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Meus ombros ainda pesavam pela manhã, embora passasse o dia anterior deitada descansando, não sabia exatamente o que teria me deixado tão exausta, se fora ir e retornar de um lugar desconhecido fisicamente ou não, ou apenas o resultado dos dias anteriores sem dormir bem. Estranhamente havia dormido desta vez e por muitas horas, com curtos intervalos repentinos para comer, remédios e minhas necessidades onde Oliva me acompanhava.

Enquanto vestia apenas um vestido leve de cor rose com algumas flores em sua estampa e sem ajuda, minha amiga carregava uma expressão preocupada que não combinava com seu habitual semblante sereno, mas que atualmente tem se tornado sua principal feição. Então me aproximei para perguntar o que mais teria acontecido no dia anterior. Oliva se virou para mim, sentada sobre a cama e, com uma voz baixa, aparentemente, evitando que as paredes escutassem, começou a me contar sobre seu encontro com Devlin, um mercador historiador. Ele estava vindo de uma pequena cidade ao sul que havia sido destruída, mas ele não sabia pelo que. E que fora daí que a história e o medo se alastraram mais entre as ruas da cidade.

Eu olhei para ela, a preocupação crescendo em meu peito.

- E o que mais ele disse, Oliva?

Ela respirou fundo, seus olhos refletindo a gravidade das palavras que seguiram.

- Perguntei a ele sobre a profecia que beira sua vida, os pesadelos e a floresta de ossos. Mas ele apenas disse que confrontar o destino é perigoso. No entanto, se você desejar saber mais, ele estará na taverna Malune ao anoitecer.

Essas palavras ecoaram em minha mente enquanto eu terminava de me preparar, pedindo ajuda de Oliva apenas para ajustar o disfarce da peruca castanha novamente. A ideia de encontrar um estranho em uma taverna apenas para saber algumas respostas me deixavam ansiosa, mas eu precisava clarear minha mente antes de tomar qualquer decisão. Coloquei uma capa cor de creme simples por cima do vestido e saí de meus aposentos avisando Oliva que retornaria mais tarde, decidida a caminhar no jardim do castelo.

Ela não se incomodou que eu respirasse um pouco de ar fresco, na verdade apoiou a decisão dizendo que seria bom para meu corpo após passar tento tempo deitada.

O ar estava revigorante, e o jardim do castelo estava tranquilo. As rosas vermelhas, em plena floração, espalhavam um perfume doce e reconfortante pelo ar que se tornava cada vez mais gelado. Caminhei lentamente entre elas, embora não fosse afeiçoada, meus dedos roçando suavemente as pétalas enquanto refletia sobre tudo o que havia acontecido até aquele instante onde o anel de safira azul em meu dedo parecia pulsar com uma energia própria. Um lembrete do Príncipe dos sonhos.

Cada passo que eu dava me ajudava a clarear a mente, mas também trazia mais perguntas. A destruição da cidade ao sul, a advertência de Devlin sobre confrontar o destino e busca-lo esta noite, e meus próprios pesadelos - tudo parecia interligado de uma forma que eu ainda não conseguia compreender completamente. Parei em frente a uma grande roseira, perdendo-me nos ramos de flores e nos pensamentos que giravam em minha mente.

De repente, percebi um movimento. Meu coração acelerou enquanto eu olhava ao redor, tentando localizar a fonte da agitação. Por entre as folhas e flores, avistei uma figura se movendo com agilidade e discrição. Minha respiração se acelerou e dei um passo para trás, tentando manter a calma.

- Quem está aí? - Minha voz soou mais firme do que eu esperava, ecoando no silêncio do jardim.

A figura se aproximou lentamente, e pude ver que era um jovem rapaz, talvez um pouco mais velho do que eu, com cabelos escuros e olhos atentos. Ele parou a alguns passos de distância, uma expressão mista de curiosidade e cautela em seu rosto.

- Princesa Haelyn? - Sua voz era suave, mas carregava um tom de respeito. - Eu não quis assustá-la.

Eu relaxei um pouco, mas minha guarda ainda estava levantada. Olhei para ele com atenção, tentando discernir suas intenções.

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