- Em primeiro lugar, desculpe a reação.
O Edu colocou as mãos na frente, em um gesto de defesa e perdão, e deu de ombros, e nós rimos.
- Não, acho que eu que tenho que me desculpar. Falei rápido demais! Foi..
- Um tiro. Hehehe...
- Isso!
- Mas... precisava falar, né, meu broder?
Ele mostrou a palma da mão e eu bati nela, ele segurou, apertando-a. Quando eu despejei a novidade em cima do Edu, ele ficou tão aéreo que quase foi atropelado por uma camionete que passava justo na hora, eu o puxei de volta para o passeio, enquanto o veículo desviava, buzinando e xingando impropérios. Depois ele ficava olhando pra mim e pro Jimmy, com a mão na boca, e ria, depois perguntava se era sério, e depois ria novamente. Fomos seguindo o caminho de volta ao apê um pouco mais afastado dos meninos, e eu fui contando mais algumas coisas que o Jimmy tinha falado comigo (não o que tinha feito), sem dar muito tempo pra ele absorver. Ele oscilava entre os gestos e palavras de apoio, e expressões consternadas, confuso e surpreso. Nos despedimos do Didi e do Orêa e subimos. Aproveitamos que o Jimmy tava no banho e continuamos a conversa.
- Sim, precisava, Edu. Eu tava e tô abafado.
- Por algum motivo especial?
- Por vários – suspirei e me recostei no colchão, abraçando uma almofada – por vários. O maior deles é que, bom... ele é um menino, né, véi...
- Hum... E você também é um menino...
- Lembra que eu te falei aquela vez, que o Murilo até tava com a gente... é uma coisa nova pra mim. E, eu sei que a especulação sempre houve lá na cidade, mas eu nun...
- Olha, da minha parte, te falei que isso é irrelevante, cara...
- Mas eu nunca tinha tido nada com nenhum cara, sabe? – o Incidente ainda não contava pra mim, e não tinha coragem de contar a ninguém.
- E isso é importante pra você até que ponto?
- Não sei te dizer. Nunca parei pra pensar sobre isso, sabe? Digo assim, pensar a fundo. Quando o pessoal começou a zoar, e falar aquelas coisas sobre mim, creditei na conta do preconceito, do meu jeito... excêntrico, como diz o Murilo, e não refleti sobre até que ponto aquilo...
- Você me disse que tava curtindo também. Acho que é nisso que você tem que se concentrar, cara. O que você tá sentindo, querendo.
- Sim...
- Deixar um pouco os rótulos de lado. Bom... é a primeira vez que isso acontece?
- Não te falei que eu nunca...
- Não digo da experiência, não – o Edu parou para articular – tô falando assim: tipo: pera: xô tentar...
- kkkkkk!
- Hahaha, é difícil falar essas parada, porra! Pera! Tá. Você tipo, nunca sentiu, mesmo sem ter tido nada concreto, nunca sentiu nada por alguém, do mesmo sexo...
- Um sentimento...
- Diferente de amizade. Sei lá, alguma... pô.
- Diferente... de amizade...
- Sei lá uma amizade mais forte, um afeto. Digo isso porque você sempre falou que nunca sentiu tesão por homem nenhum, mas... acho que não se trata só disso, né não?
- Hum...
- Trata-se também de afeto. Ninguém... tipo... antes dele..?
- Eu... acho que não...
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Sobre o Amor
RomanceA história real que começou a ser contada no Orkut, vem para ser concluída aqui no Wattpad. Há alguns anos, cheguei numa cidade desconhecida para começar a minha carreira de engenheiro. O que eu encontraria ali, nunca poderia prever. Um hétero convi...