| 39. Mãe |

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  ( Alexander Rutherford Turner )        — Você tá de brincadeira, né? Só pode

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  ( Alexander Rutherford Turner )
 
 
 
  — Você tá de brincadeira, né? Só pode. — A voz de Hawthorne se aproximou irritadiça.
 
  Respirei fundo enquanto saía do carro. Caramba, será que não poderia ter atrapalhado em outro momento não? Que cara mais chato. Por que eles sempre andam juntos? Ele não percebe o quão inconveniente isso é?
 
  — Nate, chega. — Blake o impediu que se aproximasse de mim.
 
  — Não, chega disso. — Protestou. — É por causa desse sem noção que você está estranha esses dias, e agora está saindo com ele. Deixando ele beijar você na frente de todo mundo, você pirou?!
 
  Estendi a mão por um breve momento.
 
  — Tecnicamente foi ela que me beijou. — Dei de ombros e recebi outro olhar mortal, me fazendo sorrir momentaneamente.
 
  Blake se virou da mesma forma e eu desviei o olhar. Seus lábios soltaram um suspiro.
 
  — Ele tá ameaçando você? — Nate a puxou pelo ombro marcando suas palavras. — Está te chantageando pra fazer isso?
 
  Blake se soltou do toque dele, fazendo-me cruzar os braços e observar onde que isso iria dar. A chuva nem parecia ser mais um problema.
 
  — Nate, eu vou explicar tudo pra você. Mas por favor, entra. — Pediu em tom ameno. — Não quero que a mamãe veja isso.
 
  Por um momento, revirei os olhos sem saco pra essa cena. Nate é um intrometido.
 
  — Não deveria explicar nada pra ele. — Falei, o encarando logo em seguida. Pude ver seu maxilar tensionar. — Não é da sua conta o que ela faz ou deixa de fazer, principalmente comigo.
 
  — É da minha conta se eu sei que um merda como você quer se aproveitar da minha irmã! — Exclamou, apontando em minha direção enquanto Blake o puxava pelo braço.
 
  Uma raiva subiu em meu peito, queimando como ácido. Ele não me conhece, não sabe nada sobre mim e Blake e com certeza não deveria meter o dedo onde não deve. Porra, eu quero tanto acabar com esse merdinha. Quem ele pensa que é? Nem irmão dela ele é de verdade!
 
  — Nate! — Blake repreendeu nada contente.
 
  — Fiquei calado igual um imbecil enquanto Bryan brincava com você e te fazia de idiota. Eu não vou cometer o mesmo erro. — Enfatizou enquanto olhava pra ela. Em nenhum momento ele voltou a me encarar, mas fechei os punhos quando basicamente notei a quem fui comparado. — Ele humilhou você, te deixou encrencada com o diretor e fez todos daquele lugar odiar você. E agora o que? Quer dar uma de bom samaritano? Quer virar um Romeu do dia pra noite?
 
  Fica na sua, Alex. Fica na sua... Não perde a cabeça na frente dela. Não age como babaca, faz o certo dessa vez. Faz por ela!
 
  — Você sabe o motivo. — Nate me encarou com desgosto. — Você sabe que é questão de tempo pra ele cair fora depois de dormir com você, ou qualquer merda pervertida.
 
  Vou acabar com esse moleque desgracado.
 
  Senti meu sangue ferver. Eu queria o fazer se arrepender de me acusar de algo tão baixo e nojento. Se arrepender de querer manchar minha imagem com a minha garota, caralho,  eu quero o fazer engolir letra por letra.
 
  — Alex, não! — Blake se prostrou entre Nate e eu assim que andei na direção dele, pronto pra socar sua cara.
 
  — Vai fazer o que, huh? Desmascarei seu joguinho de merda, foi? — Nate provocou.
 
  — Cala a boca! Você não sabe né merda nenhuma! — Rebati, e Blake não permitiu que avançássemos.
 
  — Se vocês vão discutir e bater um no outro, caiam fora da porta da minha casa. — Guenevere falou irritadiça. — Eu não vou lidar com duas crianças no meio dessa chuva, sabendo que minha mãe pode vir a qualquer momento. E eu juro que, se ela aparecer e ver essa cena, os dois vão estar mortos, entenderam?
 
  Engoli minha raiva com certa dificuldade, tentando dar um passo para trás e manter tudo sob controle. Nate aparentava querer fazer o mesmo. Antes que Blake pudesse falar qualquer coisa, ouvimos o som de porta abrindo. Uma mulher saiu da casa dela.
 
  — Caramba, não posso ler minha revista em paz? — Ela parecia irritada. — O que tá acontecendo? — Seus olhos foram de mim para Nate com uma estranheza. — Estou numa cena de crepúsculo por acaso? Saiam dessa chuva!
 
  Antes que eu seguisse o mesmo rumo que Blake e Nate também tomariam, fui parado por um gesto da mulher.
 
  — Quem é você? —  Perguntou grosseira, franzindo a sobrancelha e me olhando de cima a baixo.
 
  Abri minha boca por um momento, querendo me apresentar, só que toda aquela situação me deixou.... Estranho. De repente era como se minha garganta tivesse fechado e me estômago embrulhado.
 
  — Esse aí é um... — Nate foi interrompido por Blake com um pisão no pé.
 
  — É meu amigo, mãe. — Falou rapidamente. — Ele me trouxe depois do jogo...
 
  A mulher olhou para ambos por alguns segundos, tentando entender o que estaria acontecendo.
 
  Num suspiro que parecia ser cansado, ela sinalizou para que eu entrasse junto com Blake e Nate. Fechei a boca e andei até a entrada.
 
  — Não quero ser responsável por deixar o filho dos outros doente. — Disse ela. — Não sentem no sofá. Vou buscar as toalhas.
 
  E dessa forma, a mãe de Blake subiu as escadas, deixando nós três a sós mais uma vez.
 
  Era inegável que o clima estava ridículo depois dessas discussões que tive com Nate, mas a culpa não é minha de qualquer forma. Ele que ficou me provocando.
 
  Quando a mulher voltou, entregou para Nate a toalha, e em seguida pra mim. Ela enrolou a terceira toalha no corpo de Blake, ainda com as feições nada agradáveis. Ela parecia tentar entender o que estava acontecendo.
 
  — Obrigada por trazer minha filha pra casa. — Me agradeceu, voltando sua atenção para a garota de cabelos úmidos e escuros. — E como foi o jogo? Os meninos...
 
  Blake tossiu, cortando a fala da mãe.
 
  — Nossa, sabe eu tô muito cansada. — Falou sem graça. — E está ficando tarde. Eu acompanho o Alex até a saída.
 
  Franzi as sobrancelhas com a atitude repentina, mas não pude intervir. Blake me puxou até a saída, abriu a porta e ficamos sozinhos na varanda. A chuva tinha diminuído, entretanto, não parou. Continuei me secando até olhar de volta pra ela.
 
  — Amei a expulsão nada singela da sua parte. — Sorri de forma sarcástica em sua direção.
 
  — Está ficando tarde. Não vamos estender muito as coisas. — Ela cruzou os braços e desviou o olhar. — Ainda preciso explicar as coisas pra minha mãe e pro Nate.
 
  Revirei os olhos quase que involuntariamente quando a ouvi citar o nome do intrometido. Deixei a toalha de lado e coloquei as mãos nos bolsos.
 
  — Você não precisa dar satisfação pra ele, sabia? Pra sua mãe eu até entendo, mas pro Nate?
 
   Blake franziu a testa, deixando óbvio sua irritação.
 
  — Nate é meu irmão. Você gostando ou não, ele sempre vai ser meu irmão, mesmo não sendo do meu sangue. — Clarificou. — E se for pra ficar no pé dele, juro que vou dar um basta nisso tudo do meu jeito. Você entendeu? — Ela estreitou o olhar em minha direção, séria e visivelmente irritada.
 
  Desviei o olhar sem muito saco. Por que esse carinha qualquer é tão importante? Será que ele só vê Guenevere como irmã? Tenho minhas duvidas quanto a isso, sinceramente. Limpei a garganta por um instante.
 
  — De qualquer forma, obrigada por me trazer ate em casa. — Continuou, cativando meu olhar novamente. — E pelo lanche também. Vou ficar te devendo uma.
 
  — Pague amanhã. — Respondi rapidamente com um meio sorriso, vendo sua testa enrugar um pouco pela confusão. — Venho buscar você pra irmos pro colégio juntos, e você vai sentar comigo no intervalo.
 
  Ela cruzou os braços num ar de curiosidade que esvaia de seus olhos escuros. Olhou-me como se estivesse procurando por truques, quando na verdade não havia nenhum.
 
  — Vai ter que levar o Nate também. — Rebateu. — Eu e ele sempre vamos juntos de bicicleta. Se quer me dar carona, só aceito se ele for junto. — Sorriu em sua conclusão, me fazendo revirar os olhos.
 
  — Não me leve a mal, mas eu não sou poligâmico. — Brinquei e recebi um leve empurrão. — Não pode me culpar por não querer aceitar levar esse esquisito junto com a minha namorada.
 
  Vi seu rosto corar por um instante, me deixando satisfeito no mesmo instante.
 
  — Você gosta mesmo dessa palavra... — Murmurou Blake, coçando a nuca. — E Nate não é esquisito. Vocês dois parecem crianças, credo.
 
  Respirei fundo e soltei num som dramático propositalmente. Caramba, o que eu não faço por essa garota? Isso vai acabar comigo.
 
  — Fechado. Passo aqui as sete e meia. — Apontei bem pro seu rosto. — E eu odeio ficar esperando, viu?
 
  — Bom saber. Vou demorar pra tomar meu café então. — Blake sorriu de forma espertinha mais uma vez.
 
  Chequei meu pulso e vi que estava ficando tarde. Não quero deixar Blair sozinha em casa.
 
  — É melhor você ir antes que a chuva piore. — Ela falou, me fazendo tiltar a cabeça para o lado um pouco.
 
  — Eu esperava uma despedida melhor. — Fiz beiço por puro drama. Dei um passo em sua direção e a puxei pela cintura. — Se cuida, Guenevere.
 
  Sua respiração falhou, fazendo meu coração acelerar num ritmo maior. Eu conseguia sentir seu aroma de lavanda vivido me estrangular assim que nos aproximávamos, e caramba, eu quero sentir isso todo santo dia. Consigo sentir. Um arrepio subir pela minha nuca quando ela se aproxima, lábios vermelhos assim como a ponta de seu nariz, por conta do frio. Seus lumes se perdiam entre meus lábios e meus olhos enquanto eu me perdia nos seus. E cada vez que eu olhava seu rosto, quelas sardas me faziam querer mais dela. Cada pontinho em seu rosto era um detalhe do quão perfeita ela poderia ser, e cada um deles tinha algo em comum.
 
  Me pertenciam. Cada um deles eram meus.
  Porque ela é minha.
 
  — Não vou beijar você na porta da minha casa. — Murmurou. — Minha mãe pode ver...
 
  E então, seus lábios foram ate minha bochecha, me deixando surpreso de certo modo.
 
  — Só pra você não ficar com seu drama irritante. — Falou, dando um passo para trás. Ela limpou a garganta e me olhou. — Boa noite, Alex.
 
  Sorri por um instante. Porra, ela tem sorte de ficar tão fofa quando suas bochechas coram. Acenei com a cabeça e andei ate meu carro.
 
 
  Assim que entrei, dei a partida e esperei que Blake entrasse em casa. Quando a mesma sumiu de minha vista, foquei na estrada que iria percorrer. E por mais idiota, bobo e fútil que fosse, meu estômago revirava de ansiedade pelo dia seguinte.
 
  É, Alex, você se fodeu.
 
 
  ———————
 
 
  Assim que me aproximei para estacionar e casa, notei que a limousine estava parada bem na entrada. Franzi o cenho sem entender do que se tratava. Blair chamou alguma amiga pra ca sem que eu soubesse?
 
  Poxa, contanto que não atrapalhem meu sono, não me importo nem um pouco. Tenho que ver o que vou vestir amanha... não posso ir com esse uniforme brega, o que a Blake vai pensar quando eu for buscar ela?
 
  Assim que deixei o carro estacionado, andei ate a entrada e finalmente respirei o ar de um lar doce lar. Tudo que preciso agora é de um banho quente e minha cama.
 
  — Alexander. — A voz ressoa da escadaria. — Chegando essas horas? Comemorou bastante, pelo visto.
 
  — Mãe? — Não pude esconder minha surpresa.
 
  Nada agradável, por sinal. Ela cruzou os braços e sorriu de forma meticulosa, como sempre faz quando quer conversar sobre algo errado. Mais especificamente, quando eu faço algo errado.
 
  — Não vai dar um abraço na sua mãe, querido? — Ela bocejou. — Eu já deveria estar na cama depois de uma viajem longa. Mas dormir sem ver meu filho? Nunca. Que tipo de mãe eu seria?
 
  Isso não vai acabar tão cedo...

S.O.S Adolescentes No Ensino Médio (ORIGINAL)Onde histórias criam vida. Descubra agora