| 41. Hipóteses |

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    ( Guenevere Blake Lavender )      — Vocês estão malucos? — Questionei os jogadores assim que Tyler e Alexa correram e pararam em frente a porta

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  ( Guenevere Blake Lavender )
 
 
  — Vocês estão malucos? — Questionei os jogadores assim que Tyler e Alexa correram e pararam em frente a porta.
 
  Caramba, isso pode trazer tantos problemas. O que esses idiotas tem na cabeça? Caramba...
 
  — Abram a droga da porta. — Alexa falou irritada.
 
  Os jogadores franziram o cenho, sem intenção alguma de fazer o que estávamos mandando. Aquilo fez meu sangue ferver, pouco a pouco mexendo com minha paciência. Por que isso é tão normalizado por aqui? Que coisa mais infantil!
 
  — Não podem dizer o que devemos fazer. Não estão vendo que estamos no meio de uma coisa? — Um deles respondeu com um sorriso arrogante nos lábios.
 
  Tyler arregacou as mangas do uniforme e se aproximou.
 
  — Então não abram a porta. — Sua voz emitia irritação nítida. — Jessy, se afasta da porta. Agora!
 
  E em poucos segundos, Hastes chutou o mais forte que podia próximo da maçaneta da porta. Não faço ideia de como ele sabia, mas funcionou, libertando Jessy daquele lugar. Ele entrou e buscou a garota, abraçando seu corpo. A maquiagem dos olhos dela estava borrada, provavelmente de seu choro desesperado.
 
  Mas tanto eu quanto Alexa estávamos impressionadas com o método de Tyler de abrir aquela porta. Bem inesperado, para dizer o mínimo.
 
  E outra coisa ainda mais surpreendente apareceu: Richy. Ele se aproximou da cena com confusão estampada em seu olhar, largando a mochila em qualquer lugar e correndo para perto de Tyler e Jessy.
 
  — Que droga aconteceu aqui? — Vociferou, olhando para os atletas. — Porra, não era pra fazer isso agora, vocês são uns imbecis!
 
  Seu olhar vagou para Jessica, ainda recuperando o fôlego e se acalmando da situação, enxugando as lágrimas e tentando tirar o borrado da maquiagem. Tyler afagava seus ombros numa tentativa de amenizar toda a situação. Richy tentou se aproximar, mas logo foi repelido.
 
  — Jessy, eu...
 
  — Já chega! — Esbravejou. — Eu não aguento mais ser tratada como lixo por um cara tão idiota como você. As piadas eu engoli, sua arrogância sem motivo, ser ignorada e afastada, eu tentei de tudo e mesmo assim, eu sempre acabo sendo alvo das suas maldades. Isso... — Ela apontou para o armário na qual foi trancada. — Isso foi a gota d'água. Eu nem sei como alguém igual você tem amigos... mas vendo por esse lado, a maçã podre nunca cai longe da árvore.
 
  E então, sendo seguida por Alexa, Jessy andou rapidamente para longe dali, provavelmente em direção ao banheiro feminino, desaparecendo assim que dobrou o corredor. Senti um leve dejavu com toda essa situação, o que seria cômico se não fosse trágico.
 
  Me peguei olhando para Richard e pensando no que exatamente leva os caras a se comportarem como crianças imaturas e maldosas com as pessoas que não gostam? Não acho que tenha outra resposta melhor do que drama, pra esse caso.
 
  — O que você tem nessa sua cabeça? — Tyler o confrontou, tão indignado quanto Jessy. — Você nunca agiu dessa forma, fazendo essas brincadeiras estrupidas, Danforth. — Seus braços cruzaram assim que Richy bufou e revirou os olhos. — Sabe o quanto envergonhou eu e Alexa agora? Sabe o tanto que tentamos ajudar a Jessica a se dar bem com você. Depois disso tudo, você consegue me fazer passar por um mentiroso. Caramba, o que vocês atletas metidos tem na cabeça? Porque cérebro não é um opção.
 
  Richard pegou a mochila do chão e colocou de volta no ombro, agindo como se não estivesse ligando pro sermão.
 
  — Voltem pra suas vidas. Não tem nada pra ver aqui. — Hastes aumentou a voz para despachar os curiosos que estavam pelos arredores.
 
  Como um bom corta clima, as pessoas foram se retirando aos poucos, chocadas, irritadas, entediadas...
 
  — Até parece meu pai falando desse jeito. — Danforth satirizou. — Eu não ia fazer essa brincadeira assim... ela foi muito dramática agora.
 
  — Jessy tem claustrofobia, seu otário de merda. — Acentuou Tyler, dando um tapa no ombro do amigo. — Cara, a gente se conhece ha tempos, Alexa o conhece mais do que eu, mas foi só essa garota se mudar pra sua casa que você começou a agir igual um idiota.
 
  Richard revirou os olhos e ajustou a mochila no ombro com impaciência dessa vez. Poderia não ser tão óbvio, mas havia algo que para mim era bem nítido.
 
  — Por que não fala que gosta dela e para de agir igual babaca? — O questionei, recebendo uma fuzilada de olhar.
 
  Bingo. Eu sabia que tinha coisa nisso tudo.
 
  — Você não sabe de nada, então é melhor ficar quieta. — Richy falou entre dentes e olhou para Hastes. — E me dei me em paz, tá legal? Já tenho problemas demais pra resolver.
 
  E depois de seu chilique, ele saiu andando pelo corredor como se estivesse em plena razão. Revirei os olhos, identificando esse comportamento clássico nos garotos. Afinal, Alex Rutherford consegue ser pior, e se eu tenho paciência com isso, os outros são fichas.
 
  — Vou ver se está tudo bem com as meninas. — Tyler tocou meu ombro e avisou assim que o sinal bateu. — A gente se encontra no intervalo.
 
  — Espero que ela esteja bem agora. — Assenti e nos despedimos.
 
  Peguei minhas coisas e fui direto para a sala do professor Hendrix. Ele irá passar um trabalho hoje para complementar a nota das provas que serão aplicadas semana que vem. Não que eu precisasse de pontos sobrando, entretanto, não custa previnir problemas futuros, não é mesmo?
 
  Assim que cheguei, Alex não estava no lugar que pensei que estaria. Estranhei um pouco, pensando no que ele estaria fazendo. E óbvio, os olhos estavam em mim, como sempre.
 
  Não sei por quanto tempo seria uma novidade para esse pessoal que eu e Alex estamos... namorando. Admito ter um certo pé atrás com tudo isso, só que esse sentimento parece sumir sempre que estou com ele. Se substitui por uma nostalgia engraçada que me deixa nervosa.
 
  — Tudo bem, turma. — O professor Hendrix se levantou. — Hoje teremos um trabalho importante, como mencionei aula passada. Cada dupla fará uma pesquisa relacionada com um dos temas que colocarei no quadro. Vamos sortear e decidir quem ficará com o que.
 
  E até agora, nada do Alex. Suspirei como um sinal de desistência em esperar que ele aparecesse, abrindo meu caderno e anotando sobre o trabalho. Quando notei, o tempo passou o suficiente para a aula finalizar e o sinal bater. Quando todos estavam recolhendo suas coisas e saindo da sala, Alex aparece um pouco apressado.
 
  — Rutherford. Não acha que está um pouco atrasado hoje? — O senhor Hendrix perguntou de forma sarcástica.
 
  — O treinador precisou de mim. — Informou. — Sobre o trabalho...
 
  — Pergunte a sua dupla. Vejo-o na próxima aula. — E então, o professor pegou sua maleta e saiu de sala.
 
  Encarei Alex com certo aborrecimento, mas não me importando tanto, sinceramente. Eu anotei tudo, não perdemos nada do que o professor passou. Graças a mim, não perdemos nada.
 
  — Me deve uma. — O cortei antes que ele pudesse falar.
 
  Ele me seguiu pelos corredores e não falou nada o caminho todo. As vezes, tentei ver suas expressões pela visão periferica. Ele parecia... perdido?
 
  — Disse que ia falar com o Daniel e o Timothy. — Quebrei o silêncio estranho. — Conseguiu?
 
  — Ah, sim, sim. Eles vivem pelos cantos, às vezes não sei onde estão. — Ele deu de ombros. — Mas achei eles.
 
  E assim que cheguei no meu armário e comecei a organizar minhas coisas, suspirei meio cansada de sentir que tinha algo errado rolando e ele não estava querendo falar. Fechei a porta de metal e, bem no momento que abri a boca para o questionar, ele me corta.
 
  — Depois da aula, vou te levar pra minha casa. — Disse, por fim.
 
  Franzi o cenho confusa e, de certa forma, surpresa. Eu não esperava muito por isso.
 
  — Incrível como não me perguntou se eu gostaria de ir. — Ironizei.
 
  — Porque eu a convenceria de qualquer modo a ir comigo. — Respondeu com seu sorriso ladino. — Janta na minha casa. A gente assiste a algum filme e depois eu te levo de volta pra sua casa.
 
  Aquele convite me fez sentir certas borboletas no estômago. Eu não esperava que ele fosse ser tão... direto. E mesmo com sua pose confiante e um sorriso que conseguir me deixar sem ar, seu pé batucava com certa impaciência.
 
  Não diria impaciência. Nervosismo...?
 
  — Você vai cozinhar? — Falei a primeira coisa que me veio em mente.
 
  — Óbvio que não. — Revirou os olhos num sorriso sarcástico. — Não preciso quando tenho os melhores cozinheiros na minha casa. É só pedir, e eles fazem.
 
  Ah, claro. Esqueci que a realeza é mimada.
 
  — Coitado do príncipe que não sabe sobreviver sozinho. — Ironizei até ele revirar os olhos. — Tudo bem então...
 
  Quando concordei com seu convite, ele pareceu até ficar meio surpreso. Até eu fiquei, sinceramente. Agora que parei para pensar bem:
 
  Eu e Alex assistindo a um filme, sozinhos... isso não me parece muito seguro para minha cabeça.
 
  Ele se aproximou e levantou um pouco meu queixo com o indicador, e do nada, me beijou. Foi algo simples, doce de sua parte, arrepiando meu corpo. Fiquei meio sem graça depois.
 
  — Não deveria fazer isso aqui. — Resmunguei.
 
  — Ah, quer ir para um lugar mais privado? — Ele sempre consegue achar uma brecha.
 
  — Meus amigos estão me esperando. — Mudei de assunto e andei para a cafeteria, sentindo meu estômago com as borboletas.
 
  Tenho algumas hipóteses do que aconteceria se estivéssemos a sós em sua casa... e sinceramente, não me orgulho muito de pensar essas coisas.

S.O.S Adolescentes No Ensino Médio (ORIGINAL)Onde histórias criam vida. Descubra agora