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Logo pela manhã tive reunião com a minha chefe e os outros engenheiros da equipe. O objetivo era a distribuição dos trabalhos.

Combinaram em me passar primeiramente os trabalhos mais simples, considerando que eu era novato e recém-formado também. Dali a dois meses teria uma obra de expansão que eu iria cuidar sozinho.

Enquanto esta obra não começava, iria ajudar a equipe de manutenção da empresa a organizar seus trabalhos. Essa equipe era permanente, não cuidava das obras em si, mas era responsável pela manutenção preventiva e corretiva de todos os prédios. Pelo que eu entendi, haviam problemas recorrentes de desorganização, com relação ao atendimento, compra de materiais e equipamentos, dimensionamento de equipe, etc.

- O engenheiro Gustavo – Valquíria sempre nos chamava de engenheiro antes do nome, não sei porque - vai ficar fazendo este trabalho junto com a equipe de manutenção, até as coisas se ajustarem por lá.

Pedi a palavra.

- Pelo que eu entendi, doutora, a equipe está passando por problemas de organização e por isso não está conseguindo responder as demandas a tempo.

- Isso, ela respondeu, o encarregado é muito experiente e eficiente, porém falta um técnico capacitado para ajudá-lo a dimensionar isso tudo.

- Já foi conversado com ele, ou com a equipe, que tem uma nova pessoa que irá intervir nos processos deles?

- Você está preocupado com algum tipo de rejeição, é isso?

- Na verdade, sim. Isso pode ser visto, dependendo da abordagem, como uma intromissão, ou perda de autoridade, não sei.

- Acredito que isso não vá ser problema, não. Ontem conversei com ele que teríamos esse trabalho e ele não demonstrou, pelo menos na minha frente, estar contrariado.

Um dos colegas interviu:

- É, Gustavo, quanto a isso pode ficar tranquilo. O Lúcio é muito gente fina, ele tem uma relação muito boa com a equipe, o pessoal gosta muito dele.

- Lúcio?

- É, o encarregado da manutenção predial.


Voltei à minha sala e respirei fundo. Era o cara que fez os comentários idiotas, aparentemente a meu respeito. Logo depois fui apresentado a alguns, e sugeri que nos encontrássemos com a equipe toda à tarde, para começarmos a debater. Para minha surpresa, eles foram resistentes, alegando ter muita atividade atrasada para ficar marcando reunião, e eu tive que insistir que era importante.

Na hora do almoço fui ao comércio comprar uma cama e guarda roupa, e liguei pro Di, pra saber se tava confirmado.

- Queria te pedir um favor, também, Di. Os móveis só chegam no sábado de manhã, eu vou estar em Feira, então será que vai ter gente em casa pra receber?

- Vou estar, sim, se preocupe não. Fico aqui nos fins de semana.

- Beleza, então. Segunda eu já venho pra ficar.

- Ah, olha, o outro cara também já confirmou, viu? Ele começa segunda também.

- Tá bom.


A reunião foi um pouco pior do que eu imaginei. Era um grupo de oito operários, mais o Lúcio que era o responsável por ela. Comecei a explicar que precisava da ajuda deles para entender os processos, as queixas que eles tinham, etc, me dispondo a ajudar. Mas percebia que alguns meio que riam, outros conversavam paralelamente, e eu tinha que altear a voz para me fazer ouvido. Daí disparei algo mais radical:

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