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Esse foi apenas o primeiro de uma série de domingos que ainda viriam em que eu ficava de banzo. Sei lá, não estava acostumado à nova rotina, e passar na minha cidade os dois dias do fim de semana me desanimava a voltar pra lá. Ainda não estava entrosado com o pessoal. Liguei pra o Daniel, e ele me disse que na segunda não iria, porque tirou folga e ia resolver umas coisas da facu. Pronto, me deprimi.

Na segunda-feira, no entanto, consegui me aproximar dos outros engenheiros da equipe. Gostei de cara de Walter. Cinquentão super simpático, ele mantinha no rosto uma expressão, assim, que parecia estar sempre lembrando de alguma piada que disseram pra ele, um riso preso. Personalidade tranquila... Se dispôs a me ajudar no que fosse preciso.

Miguel, apesar de ser mais jovem, talvez uns trinta e poucos, era mais plantado. Ele mostrava uma preocupação em ser o "doutor", então andava todo apertadinho, camisa por dentro, expressão preocupada. Mas também era gente boa, conversamos bastante. Corpinho massa.

Otávio era fechado. O mais antigo da equipe, chegava, sentava em sua cadeira e não proferia palavra que não fosse necessária. Conversamos um pouco, e no meio do papo achei que fosse interessante perguntar no que ele trabalhava lá (porque percebi que ele não saía pra campo como os outros), e ele me encarou e respondeu:

- Nada. Eu não faço nada aqui.

Eu, muito sem graça, apenas olhei pra Diego, que só fez altear as sobrancelhas. Girei minha cadeira e fui cuidar da minha vida.

À noite fui para minha nova casa. Di me recebeu e me apresentou o outro morador, de nome Paulo e apelido Zoião.

Bem, amigos, se na outra república eu não sabia pra onde olhar, por conta de tanto homem bonito, nesta eu não teria esse problema: Di, apesar, de ter um rosto até legalzinho, era bem desajeitado de corpo (para dizer o mínimo), e Zoião era muito, mas muito feio. Cabeça grande, olhos enormes, barriga maior ainda, dentes mal cuidados e um semblante de quem está permanentemente ébrio. Di completou:

- O seu colega de quarto já está até aí, mas chegou mais cedo e parece que dormiu. Bom, quando ele acordar vocês se apresentam.

- Beleza, vou tomar um banho e já já eu capoto também.

- Quer comer alguma coisa? Tem pão aí.

- Não, valeu, eu já comi na rua. Ah, por falar nisso, como é a questão da comida, etc?

Pelo que ele me explicou, a geladeira que tinha lá e o fogão eram de uso comum, pois foram comprados pelos integrantes antigos que foram cedendo. A sala não tinha absolutamente móvel nenhum, se eu quisesse podia colocar qualquer coisa lá. Senti falta de uma televisão, tinha uma no quarto dele e outra no de Zoião. Teria que ver isso.

Com relação à comida, cada um comprava a sua e guardava na geladeira. Se alguém quisesse algo de outro, pedia permissão antes e depois reporia. Todo mundo almoçava na rua, então tinha pouca coisa com o que se preocupar.

Posso dizer que conheci a bunda do Thales, antes do próprio Thales.

Entrei no quarto e já estavam instalados as duas camas e meu guarda-roupa. Ele estava deitado, de barriga pra baixo, pernas em forma de 4, vestido apenas de short tactel. Olhei pra trás pra ver se tinha alguém me observando, e, como não tinha, me pus a olhar.

Ele era enorme, devia ter 1,90m, branco, braços grandes e costas largas, com algumas espinhas. O bumbum era um espetáculo à parte. Redondo, ressaltava no short, coxas grossas e cabeludas do joelho pra baixo. Os cabelos bem lisos e pretos, na altura do pescoço, cortado em camadas.

Fui tomar banho pra esfriar o calor.

Quando saí do banheiro, ele estava acordado, acho que por conta do barulho do chuveiro da suíte. Nos apresentamos, ele já tinha posto uma camisa. Daí pude perceber que tinha também o rosto bonito, e um peitoral grande, daqueles, bom de olhar. A aparência dele, no geral, se fosse pra definir, era: mauricinho.

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