As gotículas de água escorreram pela minha pele enquanto eu me levantava da banheira, o vapor envolvendo o banheiro em uma leve névoa. Peguei uma toalha macia que estava dobrada ao lado e comecei a secar meu corpo, sentindo a textura suave contra a pele aquecida. Cada movimento era uma pausa, um curto e rápido sentimento voltado para o futuro e ao mesmo tempo o presente que eu tentava aceitar como algo bom, uma incerteza fantasiada de otimismo, mas não podia simplesmente me desfazer dela. Minha mente era um saco, isso era um fato. Só desejava que meu cérebro desligasse quando o turbilhão parecia querer me levar e me afundar.
Enrolo a toalha contra o corpo e tento fingir que não estou pensando em mais nada.
Com a pele seca e o cabelo com alguns fios rebeldes úmidos ainda pingando suavemente, caminho de volta para o quarto. O ambiente estava tranquilo, apenas o som suave da água escorrendo na banheira quebrava o silêncio. Abro as gavetas da cômoda pegando um par íntimo e em seguida as portas do guarda-roupa, onde meus olhos ficam imediatamente atraídos por um vestido de cor creme entre tantos outros que Felicia deixara para mim, pendurado cuidadosamente em um cabide. Ele era feito de um tecido leve e fluido, com um toque sedoso que quase parecia flutuar no ar. As mangas eram longas, estendendo-se até os pulsos, adornadas com pequenos detalhes de renda nas extremidades. O decote era delicado, com um corte em forma de coração que caía suavemente sobre o peito. A cintura era ligeiramente marcada, acentuando as curvas naturais do corpo sem a necessidade de espartilhos sufocantes, e a saia caía em ondas suaves até os tornozelos, movendo-se graciosamente a cada passo. Era uma peça de roupa simples, mas carregava uma elegância sutil que eu apreciava. Não precisava mais lidar com espartilhos apertados, o que me permitia respirar livremente, tanto física quanto emocionalmente.
Sorri ao perceber que, finalmente, poderia me sentir confortável em minhas próprias roupas, sem a obrigação de parecer algo que não sou para agradar a corte. Vesti o vestido, que deslizou facilmente sobre minha pele, ajustando-se perfeitamente ao meu corpo, como se tivesse sido feito sob medida. Escolhi um par de sapatilhas cor de caramelo, com pequenos detalhes bordados ao redor, delicados, mas não excessivos, que complementavam o vestido sem roubar sua simplicidade.
Me aproximei do espelho, avaliando meu reflexo. Meu cabelo, pouco úmido, era uma confusão rebelde de fios que, decididamente, não queriam se comportar. Suspirei, decidindo que a melhor opção era prender os cabelos em uma trança simples. Minhas mãos trabalharam com agilidade, trançando os fios com firmeza, mas sem apertar demais, deixando alguns fios soltos para emoldurar meu rosto.
Quando terminei, dei uma última olhada no espelho. Sem acessórios chamativos, sem exageros. Apenas eu, em um vestido. Me sentia leve.
Saio do quarto, fechando a porta atrás de mim, e me deparo com os corredores adornados com quadros artísticos que capturavam cenas de paisagens encantadoras, batalhas épicas, e retratos de figuras imponentes. Era óbvio que Asher tinha um gosto refinado por arte, uma sensibilidade que eu ainda estava começando a desvendar. A cada passo que eu dava, o silêncio ao meu redor era quase absoluto, quebrado apenas pelo som suave das minhas sapatilhas contra o chão de mármore.
Eu estava tão imersa em meus próprios pensamentos que quase não percebi quando Oliva apareceu à minha frente, saindo de seu quarto. Seus olhos se iluminaram ao me ver, e ela rapidamente caminhou até mim, cruzando um de seus braços ao redor do meu com um sorriso caloroso no rosto.
- Está linda, Healyn - ela comentou, olhando-me de cima a baixo com aprovação.
- Você também. - Digo para minha amiga que usava um vestido azul bem claro e delicado, a saia esvoaçante com um tecido transparente a cima dando um volume a mais ao vestido e um brilho sutil.
Ela dá um sorrisinho animado.
- Oli, o que aconteceu depois que eu bem... sai correndo? - Olho para ela. Oliva estava com um coque bem feito no cabelo, sempre fora caprichosa e talentosa com penteados.
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Reino de sonhos e sombras
FantasyNo místico reino de Elaria, uma antiga profecia assombra a vida de Haelyn, a princesa de cabelos acobreados como chamas. Considerada uma aberração e um presságio de azar, Haelyn cresce entre os muros do palácio, desconhecendo a verdade que a aguarda...