XXXIII

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Oliva dormiu no meu quarto após nós duas passamos horas discutindo como chegar à ala dos pertences do rei sem sermos vistas. Entre cochichos e planos improvisados, nossos cérebros cansados finalmente convergiram para uma estratégia viável. O plano envolvia coordenação precisa, alguma sorte e, claro, um toque de audácia. Agora, tudo que precisávamos era comunicar a todos e garantir que cada um soubesse exatamente o que fazer.

Algum tempo após todos estarem vestidos para o dia e tomarem café, o salão se encheu novamente com a presença de cada um. O clima era calmo, e todos estavam serenamente tranquilos. Oliva e eu estávamos de pé no centro do salão, prontas para apresentar a ideia que tivemos.

Asher parecia sério, ele sabia que me impedir de ir não resolveria nada, e isso era a cara dele. Estava preocupado comigo, afinal eu era o seu trunfo para recuperar a espada. E tenho pensado nisso antes de dormir, talvez o flerte seja uma maneira de aproximação, para que assim eu não saia de seus limites antes de ter o que precisa de mim. Queria tirar a limpo novamente suas intenções depois, mas agora não era o momento.

Oliva começou a explicar o plano detalhadamente. Sua voz era firme e direta, mas eu podia ver o nervosismo em seus olhos. Ela descreveu o caminho que precisaríamos tomar para chegar aos aposentos do rei sem chamar atenção: um túnel subterrâneo, não o do jardim, mas outro, tão antigo quanto, uma entrada escondida e nunca utilizada para nada que cortava caminho pelas masmorras... E então um breve desvio pelas câmaras de guarda que, esperávamos, estarem vazias àquela hora da noite, por fim o corredor e escadas que levavam a ala do rei e a rainha. A chave era manter o silêncio e a discrição. Não esperava ver meus pais tão cedo ou sequer retornar ao castelo, mas com a coroa em mãos, eu teria ao menos uma carta na manga.

Assim que ela terminou de explicar o que precisávamos fazer, Jin foi o primeiro a protestar.

- Espera aí - ele disse, descruzando os braços e inclinando-se para frente, sua expressão cética. - Vocês estão contando com um monte de "e se" aí. E se a câmara de guarda não estiver vazia? E se algum dos guardas resolver fazer uma ronda fora do horário? E se alguém nos ver? Se isso acontecer, estamos ferrados.

Eu podia sentir a dúvida em suas palavras. Ele não deixava de ter razão; nosso plano dependia muito de sorte. Mas, Oliva, ao meu lado, manteve a postura, eu sabia que ela também sentia a pressão das dúvidas.

- É por isso que precisamos ser rápidos e meticulosos - respondi, tentando transmitindo uma confiança. - Vamos revisar cada passo, cada rota de escape. Precisamos estar preparados para o que quer que aconteça. É arriscado, mas não temos muitas opções.

Antes que Jin pudesse responder, Asher se adiantou, sua presença comandando atenção.

- Eu vou com vocês - disse ele, sua voz firme e decidida. - Com meus poderes de tele porte, posso nos ajudar a entrar no castelo e sair mais rápido. Assim, mesmo que algo saia do controle, teremos uma chance maior de escapar ilesos.

A ideia de ter Asher conosco parecia, à primeira vista, uma boa solução. Seu tele porte poderia nos salvar de uma situação ruim, mas Felicia, de repente, ergueu a mão para interrompê-lo.

- Absolutamente não - declarou ela, sua voz cortante e autoritária. - Se você for, Asher, e por alguma razão for visto, isso levantaria questões demais. O príncipe dos sonhos aparecendo de repente em Elaria? levantaria rumores não tão bons e você sabe. Esse lugar já está maluco o suficiente sem inquilinos aparecendo por aqui.

Asher engoliu em seco. Eu podia ver a frustração em seus olhos; ele parecia ser do tipo que odiava ser contido, principalmente quando sentia que podia ajudar. E eu sabia como era se sentir assim ultimamente.

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