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Luther entregou duas canecas de café, uma para Kateryna e outra para Cinco, enquanto a tensão na sala permanecia palpável.

— Eram assassinos? — Luther perguntou, mantendo o olhar fixo em Kateryna.

Ela segurou a caneca com as duas mãos, sentindo o calor se espalhar por seus dedos. Deu um gole antes de responder, como se precisasse de um momento para encontrar as palavras certas.

— Sim. — Kateryna respondeu finalmente, sua voz baixa e cheia de pesar.

Luther, ainda intrigado, continuou a questioná-la.

— Mas tinham um código, certo? — Ele insistiu. — Não matavam qualquer um.

Kateryna desviou o olhar, presa em seus pensamentos. Por um momento, pareceu que ela estava em outro lugar, talvez revivendo memórias que preferia esquecer.

— Nenhum código. — Kateryna murmurou, quase para si mesma. A caneca de café parecia pesar mais em suas mãos.

— Eliminávamos quem interferisse. — Cinco interveio, sua voz firme e sem hesitação.

Luther franziu a testa, a frustração começando a se formar.

— E pessoas inocentes? — Ele perguntou, sua voz carregada de incredulidade.

Cinco respirou fundo, ciente do peso de suas palavras, mas manteve sua expressão resoluta.

— Era a única forma de voltar. — Cinco afirmou, com a convicção de alguém que acreditava que estava fazendo o que era necessário, mesmo que a linha entre o certo e o errado estivesse borrada.

Luther balançou a cabeça em descrença.

— Mas era homicídio.

Kateryna não conseguiu evitar uma risada curta, quase amarga.

— Credo, Luther, cresce. — Ela comentou, com um tom de impaciência. — Já não somos crianças. Não existe "bons e maus". Só pessoas, que vivem suas vidas.

Luther encarou a irmã, tentando processar o que ela estava dizendo, mas Cinco, como sempre, foi direto ao ponto.

— Mas quando o mundo acaba, todos morrem, incluindo nossa família. O tempo muda tudo. — Cinco acrescentou, com a dureza de alguém que já havia enfrentado essa realidade muitas vezes.

Kateryna olhou para Cinco, um entendimento silencioso passando entre eles. Ambos haviam feito coisas que não poderiam desfazer, escolhas que não podiam mudar. Mas ali, naquele momento, só podiam seguir em frente, tentando encontrar um caminho em meio ao caos.

Luther, segurando sua própria caneca de café, se recostou na cadeira, absorvendo as palavras de Cinco. A realidade era dura, e ele sabia que estava lidando com coisas muito além de sua compreensão. O que Kateryna e Cinco haviam feito era impensável para ele, mas também era inegável que tudo isso fazia parte de uma batalha maior, uma luta pela sobrevivência em um mundo que estava à beira do colapso.

— O que fazemos agora? — Luther finalmente perguntou, sua voz um pouco mais calma, mas ainda com um toque de incerteza.

— Sobrevivemos. — Kateryna respondeu simplesmente, dando mais um gole no café.

Cinco assentiu, concordando em silêncio. A luta deles estava longe de terminar, mas, por enquanto, tudo o que podiam fazer era continuar, juntos, em meio ao caos que os cercava.

Kateryna tomou outro gole de café, tentando afastar a sensação de desespero que vinha crescendo dentro dela. Cada vez que o assunto do apocalipse surgia, uma parte dela queria correr para longe, fugir da responsabilidade que sentia sobre os ombros. Mas sabia que não havia para onde correr. Estava presa naquele ciclo, tanto quanto qualquer um deles.

Luther olhou de Kateryna para Cinco, seu rosto uma mistura de preocupação e resignação. Ele sabia que havia mais coisas que Kateryna e Cinco estavam escondendo, mais segredos que ainda não tinham sido revelados. Mas, por enquanto, não adiantava forçar. Eles eram os únicos que realmente entendiam o que estava acontecendo, e ele precisava confiar que iriam compartilhar o que fosse necessário quando chegasse a hora.

— Sobreviver... — Luther repetiu, quase como se estivesse testando a palavra em sua boca. — Isso é tudo o que temos feito, não é? Desde que éramos crianças. Tentando sobreviver a um pai que nunca nos amou, a uma academia que nunca foi um lar. E agora, tentando sobreviver ao fim do mundo.

Kateryna sorriu amargamente, assentindo.

— Talvez seja tudo o que qualquer um de nós possa fazer. — Ela comentou, com uma tristeza na voz que fez Luther perceber o quanto sua irmã estava cansada. Cansada de lutar, de fugir, de carregar o peso do que havia feito e do que ainda precisava fazer.

— Não é assim que deveria ser. — Luther murmurou, quase para si mesmo.

— Mas é assim que é. — Cinco respondeu, seu tom pragmático, mas com uma sombra de empatia que raramente mostrava.

Luther se recostou na cadeira, sentindo o peso das palavras de Cinco. Ele odiava admitir, mas Cinco estava certo. Não importava o que eles quisessem, o mundo continuava a se mover, e eles precisavam acompanhar o ritmo, ou seriam esmagados.

Kateryna observou o irmão mais velho, sabendo que ele estava lutando com sua própria desesperança. Desde que eram crianças, Luther sempre tinha tentado ser o pilar de força, o líder que todos podiam seguir. Mas agora, até ele estava começando a se desgastar. E ela sabia que, se Luther caísse, todos eles cairiam.

— Precisamos de um plano. — Kateryna finalmente disse, quebrando o silêncio. — Não podemos simplesmente continuar reagindo. Precisamos ser proativos.

Cinco olhou para ela, sua expressão ficando mais séria.

— Tenho pensado nisso. — Ele admitiu. — Precisamos encontrar uma maneira de parar o apocalipse, e rápido. As peças estão se movendo mais rápido do que antes. Não temos tanto tempo quanto eu pensei.

— E como fazemos isso? — Luther perguntou, tentando não deixar o pânico entrar em sua voz.

Cinco hesitou, e Kateryna percebeu que ele estava medindo suas palavras. Finalmente, ele falou.

— Precisamos achar o ponto de ruptura. O momento exato em que tudo desanda. Se conseguirmos impedir isso, talvez possamos salvar o mundo.

— E como encontramos esse ponto? — Luther perguntou.

— Precisamos de informações. Precisamos rastrear as pessoas e eventos que levam ao apocalipse. E para isso, vamos precisar de todos. — Cinco afirmou, olhando para Kateryna.

—Vamos para casa . Vou procurar Klaus ,onde quer que ele tenha estado já deve estar em casa. — Kateryna disse, começando a se levantar, mas sentindo uma pontada na lateral onde estava o ferimento. Mesmo assim, ela continuou, determinada. — Ele pode estar fora de si na maior parte do tempo, mas tem um jeito de aparecer quando precisamos dele.

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