É possível que o ódio desencadeie um amor?
Ao conseguir uma bolsa de estudos para um colégio de elite em sua cidade natal, Bakersfield, Güenevere Blake acaba descobrindo as dificuldades que é estudar num ambiente rodeado de pessoas da classe alta. I...
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( Guenevere Blake Lavender )
O carro permaneceu bem mais silencioso do que o normal. Não adiantava tentar focar em nada que o rádio soava. Nenhuma música era o bastante para abafar um silêncio tão ensurdecedor.
Me senti nervosa durante o percurso misterioso, já que não faço ideia de onde estávamos indo. Alex não falava nada, e parecia nem olhar pra mim direito, mas não era como se seu humor tivesse mudado. Ele ainda possuía um sorriso nos lábios. Era sútil, quase imperceptível.
Depois de alguns minutos, assim que começou a chover, Alex parou num estacionamento em frente a uma rede de fast food. Ele deixou o carro ligado para que o aquecedor continuasse funcionando.
O ouvi respirar fundo, e depois de tomar coragem, me virei em sua direção. Ele acabou fazendo o mesmo.
- Primeira pergunta. - Começou, e eu fechei minha boca em seguida, sabendo que ele não iria me deixar falar primeiro. - O que somos?
Arregalei os olhos pela tamanha ousadia de pergunta.
- Bem direito você, nossa... - Cocei a nuca me sentindo completamente sem graça.
- Uma hora diz que me odeia, e na outra me beija na frente de todo o colégio. Não pode me culpar por querer esclarecer o básico. - Argumentou, me deixando ainda mais sem graça. - Isso entre a gente, que você sabe que existe. E não é ódio. Você sabe que não é.
Dei de ombros, tentando fazer as palavras sairem. Que contraditório, normalmente é ele que mal sabe o que dizer.
- Eu quero ser sincera, tá legal? E uma parte de mim odeia você por muitos, muitos motivos. - Consegui esclarecer uma parte. - E por mais que eu quisesse só ouvir esse lado, tem o outro que não me permite fazer isso...
Alex me observou atentamente. O pára-brisa já estava encharcado e as gostas de água desciam rapidamente. Senti o clima ficar mais quente do que deveria, e de repente, respirar havia se tornado uma tarefa desengonçada.
- Porque ele gosta de você. - Admiti. - E-eu gosto de você.
Respirei fundo pra tentar falar tudo com clareza.
- As coisas que falei... eu estava com medo de admitir isso, e eu só queria pensar diferente porque seria melhor para nós dois que isso não acontecesse. - Continuei. - Mas seria completamente injusto invalidar o que você sente por causa do meu medo. Eu só queria pedir desculpas, de verdade, Alex. Eu não tenho direito de fazer isso com ninguém. As coisas andam super complicadas desde o dia que pisei em West High.
Ele umedeceu os lábios, pensativo até demais. Engoli seco enquanto esperava alguma palavra ecoar.
- Eu também não queria que isso acontecesse. - Revelou, me deixando confusa. - E eu não ligo pro que as pessoas pensam, mas eu não queria que acontecesse porque...
