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Eu tentava ao máximo segurar o riso enquanto observava Lila cuidando do Diego, mas a cena era simplesmente cômica demais para não me divertir. Diego, que normalmente era tão durão e corajoso, estava agora ali, à mercê da seriedade absoluta de Lila enquanto ela tratava do ferimento com uma paciência impensável para ela.

— Não se mexa. Essa coisa é muito delicada. — Lila falou, com uma seriedade quase ameaçadora, enquanto prensava o ferro quente na ferida de Diego, fazendo-o gritar de dor.

Eu não pude deixar de rir.

— O que aconteceu? — Diego perguntou, entre grunhidos de dor, tentando processar o que estava rolando ao seu redor.

— Salvamos sua vida estúpida. — Lila respondeu sem rodeios, continuando a trabalhar no curativo.

— Estava me seguindo? — Diego perguntou, ainda sem entender completamente a situação.

Revirei os olhos e cruzei os braços, inclinando-me contra a parede próxima.

— Ei, que tal um pouco de gratidão, garoto das facas? — perguntei, minha voz carregada de sarcasmo, mas com um toque de diversão.

Lila, sem perder tempo, complementou com um sorriso presunçoso: — Se não fosse por nós duas, você estaria morto. Aliás, essa é a segunda vez!

Eu soltei uma risada curta. — Décima vez, no meu caso. — O número de vezes que eu havia salvado o Diego estava bem além de qualquer contagem razoável a essa altura.

Diego olhou ao redor, como se estivesse apenas agora se dando conta da situação em que estava. — Cadê minhas roupas? O que houve com as minhas roupas?

Lila bufou, já claramente sem paciência. — Eu disse para não se mexer! — E, com isso, pressionou o ferro quente mais uma vez no ferimento, provocando um novo grito agudo de Diego, enquanto eu tentava (falhando miseravelmente) não rir alto.

— Isso. Assim é melhor. — Lila murmurou, satisfeita consigo mesma por ter feito Diego parar de se contorcer tanto.

Foi então que ouvi o familiar som de Cinco se teleportando e, de repente, lá estava ele, aparecendo de repente na sala com aquela expressão despreocupada, como se tudo estivesse sob controle, mesmo com o caos ao redor.

— Oh, ele não está morto! — Cinco comentou, quase com uma ponta de decepção na voz enquanto olhava para Diego.

— Decepcionado? — Lila rebateu, sem sequer levantar a cabeça.

Cinco deu de ombros e, com sua típica falta de filtro, respondeu com um tom seco: — Ah, em vê-la? Sempre.

Eu ri baixinho, já prevendo a troca afiada de insultos que provavelmente se seguiria. Lila, claro, não deixou por menos.

— Quanta hostilidade num pacote tão pequeno! — ela zombou, e eu finalmente deixei escapar uma gargalhada completa. A combinação de insultos e a dinâmica entre os dois sempre era algo digno de se assistir.

— Se cortou fazendo a barba? — Lila provocou Cinco, que estava com um corte no pescoço. — Eu lhe ensino a se barbear como um homem!

— Ah, Lila, por favor, continue, isso está ótimo. — murmurei, ainda me recuperando das risadas, enquanto Cinco parecia menos impressionado com o humor da situação.

Quando consegui me recompor, dei uma olhada mais cuidadosa no corte no pescoço de Cinco e percebi que ele estava sangrando mais do que o normal. Preocupada, aproximei-me, retirei o pano que ele estava usando para pressionar o ferimento e examinei os arranhões.

— Não, só encontrei um velho amigo da família. — Cinco disse, com aquele tom sombrio que sempre adotava quando falava de coisas graves. E eu sabia que, se ele estava falando assim, algo estava muito errado.

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