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De volta à Umbrella Academy, o clima era de tensão e preocupação enquanto todos os irmãos se reuniam na "enfermaria" improvisada da casa. A atmosfera era pesada, cheia de incertezas. A visão de Allison deitada na maca, pálida e sem reação, fazia o coração de todos apertar. Grace, a mãe robô, estava ocupada examinando cuidadosamente os ferimentos de Allison, seu olhar impassível enquanto realizava suas tarefas com a precisão de uma máquina.

— Ela sofreu uma grave laceração na laringe. Um de vocês precisará doar sangue. — informou Grace, sua voz calma contrastando com a urgência da situação.

As palavras mal saíram da boca de Grace quando todos os irmãos falaram ao mesmo tempo:

— Eu doo!

A unidade deles naquele momento era palpável, cada um disposto a fazer qualquer coisa para salvar Allison. No entanto, antes que qualquer ação pudesse ser tomada, Luther se adiantou, com sua presença imponente dominando a sala.

— Eu doarei. — afirmou ele com convicção, sua voz carregada de determinação.

Kateryna, que estava ajudando Cinco a pressionar o corte de Allison para conter o sangramento, olhou para Luther com uma expressão hesitante. Ela sabia que havia complicações que precisavam ser consideradas, e por mais que Luther quisesse ajudar, isso não seria possível.

— Luth, eu acho que não é possível. — Kateryna disse suavemente, sua voz era um misto de cuidado e preocupação enquanto olhava para o irmão mais velho.

Luther franziu o cenho, confuso.

— Como assim? — perguntou ele, sentindo um aperto no peito, como se sua incapacidade de ajudar Allison fosse mais um golpe em sua já frágil confiança.

Antes que Kateryna pudesse explicar, Pogo, que observava a cena ao lado, se aproximou e colocou uma mão reconfortante no ombro de Luther.

— Receio que sua irmã esteja certa, menino. Seu sangue é mais compatível com o meu. — explicou Pogo, sua voz gentil, mas firme, tentando suavizar o golpe para Luther.

Luther abaixou a cabeça, frustrado, mas aceitou as palavras de Pogo com um aceno silencioso. Ele sabia que as modificações que Hargreeves havia feito em seu corpo o tornavam incompatível para uma simples transfusão de sangue.

Klaus, sempre tentando aliviar a tensão com seu humor peculiar, se adiantou com um sorriso travesso, estendendo o braço.

— Não esquente. Deixe comigo, garotão! — disse Klaus, sua voz carregada de falsa bravata. — Amo agulhar. — brincou, piscando para Luther como se isso fosse a coisa mais simples do mundo.

No entanto, Kateryna balançou a cabeça, percebendo a falha no plano de Klaus antes mesmo que ele pudesse concretizá-lo.

— Você também não pode, Klaus. Para além de ter tatuagens, seu sangue é muito poluído. — Kateryna disse, tentando ser delicada ao tocar no ponto sensível do irmão. Klaus imediatamente ficou cabisbaixo, seu entusiasmo diminuindo enquanto a realidade de sua condição o atingia.

Diego, que estava parado ao lado, decidiu agir. Ele não poderia simplesmente ficar ali enquanto seus irmãos tentavam e falhavam.

— Saia. Eu doo. — disse Diego, seu tom decidido enquanto se movia para trocar de lugar com Klaus.

Kateryna tentou impedi-lo, já prevendo o que aconteceria a seguir.

— Di, é melhor não. Você vai... — Kateryna começou, mas não teve tempo de terminar. Assim que Grace se aproximou com a seringa e a agulha, Diego ficou pálido e, em um piscar de olhos, desmaiou no chão. O som do corpo dele caindo fez a sala inteira se aquietar por um momento.

— ...desmaiar. — completou Kateryna com um suspiro, sacudindo a cabeça enquanto Klaus se abaixava para tentar acordar Diego, dando leves tapinhas no rosto dele.

— Diego, Diego... Ah, cara, você realmente precisa resolver essa fobia de agulhas. — Klaus murmurou, mas havia um toque de carinho em sua voz.

Kateryna não perdeu tempo. Sabia que a situação estava ficando mais crítica a cada segundo.

— Klaus, troca de lugar comigo. — pediu ela, sua voz firme e decidida. Klaus se levantou rapidamente e trocou de posição com Kateryna, agora ele e Cinco estavam encarregados de manter a pressão no ferimento de Allison.

Kateryna se posicionou ao lado de Grace, dobrando a manga de sua blusa até o meio do braço. Ela olhou para Allison, seu rosto suavizando por um momento enquanto acariciava suavemente o cabelo da irmã.

— Eu doo. Até temos o mesmo tipo de sangue. — Kateryna disse, olhando para Grace, que já preparava a seringa.

Grace assentiu, sua expressão permanecendo neutra, mas havia um brilho de aprovação em seus olhos. Enquanto ela se preparava para a transfusão, Kateryna fechou os olhos por um momento, tentando acalmar seu coração acelerado. Sentia o peso da responsabilidade, mas também uma profunda conexão com Allison. Elas sempre tiveram um vínculo especial, e agora, mais do que nunca, Kateryna sentia a necessidade de proteger a irmã.

A sala estava em silêncio enquanto Grace inseria a agulha no braço de Kateryna. O processo era lento e meticuloso. Klaus, que normalmente faria piadas ou tentaria aliviar a tensão, permaneceu quieto, observando atentamente, como se estivesse em um transe, absorvendo a gravidade do momento.

Cinco, por sua vez, mantinha a compostura, mas seus olhos estavam fixos no rosto de Kateryna, preocupado com o esforço que ela estava fazendo. Ele sabia que Kateryna estava forte o suficiente para suportar isso, mas o risco sempre estava lá. Eles não podiam perder outro irmão, não agora.

O tempo parecia se arrastar, cada segundo parecendo uma eternidade enquanto o sangue de Kateryna fluía lentamente para Allison. Ela mantinha os olhos fixos na irmã, murmurando palavras silenciosas de encorajamento, como se pudesse de alguma forma transmitir sua força para Allison.

Finalmente, Grace retirou a agulha, satisfeita com a quantidade de sangue que havia coletado.

— Isso deve ser suficiente. — disse Grace, sua voz calma como sempre, mas havia uma pequena inflexão de alívio.

Kateryna suspirou aliviada, mas o cansaço estava começando a se instalar. Ela se apoiou na parede, respirando fundo enquanto olhava para Allison, que agora estava recebendo o sangue que tanto precisava.

— Ela vai ficar bem? — Kateryna perguntou, a voz trêmula com a preocupação que ainda pairava sobre ela.

— Faremos o possível, querida. Mas agora, ela precisa de descanso e de tempo para se curar. — Grace respondeu, sua voz gentil, mas sem prometer nada que não pudesse cumprir.

Os irmãos permaneceram em silêncio, processando tudo o que havia acontecido. Kateryna sentiu uma mão pousar em seu ombro e, ao olhar para o lado, viu Cinco. Ele não disse nada, mas o gesto foi suficiente para ela saber que ele estava ali, que todos estavam juntos nessa.

Klaus, que havia finalmente conseguido acordar Diego, olhou ao redor da sala, sua expressão mais séria do que o normal.

— Não podemos deixar que isso continue. Precisamos parar o que quer que esteja causando isso. — disse ele, sua voz soando mais determinada do que o normal.

Linked DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora