É incrível a transformação que se dá na cidade nessas épocas de festa.
Algo generalizado, que vai viralizando à medida que os dias passam, que o cenário toma forma, e que as pessoas vão se ajeitando. A mídia, bem verdade, contribui muito para isso, principalmente a televisão. Nos dias antecedentes, começam as perguntas "e aí, vai viajar, ou vai curtir?" "já viu a programação?", e por aí vai.
Começam as festas pré-festa, o comércio se organiza, as mulheres se ajeitam, quem não gosta programa viagens de fuga e por aí vai.
Apesar de estar alheio a todos os eventos pré-micaretescos, por conta do trabalho, na semana da festa eu fiquei particularmente envolvido. Estava terminando os detalhes da estrutura do camarote, em pleno circuito, o pessoal de Camaçari estava por vir, a tia Malu aportou por lá logo na quarta-feira, a Mirelle ligou avisando que chegaria na quinta e ia direto lá pra casa, enfim.
17 de abril de 2008
A confusão estava armada em casa.
Tia Malu, Mirelle, Clara, Adriana e a minha mãe, de touca na cabeça, se revezavam na cadeira da sala, uma fazendo a unha da outra. Mirelle fazia a customização das camisas do camarote (ela, o Maurício e a Clara compraram para dois dias, a quinta e a sexta) e a tia Malu tinha um jeito de fazer um acabamento no corte do pano com uma vela acesa. Depois começou a sessão de provas de roupas - é, ainda tinha a parte de baixo, com as opções do short, do shortinho, da saia, da saia-short, da minissaia - e aí vieram uma a uma no desfile enquanto as outras faziam a crítica.
- A bunda ficou derramada, Clara, bota aquele outro!
- Tu não tem cu, mãe, tem que usar uma coisa mais folgada...
- Ah, esse short ficou per-fei-to, Drica!
- Tá parecendo uma puta...
- Tira esse short que tá partindo o xibiu!
A tia Malu encrencou com a Mirelle, que escolheu uma saia minúscula. Então foi a noite toda enquanto se arrumava ouvindo "tu agora é uma mulher casada, Mirelle", "olha isso, gente, tá mostrando a polpa da bunda", "menina, tu vai levar tanta dedada no meio da rua", e a Mi respondia: "mãe, vai encher o saco do cão!"
A Drica se mostrava meio nervosa enquanto, sentada, esperava a minha mãe terminar o seu cabelo. Via a sua luta interna para deixar o medo e curtir a animação.
Quando todo mundo estava arrumado, saí do msn e peguei a minha toalha. Dez minutos depois joguei a minha camisa e tava pronto.
Ah, como é bom ser homem.
- Gente, esse camarote é tudo e nada! Tudo de bom e nada de ruim! Olha isso!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sobre o Amor
RomanceA história real que começou a ser contada no Orkut, vem para ser concluída aqui no Wattpad. Há alguns anos, cheguei numa cidade desconhecida para começar a minha carreira de engenheiro. O que eu encontraria ali, nunca poderia prever. Um hétero convi...