XLVIII

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Asher sorriu antes de se teletransportar, lançando uma última provocação com seu tom brincalhão: "Boa noite, Healyn, voltarei mais tarde." Meu rosto esquentou na hora, e eu sabia que estava ficando vermelha. Tentei rir, ainda assim, o pensamento ficou na minha mente por um momento a mais do que deveria.

- Vai dormir aqui... Comigo? Espera, pra onde vai? - Questiono.

- Vou à sala das esferas me certificar de que nenhuma esfera está prestes a romper e liberar um pesadelo.

- Mas você não... - Não consegui formular a pergunta, mas Asher pereceu ter entendido quando deu sua resposta. 

- Sim, consigo visitar os sonhos de onde quer que esteja, mas pesadelos são mais complexos, precisam de monitoramento.

- Mas a sala não é protegida? Digo, aquele mundo?

- A sala possui feitiços de barreira bem fortes, apenas seres de sonhos inofensivos podem sair das esferas, ganhando vida e podendo viver na grande floresta. Os pesadelos, ou sombras como chamamos aqui, não desejam viver naquele mundo, sem falar o estrago que trazem e as vidas que levam consigo. Eles ficam presos dentro da sala, mas não por muito tempo, em dado momento conseguem escapar para o mundo externo e começam o ataque ao local mais próximo.

- Entendi. - Digo pensativa.

- Sobre dormir com você - Ele volta a falar com um sorriso. -, sim, iremos dormir juntos, e também porque o quarto em que estava, na verdade era o meu.

Eu o encaro sem saber o que dizer. Asher desapareceu logo em seguida, e o corredor se tornou silencioso e vazio. Permaneci parada por alguns segundos, tentando me acalmar, mas era impossível com os pensamentos sobre mais cedo, nós dois. Ele havia me visto completamente despida, entregue, meu corpo agindo com liderança e a mente obedecia feliz ao poder desfrutar daquele momento, mas somente agora sentia mais vergonha, embora ainda feliz. Mesmo sabendo que Asher estava apenas se divertindo, havia uma parte de mim que, estranhamente, gostava da ideia de ficarmos juntos de novo e poder fazer mais do que observar, gemer e sentir ele me devorando por inteira. Dormir juntos... Queria fazer mais. Balancei a cabeça, tentando afastar o pensamento.

Lembrei-me, então, que Felicia havia mencionado que meus pertences estavam em um dos quartos. O problema é que eu não tinha a menor ideia de onde ficava. Olhei ao redor, percebendo pela primeira vez o quão imenso era aquele corredor. As paredes de pedra antigas e robustas, adornadas com tapeçarias dos rostos dos reis antigos, davam uma sensação de imponência ao lugar. Os candelabros iluminavam apenas o suficiente para que eu enxergasse alguns metros à frente. Achava apenas estranho não conter nenhuma imagem de Alyssa. Ela era eu, e Asher disse que nossa aparência era a mesma, mas porque não havia nada?

Decidi começar a caminhar. A cada porta que passava, parava e olhava em volta, na esperança de reconhecer algo que me levasse ao quarto certo. Mas estava perdida, deveria ter perguntado antes a Felicia.

Comecei a caminhar, os passos ecoando pelos corredores vazios enquanto meus olhos se perdiam na imensidão daquele castelo. A cada porta que passava, parava por um instante, observando os detalhes na esperança de encontrar alguma referência familiar, ou o quarto de Felicia. Mas quanto mais eu explorava, mais percebia o quão grandioso e misterioso aquele lugar era. Senti uma pontada de frustração e uma leve ansiedade, pensando se seria mais fácil desistir e chamar por Felicia.

Foi então que senti algo estranho, quase como um arrepio. Uma voz feminina ecoou suavemente ao longe, doce e etérea, tão baixa que por um momento achei que estava imaginando.

Por aqui...

Sussurrou a voz, de uma forma tão próxima que senti a pele arrepiar. O som parecia vir de um corredor adjacente, que eu ainda não havia notado. Franzi o cenho, intrigada, e me deixei guiar.

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