XXVII

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Asher

A sala das esferas de sonhos era um lugar de tranquilidade ilusória, um refúgio que eu tentava fazer meu dês de muito tempo, mas que, na verdade, parecia ser um campo de batalha para minha mente e corpo. O ambiente era suavemente iluminado pelas esferas que flutuavam e giravam lentamente em suas prateleiras. No entanto, para mim, esse espaço se tornava um lembrete constante da minha luta sem fim contra os pesadelos que assombravam não apenas o mundo, mas também minha própria alma.

Eu me encontrava em pé diante de uma prateleira de esferas, sentindo meu corpo rígido e cansado. A dor latejante na lateral do meu abdômen era uma constante lembrança do recente combate contra um Gholaker. A ferida não era o problema maior; a dor, a febre e o cansaço que a acompanhavam eram os verdadeiros inimigos. Estava acostumado a enfrentar as sombras e os monstros de pesadelos superiores, já havia me ferido diversas vezes.

O Gholaker era uma aberração terrível, um monstro cuja aparência remetia a uma gigantesca caveira, diferente do monstro de mais cedo. Seu corpo imenso era coberto por uma armadura de ossos que brilhava de forma sinistra, e em suas mãos ele brandia uma espada negra emitindo uma fumaça escura, magia negra. Durante a batalha, a espada cortou o ar com uma precisão cruel, e o impacto quando me atingiu foi devastador. A dor do golpe parecia ecoar através de cada célula do meu corpo, e a ferida, embora tratada com poções de regeneração que sempre levava comigo ainda me incomodava intensamente. Os Gholaker eram fortes, muito mais... eram como gigantes mortos ao meu vê.

A batalha havia sido feroz. Eu me lembrei do momento em que a luta se desenrolou, a sensação de cada golpe trocado, a demora em acertar seu núcleo, e a dificuldade em manter o controle e o foco. Eu havia conseguido derrotá-lo, mas não sem custo, eram monstros que possuíam velocidade, força extrema e uma barreira protetora quase impenetrável. O Gholaker estava a ponto de invadir um vilarejo próximo de Elaria quando Felicia veio atrás de mim, e eu não podia permitir que isso acontecesse. Cada momento que eu passava lutando parecia ser uma eternidade, e o esforço para derrotá-lo deixou-me exausto. A dor física era apenas um reflexo do tormento mental que eu carregava.

Mas não era só isso...

Sentia-me cansado de tudo. Anos, décadas de minha vida dedicados a uma luta interminável, e o que eu tinha em troca? Nada além de mais monstros, mais pesadelos, e a sensação constante de que nada mudava.

Às vezes, eu sentia como se estivesse preso em uma prisão invisível, cercado por paredes de sombras que não podiam ser quebradas. As esferas ao meu redor, que costumavam ser um símbolo de esperança e controle, agora pareciam um lembrete constante do meu fracasso. Cada esfera representava um pesadelo que eu havia tentado controlar, cada uma uma partícula de caos que eu não conseguia dissipar. O trabalho que eu fazia era interminável, e, apesar dos meus esforços, parecia que os monstros só se multiplicavam, suas sombras se espalhando como uma praga implacável.

Eu observo as esferas ao meu redor, em suas infinitas prateleiras, e meus pensamentos retornam no tempo, retornam para aquela maldita reunião. Como podiam fazer aquilo?

Não queria me lembrar, não, não!

Mas competir com a mente era uma perda de tempo. Sinto o ódio e a raiva ferver meu sangue. No momento em que aquela droga de profecia foi dita por todos aqueles desgraçados... O que eles fizeram, o que fizeram a ela... E em seguida fui traído por meu próprio irmão, abandonado e deixado para trás apenas com a droga de um acordo. Por culpa deles, não minha, eu deveria entender. Tudo estava como estava, covardes, por culpa deles, o sofrimento viria ao mundo de novo, os pesadelos, e junto deles... DROGA!

Reino de sonhos e sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora