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Às dez da manhã de um sábado de novembro, estacionei meu carro em frente à casa do Daniel e desci para chamá-lo. Antes que eu pudesse gritar seu nome, no entanto, o mesmo apareceu, saindo da casa de um vizinho.

- Brow!

- Dan! Tava aonde?

- Tava ali na casa do Yuri batendo uma resenha.

Apertamos as mãos e nos abraçamos.

- Porraaa... Pensei que não ia mais nem te reconhecer, Dan se te visse na rua... Quanto tempo!

- Êta moleque exagerado, tu não muda, hein? Kkkk! Bicho doido, como é que tá?

Nos apartamos e eu o contemplei. Calção, sem camisa, todo suado.

- Eu tô bem, mas... tu esqueceu do nosso compromisso foi?

Eu estava passando na casa dele para irmos a Salvador. Era o casamento da Gilda naquele dia, e ela nos lembrava frequentemente da data, não admitia que não fôssemos. A cerimônia era às dez da manhã, depois os convidados se dirigiriam ao playground do seu prédio, onde ela ofereceria um churrasco, marcado para as onze e meia.

- Pô, brow, você marcou nove e meia, mas eu não botei fé na sua pontualidade...

- Pois é! Bora, porra!

- Vamo entrar, é rapidinho! Vou só bater um banho!

Só que aí pesou o fato de a gente nunca mais ter se visto, e ter muita coisa pra atualizar: minha despedida, meu escritório, a vida dele em Itaberaba, os animes novos que surgiram... A gente se escorou na cama do quarto dele e desatou a conversar. Ele até pegou a toalha no quintal, mas ficou com ela no ombro até umas onze e meia, por aí, quando a gente se deu conta que tinha perdido com-ple-ta-men-te o horário.

- Velhoooo, ca-ra-lhoo! Vai tomar banho, porra!

- Vou, merda! Ah, sim, pera: comecei a falar daquele dia que eu saí lá em Itaberaba com Josué e tu não deixou eu terminar!

- Nada disso, só comentei um negócio e você quis saber da resenha do dia que eu fui pra Camaçari, aí a gente esqueceu...

- Aliás, a gente não fecha um papo, né? Não conclui um raciocínio. Tu também não terminou de falar no teu escritório com a tua colega lá. Onde é?

- E tu não me mostrou o série que tu tá assistindo! Abriu o notebook e nada!

- Então, peraí, vamo organizar a porra!

- Me mostra a série, aí tu vai tomar banho e a gente vai ter o caminho todo até Salvador pra conversar! Parece até que a gente esqueceu disso! Kkk!

- E pode conversar no trajeto? Ouvi dizer que é pra falar com o motorista somente o indispensável...

- Seu cu! Kkk!

Quando pegamos a estrada o relógio contava uma da tarde.



- Dan, liga aí pro Edu, pra saber se eles já estão em Salvador! Eles vão me matar, porque eu fiquei de pegar eles na rodoviária!

Estávamos no carro, na saída da cidade. O Dan ligou e conversou com o Edu. Resultado:

- O quê, Edu? Porra, velho, a gente já tá chegando em Salvador! – ele botou a mão em cima do telefone e rimos da mentira deslavada – Gu, eles nem saíram de casa ainda! Nem ele nem o Diego!

- Porra, sacanagem! Já vai dar uma e meia! Quando a gente chegar lá a mulher já vai estar na lua de mel...

- Ó, Edu, o Gu tá dizendo aqui que quando a gente chegar lá a Gil já vai estar comendo o véio dela... Kkk! Hum... Kkkk! Ele disse que é bom que a gente participa! Kkk! Edu, porra, adianta aí!

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