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É, e aí eu acabei bebendo demais.

À meia noite o Peixotinho avisou que ia fechar, e queríamos esticar ainda. Pagamos a conta e saímos pela rua, procurando algo a fazer. Eu e o Daniel saímos na frente conversando; o Murilo, o Edu, o Diego e os outros logo atrás.

- Ei, Gu, não esquece, não, viu?

- De quê?

- kkk, tá, já esqueceu... Do que eu te falei do Murilo, pô. Ele me confidenciou aquilo, sacou? Eu só te falei porque sei que foi mal entendido, e tal.

- Não, relaxa. Fiquei meio bolado, claro. Mas, enfim... Ah, sei lá, o povo liga pra cada besteira...

- Não, pô. Mas eu acho que você pegou pesado no lance do almoço, o comentário lá que ele não fazia falta porra nenhuma...

- Rss, ah... pode ser. Mas que foi engraçado, foi! Kkkkk! – Me apoiei no Daniel – Ele fez uma cara, assim... kkkkk... todo perdido sem saber o que falar!

Virei pra trás e encarei o Murilo, que estava rindo com os meninos. Ele parou e me olhou. Abriu os braços, estava segurando uma latinha, depois juntou as mãos, me mirando e fingindo que tava me dando um tiro.

Sei lá, nem sei o que me deu, mas saí correndo e pulei em cima dele. Foi muito hilário, porque ele não esperava, então agarrei os braços em volta do seu pescoço e fechei as pernas em volta das suas costas. Ele deus dois passos pra trás, depois cambaleou pra a frente, quase caímos. Os meninos riram, atônitos. Ele passou o braço que estava segurando a lata na minhas costas e com a outra mão se apoiou no muro.

- Você tá maluco, porra???

- Hahaha, te adoro, só! – Desci e apontei pro rosto dele – ficou vermelho...

- Ô! –me deu a lata e ajeitou a camisa desarrumada – uma chave dessa, do nada! Quase a gente cai!

- Bora e para de reclamar! – tomei o resto da cerveja da lata dele.

Ele riu, balançando a cabeça negativamente.

- Maluco...


- Eu ouvi dizer que tá tendo o Forró na Praça hoje, bora lá? – Edu sugeriu.

- Lá é pesado, véi, é festa de rua! – Daniel gritou. Tava meio difícil entender a voz embolada dele – Uma hora dessa, só deve ter o lixo também.

- Ah, o que é que tem? Vamo dar uma sacada. – falei, me apoiando em alguém, que por sua vez se apoiava em qualquer outra coisa.


No Forró na Praça estava tocando uma banda de pagode.

O local estava cheio, ao contrário do que o Dan previu, àquela hora ainda não se via nas pessoas indício de que a festa iria acabar tão cedo, apesar de ser uma quinta-feira. Havia algumas barracas em volta vendendo espetinho de churrasco (o tal do filé miau), cerveja e coquetéis. Muita gente ia e vinha, se acotovelando com as pessoas que, através dos passos de dança, demarcavam espaço na multidão.

Edu e Dan ficaram meio receosos. O maluco do Rafa (o pelado da república) já chegou dançando, inventando uns passos horríveis. O Diego havia dito à namorada que iria ficar em casa, mas acabou se batendo com uma amiga dela lá que, assim que o avistou, fez uma ligação, e resultado: com dez minutos a menina estava lá, dedo em riste, armando a maior confusão. Ele sumiu com ela no meio do povo, discutindo.


- Ô... homem-tesoura! Chega aqui! – Murilo me gritou.

- Porque homem-tesoura?

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