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19 de junho de 2008

Cheguei na sala da Valquíria às três da tarde, esbaforido, porque tinha marcado a nossa reunião para às 13:30h, e 13:30h era apenas o horário que eu estava pegando a estrada pra Camaçari. Eu, mais uma vez, quebrando meus próprios recordes.

A reunião foi um pouco confusa. Por um lado, eu ficava feliz pelo fato de ter cada vez mais trabalho, mas, por outro, a situação ficava mais apertada pra mim, porque, ainda não tínhamos conseguido receber pelos serviços já prestados. A matriz questionou o porquê de terem contratado uma empresa recém-aberta para fazer tanto projeto, e a Valquíria estava tentando justificar as urgências, os prazos exíguos, a experiência nos projetos específicos etc. Em bom português, eu ainda estava trabalhando de graça desde dezembro, tentando compensar os custos com outros projetos até que aquilo tudo se resolvesse. Pelo menos a minha estada em Camaçari não era tão onerosa, visto que eu ficava no Edu, e, ultimamente no Jimmy.

Era, inclusive, a parte boa desse contrato. A justificativa perfeita pra eu dormir em Camaçari quase toda semana, ao lado dele. E em cima, e embaixo dele. Eu nunca deixei de cumprir os meus compromissos, nem ia sem necessidade, mas ficava feliz quando surgia a demanda e nos encontrávamos no final do dia.

Geralmente eu saía dessas reuniões perto de seis da tarde, então, como já era de hábito, marcamos de nos encontrar logo depois, de repente comer algo na rua antes de ir pra casa, só nós dois. Nesse dia o Edu estava atrasado pra um compromisso na faculdade, então nem ia colar com a gente.



Só estávamos eu a Val na empresa, quando terminamos tudo, lá pelas seis e meia. Ela nem fez cerimônia, porque estava atrasada para uma reunião (à noite, sim); me deu um beijo na bochecha e me deixou na sala dela dizendo que quando eu terminasse podia fechar tudo e avisar ao segurança. Fiquei em pé e contemplei a mesa. Era planta por cima de planta, tudo misturada, pertencente a três projetos diferentes. Arrumei tudo nas pastas, peguei minhas coisas e saí apagando as luzes em direção ao estacionamento, enquanto conferia o celular.

Nem percebi a aproximação enquanto arrumava minhas coisas no fundo do carro, então quando me virei e avistei o Murilo já bem próximo, o meu impulso foi correr. Ele riu.

- Tá assustado, rapaz? Hahahaha, que é isso?

- Duplamente assustado! Isso aqui é um ermo essa hora, e ainda por cima te ver por aqui! Que milagre é esse??

A gente se abraçou rápido.

- A Valquíria saiu aqui corrida e me falou que você tava aí dentro - ele parou, contemplando o meu rosto - só assim pra te ver, né?

- Pois é... - desviei o olhar, pra o lado, contemplando o estacionamento vazio - não foi pra a faculdade?

- Me enrolei, não deu tempo. Vou perder essa aula. Hoje foi pau doido aqui!

- Poxa... Tomara que não perca nada importante, né?

- Algumas coisas. Mas, pelo menos já valeu a pena - ele apertou o meu ombro - porque a gente se bateu aqui, finalmente, meu brother!

- Pois é, né... Nunca mais...

Meu celular vibrou e tinha um torpedo do Jimmy: "Já tô livre, ta? To indo pro centro pra te esperar. Vc ainda ta na reunião?"

- Você tá indo pra aonde agora? - O Murilo me perguntava.

- Hum? - eu ainda olhava para a tela.

- Você tá indo pro centro?

- Eu...

- Poxa... que legal que você tá aqui... ia reclamar que nem me avisou, mas assim foi melhor ainda, a surpresa, hahaha! Vamo embora?

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⏰ Última atualização: Jun 26 ⏰

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