( Guenevere Blake Lavender )
Depois de reforçar o perfume, me olhei no espelho por alguns minutos. Não faço ideia do que falta.
Shorts jeans, tênis, blusa dos Smiths que ganhei no Natal do ano passado e sem presilhas no cabelo. Eu não fiquei com saco de fazer uma maquiagem elaborado, então usei máscara de cílios e gloss.
Talvez seja só o nervosismo querendo me deixar inquieta. Eu precisava focar no que eu realmente tenho que fazer essa noite: me resolver com Alex de uma vez por todas.
Quero poder ir pro colégio sem sentir que algo vai acontecer, e sem ficar com a consciência pesada por provavelmente ter magoado ele. Meio contraditório pensar que alguém como Alex Rutherford Turner se magoaria por causa de meras palavras, mas eu sinto isso. Sinto que isso me incomoda mais do que incomoda a ele, pelo menos.
Nate já tinha saído junto com Justin, Evan e Lance na van que Evan tem. Queriam me levar junto, entretanto eu precisava de um tempo sozinha pra organizar as coisas que vou falar pra Alex essa noite.
Recebi mensagem do Tyler no celular. Ele estava me esperando na frente da minha casa junto com Jessy e Alexa. Por ora, preciso tentar me divertir um pouco. Minha cabeça dói só de lembrar o esforço que foi pra me concentrar em estudar essa manhã, já que minha cabeça só queria focar em uma coisa...
— É noite dos Dragons! — Tyler comemorou.
Ele tinha o rosto pintado de vermelho e dourado, cor do uniforme do time. Alexa estava linda em seu uniforme se líder de torcida e Jéssica tinha apitos pendurados no pescoço.
— Não entendo nada desse jogo, mas gritar é comigo mesma. — Falou sorridente, me fazendo sorrir.
— Não tem muito o que entender, Jessy. Só torcer já está bom. — Respondi assim que me acomodei ao seu lado.
Tyler aumentou o som, deixando BackStreet Boys preencher o carro e fazendo com que o clima se elevasse. Gosto de estar ao lado dos meus amigos, porque eles me fazer sentir que nada é tão ruim assim. Eu consigo sempre ver um lado bom pra tudo, e eu sempre tento dar meu melhor para os ajudar também.
Assim que estacionamos, era possível notar tamanha movimentação no lugar. Parece que esses jogos são bem importantes pra esse pessoal mesmo.
Desci do carro e vi as luzes do campo iluminarem fortemente o gramado verde. Uma banda tocava ao longe e as líderes de torcida dançavam de lá pra cá. Também tinha vários confetes por aí, e a plateia ficava cada vez mais animada.
— Cara, esse jogo vai ser demais! — Tyler dizia enquanto andávamos para ficar em algum lugar na arquibancada. — Mais um troféu pro nosso colégio e entramos no top 2 do ranking nacional de times escolares!
— Sem contar na verba que o diretor Coleman vai receber. — Alexa complementou. — Imagina! Mais passeios escolares, melhorias no colégio, e os bailes vão ficar cada vez mais chiques, cheio de coisas, decorações, temas elaborados. Isso vai ser demais!
De fato, times que conquistavam troféus para as escolar garantiam verbas por causa desse ranking nacional. Era importante para a carreira de todos que querem ingressar no esporte, e também exerce um papel de popularidade e destaque no colégio.
— Acho que esse lugar tá ótimo! — Jessy acenou e nos aproximamos. Estávamos relativamente longe do campo, mas num ótimo ângulo para ver de uma ponta até outra.
Meus amigos estavam nessa também. Seria bom para eles conseguir a vitória, e por dentro, eu torço por eles igualmente.
Não sou fã de esportes. Isso sempre foi claro.
— Tenho que ir com as meninas, mas vejo vocês depois. — Alexa assoprou um beijo para nós e foi com o grupo de líder de torcida que já estavam se organizando.
Era muito barulhento, e isso fazia com que a serotonina subisse pelo sangue, mas mesmo com tudo isso, não consigo focar em outra coisa a não ser no que planejei fazer essa noite.
Tyler segurou minha mão por um momento.
— Tenta aproveitar só um pouco e parar de pensar nas outras coisas. — Pediu. — Olha só essa multidão! Se anima, garota. Vamo gritar e assoprar esses apitos que a Jessy trouxe. Nem todo mundo precisa gostar e entender um esporte pra torcer por ele.
Revirei os olhos e Jessica colocou um apito em volta de meu pescoço. Em seguida, riu me abraçando.
— Assopra comigo, porque hoje eu tô pra barulho! — Ela assoprou o apito e um agudo saiu.
— Vou ficar surda desse jeito. — Não evitei de rir com isso e Tyler assoprou o apito do meu outro lado.
— Assopra! — Eles diziam.
E então, posicionei os lábios do pequeno plástico e assoprei o mais forte que pude, e os dois seguiram da mesma forma assim que os jogadores entraram em campo.
A galera foi a loucura, gritando, batendo palmas e pulando. O juíz já estava posicionado e com o alto falante, começaram a apresentar e iniciar o jogo.
Os nomes de cada integrante eram anunciados assim que entravam no campo, e seus números eram proferidos também. Alex era o número quatorze, Timothy o trinta e um e Daniel era o número dezesseis.
Depois de poucos minutos, os jogadores se posicionaram em campo. Não demorou muito para que iniciassem a partida.
Era meio confuso ver a bola sendo jogada de rede em rede. Os caras altos correndo feito loucos e empurrando os oponentes para os lados pra conseguir essa bolinha e arremessar na trave adversária. Por mais que eu não gostasse, era algo que fazia a ansiedade dar uma leve agitada.
Infelizmente, o jogo seguia num caos de formando aos poucos. Os Dragons estavam jogando muito bem, mas os Juniors estavam o alcançando muito fácil e muito rápido. Isso estava começando a preocupar o pessoal.
Mas o choque foi quando a pontuação realmente teve uma discrepância, e os Dragons estavam à beira de perder. A maioria do pessoal estava tensa, preocupada e sem entender o que estava acontecendo.
— Alex não está bem. — Tyler falou com o cenho franzido, preocupado com o comprometimento da partida.
O encarei completamente confusa. A culpa era dele?
— Como assim? — Jessy Questionou.
— Ele tá errando vários arremessos, saindo de posição o tempo todo. — Hastes estava angustiado. — Poxa, parece que ele nem tá naquele campo. Se perdermos, a culpa vai praticamente pra ele.
— Isso não é justo! — Exclamei. — O time não está todo nas costas dele. Todos ali estão jogando mal, se estiverem perdendo.
— Mas isso não importa pras pessoas, Blake. — Explicou. — Alex é o capitão. Ele cobra mais dos jogadores do que o próprio técnico. Ele deve ser o exemplo. E se está jogando tão mal, não tem como escapar de receber toda a culpa por isso.
Franzi as sobrancelhas. Isso não é justo. O peso de tudo isso, da torcida, as expectativas das pessoas, a ganância envolvida pelos prêmios, tudo isso está nos ombros dele. Alex está estressado demais esses últimos dias depois de todas as coisas que vem acontecendo, e agora tem mais um peso pra carregar por causa das outras pessoas.
E mesmo que ele afirme tanto que não liga para o aue os outros pensam, isso caindo em massa sobre ele não faz bem. Ele não está nada bem.
E eu sei que parte dessa culpa é minha.
— Olha, está no intervalo. Quem sabe ele não toma um pouco de água e tenta se animar um pouco. — Jessy sempre estava olhando o lado positivo da situação.
Mas agora, a culpa me corroeu com mais avidez.
Eu não sabia exatamente o que fazer naquelas circunstâncias. Alex estava sendo prejudicado, e uma das razões eram eu. Mesmo com sue orgulho, sei que carregar tudo isso pode fazer mal pra ele.
Já está fazendo.
— Ei, onde você vai? — Jessy perguntou depois que sai de meus devaneios de alguns minutos.
— O intervalo já terminou. Eles vai entrar em campo. — Hastes informou enquanto bebia uma latinha de Coca-Cola.
Respirei fundo, decidida a mergulhar de cabeça num plano improvisado e completamente desesperado que invento agora.
— Preciso salvar esse jogo. — Eu falei. — Preciso ajudar o Alex.
Tyler segurou meu pulso.
— Não pode entrar naquele campo. Você pode se machucar, garota! — Alertou, tentando me puxar.
— Tyler, eu sei que se preocupa comigo, mas eu preciso resolver de uma vez por todas o problema que está no meu pé por dias! — Puxei minha mão. — Eu já fiz minha escolha... Mesmo não sendo meu plano, eu preciso fazer agora, ou todos nós vamos sair perdendo.
— Espera, Blake...! — Ele gritou, mas deslizei pelas pessoas para sair da arquibancada.
Eu desci com cuidado, mas apressada, pois os jogadores já estavam indo para suas posições. Me esbarrei com várias pessoas, mas não tinha tempo de me desculpar por isso.
Tinham seguranças na beira do campo, justamente para evitar tumultos ou algum imprevisto. Procurei pela camisa de número quartorze ao longe, e assim que visualizei, engoli seco e tomei coragem de seguir meu caminho.
Esperei para que os seguranças se distraissem. Assim que aconteceu, nem pensei a tes de agir.
Eu corri.
Corri o mais rápido que pude na direção dele, sentindo meus pulmões inflarem e murcharem rapidamente, mas sem cogitar em parar.
— Atenção! Uma garota maluca acaba de invadir o campo! — A voz do alto falante anunciou. — Não iniciem o tempo. Repito,.não iniciem o tempo.
Alguns jogadores voltaram a atenção ao arredor. Olhos procuravam por mim e eu sabia que agora eu tinha virado a atração principal.
Parei por um momento para tomar um fôlego. Nesse tempo, consegui notar que a cabeça de Alex se virou em minha direção.
— Alex! — O chamei, exclamando o mais alto que pude, mas ainda assim, com tão pouco fôlego, era muito complicado. — Alex!!
— Invasão de campo. Seguranças! — O alto falante soou novamente, e quando olhei para trás, eles estavam correndo rapidamente em minha direção.
Voltei a correr rápido na direção de Alex, acenando para que ele me visse.
— Alex! — Eu gritava.
Meu coração vibrou quando notei que ele havia tirado o capacete e voltado a olhar em minha direção. Rapidamente, o capacete foi ao chão e ele começou a correr a meu encontro.
Quando pensei que estava tão perto, senti braços me segurando. Um par em cada lado, me parando forçadamente e agora, me puxando para voltar pra arquibancada.
— Não pode invadir o campo, mocinha. — A voz era gutural.
— É proibido! Você quer se machucar? Onde estão seus pais? — O outro quesitonada irritado.
— Não! Me soltem, eu preciso... Eu preciso falar com o Alex! — Tentei me desvincilhar de seus braços mas era quase impossível.
Eram altos demais e fortes demajs pra mim.
Assim que olhei, senti meu coração palpitar maks uma vez. Alex conseguiu chegar antes que me levassem.
— Soltem ela. — Falou em tom irritado. — Mandei soltar!
E os seguranças se olharam confusos, e de certa forma, amedrontados.
— Senhor Rutherford, é proibido...
— Eu não vou repetir. — Alex e seu tom sombrio na voz que fazia até eu ter medo.
A essa altura, sei que todos estavam confusos com o que estava acontecendo, e a maioria da plateia gritava para que o jogo continuasse e vaiava pela demora. Tomei fôlego quando os seguranças se afastaram e Alex se aproximou.
— Como consegue ser tão burra em correr pra cá? — Questionou irritado. — Você podia se machucar. O que deu nessa sua cabeça, Guenevere?
Eu abri a boca pra falar, até perceber que ele não ia me escutar. Eu encarei seus olhos de gato, perdida nas cores distintas, vendo o suor em sua testa e a confusão em sua face.
Não posso desistir agora.
— Você tá atrapalhando uma coisa importante. Não sei se percebeu isso, mas... — E antes que ele terminasse suas reclamações raivosas, fiquei na ponta dos pés e juntei nossos lábios.
Não quero mais ligar pra opinião de ninguém. Eu quero fazer o que sinto ser o certo, e quero provar a ele que não sou aquilo que pensa.
Quero fazer minhas escolhas, certas e erradas, e aprender com elas. Quero parar de sentir medo toda vez que tento algo novo. E, acima de tudo, quero me permitir sentir e me arrepender quando bem entendo.
Pra isso, eu preciso viver. E viver é seguir o coração, independente dos riscos. E eu seria uma tola se continuasse mentindo pra mim mesma.
Talvez Alex e eu não devêssemos namorar. Mas isso quem vai decidir é a gente, a partir de hoje.
Quando nossos lábios se separaram, a plateia ficou mais caótica, assobia do, aplaudindo ferozmente. Eu respirei fundo e o encarei, sentindo meu rosto ficar vermelho.
— Não ligo pro que as pessoas pensam. — Murmurei. — Quero fazer as coisas por mim. E você deve fazer as coisas por você. Por favor, Alex, jogue porque gosta. Vença porque quer.
E então, eu percebi um brilho voltar em seu olhar. Sua mão agarrou minha cintura fortemente, e decididamente, Alex me beijou com mais intensidade, na frente de toda a West High e O.J Actis.
Isso vai tomar uma proporção maior do que pensei que tomaria.
Depois de me beijar, recuperamos o fôlego e voltamos a realidade.
— Volte pra lá. — Ele Murmurou pra mim. — Tenho um jogo pra vencer antes de terminarmos essa conversa. — Sorriu ladino, me fazendo sentir calafrios pela espinha.
Seu corpo se afastou e então, segui os seguranças em passos apressados.
Eu mal conseguia sentir o chão com tudo aquilo, e ver o pessoal gritando e me aplaudindo por causa daquele beijo me deixou nervosa e super sem graça.
— MEU DEUS, GAROTA! — Tyler berrou assim que voltei pro meu lugar. — Que cena de cinema, que ato de novela, que tudo, que maravilha!
— Estou vivendo num filme. — Jessy parecia tão feliz quanto. — Caramba, que perfeição! — Ela me agarrou forte, dando pulinhos. — Estou embasbacada até agora, Blake. Como isso conseguiu ser tão perfeito? A química entre vocês dois... Eu estou sem palavras.
Sorri sem jeito, mas senti algo novo me preencher.
Tyler acariciou o dorso de minha mão e seu olhar me dizia o que eu sentia por dentro.
— Estou orgulhoso. — Falou. — Fez o que quis e conseguiu fazer história ao mesmo tempo. Essa nova versão da Blake é, sem dúvidas, a melhor que já pude conhecer.
E aquilo fez meu coração bater forte, quente e acolhido. Eu consegui engolir o medo e fazer o que eu queria, me expressar e acho que foi um passo para me resolver com Alex. Lara mim, era o bastante.
Depois de longos minutos, o jogo chegou ao fim. Os Dragons venceram, reviravolta impressionante que impactou West High inteira. Alex foi carregado numa onda de torcedores, gritando e comemorando o jogando para cima com o grande troféu em mãos.
Fiquei triste, por um lado, pois meus amigos infelizmente perderam. Mas uma felicidade especial tinha um espaço maior dentro de mim.
Tyler, Jessy e eu andamos para o estacionamento. Estavamos conversando, rindo e comentando sobre o jogo até Alexa chegar para irmos embora dali. Eles queriam comemorar toda essa aventura com hambúrgueres e milkshake, e não parecia ser uma má ideia.
— Acho que depois disso a gente pode fazer uma festa do pijama na minha casa. — Tyler sugeriu.
— A ideia é fantástica. Você vem, né Blake? — Alexa falou animada enquanto guardava os pompons metálicos de carmesim no banco de trás do carro de Hastes.
Eu abri minha boca para aceitar, já que seria diferente e bem proveitoso, mas fui cortada assim que senti algo me envolver. Um casaco de time. Minha respiração falhou logo em seguida.
— Ela já tem compromisso. — Alex informou, colocando seu braço ao redor de meu ombro e basicamente me tirando dali sem mais nem menos.
Dei um tchauzinho meio desengonçado para meus amigos e virei minha atenção para Alex.
— Ei, não pode me tirar dos lugares desse jeito! — Falei irritada, mas ele sorria como se nada importasse. — Nem compromisso eu tenho!
— Ah, mas você tem. — Parei em frente ao seu carro e ele me encurralou bem na porta do passageiro. Seus braços estavam em volta, para não me deixar escapar. Engoli seco, sentindo meu coração querer sair pela boca. — Temos muito o que conversar, você não acha?
Desviei o olhar completamente sem graça.
— Agora tá tímida? Você meio que me beijou na frente de todo mundo. — Ele sabia como apertar os botões e começar a me tirar do sério. — Pra quem dizia que não era minha namorada, acabou de fazer o oposto do que namoradas fazem.
— E se eu quiser ser sua namorada? — Rebati em automático, mas séria, mastigando o medo e engolindo devagar, sentindo-o arranhar minha garganta. — Quer dizer... Eu...
Alex suspirou uma risada e destravou o carro.
— Entra aí, Guenevere. O assunto está ficando interessante...
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S.O.S Adolescentes No Ensino Médio (ORIGINAL)
RomanceÉ possível que o ódio desencadeie um amor? Ao conseguir uma bolsa de estudos para um colégio de elite em sua cidade natal, Bakersfield, Güenevere Blake acaba descobrindo as dificuldades que é estudar num ambiente rodeado de pessoas da classe alta. I...