XVIII

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Asher ficou impassível, como se aquilo não fosse um grande problema, mas é claro, ele tinha planejado aquilo dês do início, no momento em que pisamos neste lugar, disse que me ajudaria, mas agora estava praticamente me jogando contra o problema. Jaeson tinha razão, eu estava confiando minha vida a alguém que não conheço.

- Não basta ir para a floresta onde meu destino é fadado, ainda tenho de ir sozinha? - Minha voz saiu mais forte do que eu esperava, carregada de frustração e medo. - Achei que tínhamos um acordo, achei que estava me ajudando.

Jaeson e Oliva começaram a protestar juntamente contra o trio, mas eu não ouvi mais nada, e não queria ouvir, me sentia submersa na banheira de meu quarto no castelo, com os olhos fechados e a respiração pausada, era como eu vazia para pensar em tudo. Não teria como sobreviver aquela floresta, o mau vivia ali, e era para onde iria em breve, mas antes disso... Era loucura, loucura. Talvez fosse melhor fugir, como Hope dissera, afinal, o que eu estava fazendo...

Senti uma mão macia e quente pousar em meu ombro, tirando-me dá nuvem carregada de pensamentos ansiosos. Era Felicia. A maga a havia se aproximado sem que eu percebesse e agora colocava sua outra mão suavemente em meus ombros, tentando me acalmar.

- Healyn, nós estaremos por perto, mas a única que pode entrar na floresta é você. - A voz dela era suave, mas firme, como se quisesse me transmitir coragem.

- Porque eu...?

Mas me afastei ligeiramente, ainda processando o que estava sendo dito, os olhos verdes da maga eram como uma esmeralda, embora parecessem tristes. E eu sabia o motivo, estava triste por mim, pelo que futuramente enfrentaria.

Asher então começou a explicar, seu tom sério e inflexível ainda parado diante a mesa, diante todos nós.

- A Floresta de Ossos é perigosa e não permite que nenhuma pessoa entre sem que seja destinada a isso. Qualquer um de nós, podemos morrer sem permissão. É um local onde pesadelos, sombras e almas vagueiam no escuro.

As palavras dele me atingiram como uma onda gelada. Parte de mim queria gritar, protestar contra a injustiça de tudo isso. A única pergunta que conseguia fazer era, porque eu...

Porque eu estava destinada a isso, porque minha vida não poderia ser a de uma simples princesa com pais amáveis e um reino animado com minha coroação, porque eu precisava ir atrás de uma espada sozinha e porque carregava azar comigo... Nada fazia sentido, talvez... talvez fosse melhor que a rainha não me desse a luz, eu não servia... Eu...

Healyn

Uma voz chamou der repente, mas então desapareceu dando espaço a do príncipe dos sonhos que continuava a falar.

- Parte de você está ligada àquele lugar, Healyn. - Asher continuou, seus olhos azuis se concentrando novamente nos meus, assim que o encarei. - E você tem tempo. Tempo para aprender a lutar e se defender. Tempo para procurar a espada antes que o tempo acabe.

Eu fiquei paralisada ouvindo tudo aquilo. Meu coração batia descompassado enquanto minhas mãos suavam frio. Ele era capaz de se ouvir?

- E o que acontece se eu não conseguir? - Minha voz saiu quase como um sussurro. - O que acontece se a profecia se cumprir? As sombras? E Elaria?

Antes que Asher pudesse responder, Jin se adiantou, sua expressão determinada.

- Primeiro precisamos procurar mais detalhes desta profecia antes de mandá-la sem mais nem menos. Mesmo que preparada para lutar, as sombras estão aumentando, estão mais fortes do que nunca, e o envolvimento de Healyn nisso é um possível fato que não podemos ignorar.

Asher suspirou, e pela primeira vez, uma sombra de incerteza passou por seu rosto. Mas ele logo recuperou sua compostura e, mais uma vez, determinou.

- Healyn precisa ir sozinha. No momento em que encontrar aquela espada, poderemos parar as sombras e salvar sua vida.

E foi tudo o que ele disse antes de desaparecer.

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