XXXIX

16 3 2
                                    

Quando abri os olhos, foi como se meu corpo lutasse contra mim. Tudo parecia tão pesado, como se meus músculos tivessem desistido de obedecer. Uma luz forte atravessava o ambiente, queimando minhas pálpebras com sua intensidade. Era dia.

Tentei focar, forçando minha visão embaçada a se ajustar. Meus braços estavam enfaixados, e uma dor surda irradiava dos músculos tensos. Estava deitada em uma cama, mas não era minha. O colchão parecia mais macio, o tecido das cobertas mais rústico. Cada detalhe, cada cheiro do lugar gritava que eu estava em algum lugar que não conhecia.

Ao mover levemente a cabeça, minha visão se ajustou o suficiente para identificar algumas silhuetas no cômodo. Felicia, com seus olhos sempre vigilantes, estava de pé perto de uma janela. Jin estava sentado em uma cadeira, com as mãos nos joelhos, a expressão preocupada estampada em seu rosto. Jaeson, encostado na parede, parecia perdido em pensamentos. E então, meus olhos se voltaram para Asher. Ele estava mais perto de mim, sua presença forte, quase palpável, mas seu olhar... havia uma tristeza nele que me desarmou.

Mas... onde estava Oliva?

Meu coração apertou de imediato, como se tivesse levado um soco no peito. A angústia tomou conta de mim, crescendo sem controle. Eu me lembrei...

- Descanse, vai ficar tudo bem... - Alguém falou, uma voz reconfortante, mas distante, como se minha mente não conseguisse identificar quem falava.

Eu tentei responder, mas as palavras ficaram presas na minha garganta. Meu corpo estava tão fraco, tão exausto. Mesmo que quisesse lutar, minhas forças me abandonaram. Meus olhos, pesados demais para permanecer abertos, começaram a fechar-se contra minha vontade.

Uma lágrima quente escorreu pelo lado esquerdo do meu rosto, desenhando um rastro molhado em minha pele, mas eu não conseguia sequer levantar a mão para secá-la. Era como se aquela gota fosse um reflexo do que se passava dentro de mim, um vazio crescente e desesperador.

A dor emocional se misturava à física, um turbilhão que me puxava para baixo, me sufocando. Eu sentia falta dela... Havia uma parte de mim que gritava para ainda lutar, um sentimento cruel e desesperado por vingança... mas tudo parecia tão distante, tão fora de alcance.

O cansaço me dominou de novo, e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, o escuro tomou conta, me engolindo.

Reino de sonhos e sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora