seria daquele jeito.
—Bom, então vamos lá, temos algumas visitas pra passar e uma laparotomia pra fazer daqui 1 hora - disse se levantando, seguida pela ruiva, indo em direção ao elevador. O plantão estava longe de acabar.
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Obrigada por ler! ❤️

Anatomia - Dr Kento Nanami Onde histórias criam vida. Descubra agora