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O salão de baile ressoava com risos e conversas animadas enquanto as pessoas dançavam ao som suave da música. Eu observava os nobres e cortesãos celebrarem, todos alheios ao fardo que eu carregava. Enquanto enchia meu copo com mais do suco de frutas, um anúncio solene cortou o ar festivo do salão, silenciando instantaneamente todas as conversas e interrompendo os pares em seus passos de dança. Era meu pai, o rei, ao lado de minha mãe, suas figuras imponentes, capturando a atenção de todos os presentes.

Meu coração disparou.

Ele tinha um rosto sério, com uma barba em um tom de louro acinzentado que lhe conferia um ar de sabedoria e autoridade. Os cabelos, apesar de bem penteados, quase revelavam sua verdadeira idade, com fios prateados se destacando contra o louro envelhecido. Não era magro, mas possuía um corpo grande e robusto, a presença física que combinava com seu papel de rei. Seus olhos eram de um azul tão claro que beiravam ao cinza, penetrantes e implacáveis, capazes de intimidar até o mais corajoso dos homens.

Vestido com trajes brancos impecáveis, adornados com detalhes dourados que refletiam a luz das velas, ele emanava uma aura de majestade. Ao seu lado, minha mãe estava esplêndida em um vestido cor de vinho profundo, contrastando perfeitamente com sua pele pálida e cabelos. Suas joias cintilavam discretamente, realçando sua beleza e graça.

Meu pai começou a falar, sua voz ecoando com uma autoridade inquestionável. Cada palavra era pronunciada com clareza e propósito, carregada de um peso que silenciava qualquer murmúrio no salão. O ar ao redor deles parecia quase palpável, carregado de expectativa e respeito. Ele fez uma pausa, olhando ao redor, certificando-se de que tinha a atenção de todos antes de prosseguir com o anúncio que mudaria a atmosfera da noite.

- Meus nobres súditos - disse com voz firme e segura - é com grande prazer que anunciamos uma nova aliança que está sendo formada entre nosso reino e o do Norte.

Eu me encolhi com a última frase.

Neste momento, um dignitário do reino do Norte, um homem de estatura baixa e cabelos pretos, mas com uma presença tão imponente quanto a do Rei, entrou no salão. Ele se aproximou do Rei e abraçou-o calorosamente antes de cumprimentar a Rainha com um aceno gentil. Era claro que sua presença ali indicava a seriedade do anúncio que estava por vir.

Enquanto o Rei explicava os detalhes da aliança, murmúrios e cochichos começaram a se espalhar pelo salão como uma onda inquieta.

"Então a princesa vai se casar?"

"Mas eu nunca a vi antes."

"Ela vai se casar com o príncipe do Norte, Hope?"

"Ela realmente existe?"

"Ela não é uma aberração como dizem?"

"Isso não trará benefícios para nós?"

"E quanto às questões do reino? E a falta das coisas? Isso vai ajudar todos nós?"

"O Norte está quase falido, eles estão loucos?"

Os murmúrios se intensificaram, refletindo a ansiedade e as dúvidas que se espalhavam entre os convidados. Eu sentia o peso das expectativas e das incertezas sobre mim, uma pressão que eu não esperava enfrentar tão diretamente nesta noite. Meu pai, imperturbável, continuou a falar, explicando que a aliança era crucial para a estabilidade e prosperidade dos dois reinos.

"Nossa união com o Norte não é apenas um acordo político," ele disse, sua voz firme e ressonante, "é uma oportunidade para fortalecer nossos laços comerciais e assegurar a paz nas fronteiras. O comércio com o Norte trará recursos que ambos os reinos necessitam desesperadamente."

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