Não dormi nada a pensar na discussão que tive com a Margarida na noite anterior.
Hoje não tinha treino, era dia de folga. Quando acordei, ela já não estava deitada ao meu lado. É estranho dormir com a Magui sem lhe poder tocar ou abraçar.
Ouvi uns barulhos virem da casa de banho e presumi que ela lá estivesse. Esperei por ela sentado na cama, a mexer no telemóvel.
Vi-a sair do compartimento com o cabelo meio húmido, pousei o dispositivo na mesa de cabeceira e tentei desenvolver assunto.
Estava nervoso, não sabia o que dizer nem o que fazer.
- Bom dia.
- Bom dia. - Respondeu num tom seco e sem me olhar nos olhos.
- Já comeste alguma coisa?
- Yhap.
Suspirei. Levantei-me e fui até ela, colocando a mão no seu braço.
- Ouve...
- Estou a ouvir. - Encarou-me pela primeira vez naquele dia com um olhar intimidador. Naquele momento até perdi a coragem de falar.
- Não me olhes assim.
- Não me enroles assim. - Dizia a morena. Suspirei.
- Podemos falar?
- Podes começar.
Sei que ela estava a fazer este teatro todo só para me provocar, porque até agora ainda tinha a minha mão no seu braço e a mesma ainda não a tinha tirado de lá.
- Desculpa. Eu estava com ciúmes do Henrique, não queria ter agido assim contigo. Mas também não te queria dizer porque não quero estragar a amizade que tens com ele. - Comecei.
- Foi mesmo só isso, João?
- Foi.
A rapariga puxou-me para me sentar na beira da cama, lado a lado com ela.
- O Henrique não passa de um puto de 17 anos que eu conheci através da minha ex melhor amiga. - Explicou-se.
- Esse é o problema. Não gosto de ver outros gajos a atirarem-se a ti e a tocarem-te dessa maneira.
