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Já era tarde da noite quando entrou no estar médico. Retirou sua touca cirúrgica, caminhou em direção à máquina de café e se serviu. Após colocar para fora suas emoções, Kento se sentia um pouco melhor, mas a angústia ainda persistia.
Estava imerso em seus pensamentos quando a porta se abriu, e por ela entrou a última pessoa que ele queria ver naquele momento.
- O que você quer aqui?
Se dirigiu à mulher que o encarava. Nanami estava visivelmente abalado, o rosto abatido e os olhos inchados indicando que ele havia chorado.
- Só vim dizer que eu sinto muito.
Nanami riu.
- Me poupe de sua hipocrisia. Você causou tudo isso. Se não fosse por você - se levantou indo na direção da mulher - se não fosse por essa sua vontade de destruir a minha vida, nada disso estaria acontecendo! Ela não estaria...- um nó se formou em garganta - ela não estaria morrendo!
Mei permanecia em silêncio.
- Você conseguiu o que queria. Você tirou de mim o que eu mais amava, você...- seus olhos se encheram de lágrimas novamente - Ela quase morreu nas minhas mãos, Mei, eu nunca vou superar isso, está feliz? - Nanami agora estava tomado pela ira - Vou dar o que você quer, e depois eu quero que suma!
A mulher ficou ali, parada por um tempo apenas ouvindo o desabafo daquele homem abatido e desesperado.
Se retirou da sala em silêncio, deixando-o novamente sozinho.
Kento sentiu as lágrimas caindo novamente, levou as mãos ao rosto e chorou.

Pouco tempo depois, Sukuna foi até ele.
- Se veio brigar comigo, está perdendo seu tempo. Não me arrependo de nada. Como disse pro Naoya, pode me demitir se quiser.
Disse Nanami, cujo olhar estava vazio e distante.
Sukuna inspirou fundo, se sentando na cadeira ao lado dele.
- Não vou te demitir. Mas precisa reconhecer que você foi imprudente. Se o desfecho tivesse sido diferente...
- Mas não foi. - Kento o interrompeu.
- Mas e se tivesse sido? Como lidaria com isso?
Kento não respondeu, apenas balançou a cabeça e baixou os olhos.
- Enfim. Os pais dela estão a caminho daqui. Preciso que se recomponha. - Ryomen disse. - e depois disso, quero que vá para casa.
- Sobre a suspensão, eu...
- Esqueça isso por hora. - Sukuna coçou a nuca, respirou fundo e o encarou. - Não vou te afastar dela nesse momento. Mas precisa confiar em mim. Ela vai estar sob os meus cuidados, eu vou pessoalmente cuidar dela. Mas preciso que você seja forte. As próximas horas serão delicadas. Você entende o que eu quero dizer?
Kento balançou a cabeça em confirmação.
Ela pode morrer a qualquer momento.

Quando os pais de Iori chegaram, foram logo recepcionados por Sukuna, Nanami se curvou cumprimentando-os.
- Senhor e senhora Utahime.
- Este é o doutor Kento Nanami, cirurgião da Iori, e eu sou Ryomen Sukuna diretor executivo do Hospital e médico intensivista responsável por ela aqui na UTI.
Enquanto sukuna explicava a gravidade do caso para os pais de Iori, Nanami os observava. O pai de Iori escutava tudo atentamente, enquanto sua mãe não parava de chorar.
- Ela está com dose máxima de noradrenalina, as próximas horas serão delicadas. Vamos focar em estabiliza-la, a fratura no braço vai ter que esperar...
- Com licença. - Nanami interrompeu e saiu dali. Não estava aguentando aquela situação, era demais para ele.
Caminhou em direção ao leito onde estava Iori e entrou.

Seu coração se quebrou novamente ao vê-la naquele estado. Respirava com ajuda de aparelhos, vários fios e catéteres conectados em seu corpo, tudo aquilo era doloroso demais.
Se sentou ao lado dela, tomando sua mão gelada nas suas, e não conseguiu conter as lágrimas.
- Querida... meu amor, Por favor....- murmurava segurando forte a mão da mulher, levou sua outra mão ao rosto dela e acariciava delicadamente - Eu fiz tudo errado. Fui um idiota desde o começo. Eu errei tanto, tanto...Por favor, me perdoe. Sei que eu não mereço você, mas não me deixe, por favor....
Kento falava baixo, beijando a mão de Iori, e sentir a frieza de sua pele o deixava ainda mais apavorado.
- Sabe, eu nunca disse isso pra você. Mas eu acho que me apaixonei no instante em que te vi pela primeira vez - Nanami sorriu, suas mãos estavam trêmulas - Fiquei te encarando de longe, observando você. A forma como seus olhinhos se fecham quando você sorri, e quando mexe na orelha quando está com vergonha de alguma coisa - sorriu lembrando-se de cada detalhe - eu amo tudo isso em você. - sorriu em meio às lágrimas - Eu preciso, preciso que você lute. Preciso te ver sorrindo de novo, mesmo que não seja para mim, mesmo que eu nunca mais tenha você em meus braços, eu só quero que você fique bem - dizia desesperadamente na esperança de que ela o escutasse, as lágrimas caíam enquanto o homem implorava para que a vida não deixasse o corpo da mulher que ele amava.
Ficou ali junto dela pelo resto da noite. Se recusava a deixá-la, mesmo Sukuna tendo dado ordens para que fosse para casa.
Fechou os olhos e adormeceu ao lado dela.
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Ai ai 😮‍💨💔
Obrigada por ler ❤️

Anatomia - Dr Kento Nanami Onde histórias criam vida. Descubra agora