VII

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Oliva me observava atentamente enquanto eu tomava os últimos goles do chá. Mas então sua expressão mudou, e eu sabia que ela estava prestes a sugerir algo importante.

- Vou voltar à cidade amanhã - começou ela, sua voz suave, mas firme -, procurar por outras pessoas que possam passar informações úteis para nós.

Meu coração se acelerou. A ideia de ficar inativa enquanto ela buscava por uma solução me incomodava.

- Eu vou com você - declarei, colocando a xícara na mesa de cabeceira.

Oliva franziu a testa, visivelmente preocupada.

- Não, Haelyn. Você precisa descansar. Tem dormido mal demais para pensar em sair, e veja o estado em que acabou de acordar. Você claramente não está bem.

- Temo que o próximo possa ser pior, por isso buscarei alguns remédios também. - Disse com um olhar de preocupação.

- Mas Oliva, - insisti, levantando-me. - Eu não posso simplesmente ficar aqui esperando. Preciso fazer algo.

Ela balançou a cabeça, a expressão endurecendo.

- Como quer achar a solução dos problemas se nem ao menos está se cuidando? - Sua voz foi mais dura do que eu esperava, e as palavras me atingiram em cheio.

Fiquei calada, sentindo a exaustão pesar sobre mim. Estava mais cansada do que o normal ultimamente, mas os pesadelos persistiam, e eu tinha medo de dormir. Mas cada vez que me deitava, sentia rapidamente a onda de cansaço me consumir, e imediatamente em segundos, ser tragada para outro pesadelo. Não tinha um bom sono a dias.

Finalmente, suspirei, derrotada.

- Acho que tem razão, Oli. - Admiti, sentando-me novamente na cama.

Oliva relaxou um pouco, seu olhar suavizando.

- Claro que tenho. - Disse triunfante com um sorriso.

- Prometo que vou encontrar alguma coisa. E você precisa prometer que vai descansar. Só assim poderemos lidar com tudo isso.

Assenti, sentindo a exaustão me puxar novamente.

- Eu prometo.

Ela sorriu, um sorriso cheio de encorajamento e esperança.

- Boa noite, Haelyn. - disse ela, levantando-se com a bandeja de chá em mãos e se dirigindo à porta.

- Boa noite. - Respondi, observando-a fechar a porta atrás de si.

Suspirei, Oliva pareceu não ter percebido o objeto em meu dedo.

Levantei-me da cama em seguida para guardar o anel de safira na caixa sobre a cômoda. Mas uma sensação estranha me acompanhava. Cada passo parecia mais pesado do que o último, como se o cansaço acumulado estivesse finalmente cobrando seu preço. Quando alcancei a cômoda, uma onda repentina de enjoo me fez parar.

O quarto ao meu redor começou a girar, as paredes ondulavam como se fossem feitas de água. Meu estômago revirou, e uma sensação de fraqueza tomou conta de meu corpo. Tentei me segurar na cômoda, mas meus dedos escorregaram pela superfície lisa. A visão se tornou turva, manchas escuras invadindo meu campo de visão.

Antes que pudesse gritar por ajuda, senti minhas pernas cederem. O mundo ao meu redor desapareceu, e eu desabei no tapete, a sensação fria das fibras contra meu rosto sendo a última coisa que percebi antes da escuridão me envolver por completo.

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Quando abri os olhos novamente, a sensação de desorientação persistia, como se meu corpo ainda estivesse lutando para aceitar o que estava acontecendo. Pisquei algumas vezes, tentando clarear a visão, mas a cena ao meu redor permaneceu estranha e inusitada. Não estava mais em meu quarto, com suas paredes conhecidas e conforto rotineiro. Em vez disso, encontrei-me em um ambiente que parecia ter sido criado com magia.

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