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Cinco e Kateryna estavam sentados lado a lado nos bancos junto ao bar na sala, a tensão no ar era palpável, mas ambos tentavam mascará-la atrás de uma fachada de normalidade. Cinco terminava de preparar duas margaritas com a destreza de quem já tinha feito isso incontáveis vezes. Ele estendeu uma das bebidas para Kateryna, que a aceitou com um aceno de cabeça e um pequeno sorriso de agradecimento.

— Toma! — disse Cinco, entregando o copo a ela antes de pegar o seu próprio.

Kateryna pegou a bebida e deu um gole, sentindo a mistura de sabores amargos e cítricos descer por sua garganta. Era uma sensação revigorante, quase como se o álcool pudesse limpar os pensamentos confusos em sua mente. Cinco a observava atentamente, como sempre fazia, seus olhos penetrantes captando cada pequena nuance em suas expressões.

— Agora, conte o que se passa! O que você sabe? — perguntou Cinco, sua voz tranquila, mas havia uma insistência em seu tom que Kateryna não podia ignorar.

Kateryna respirou fundo, girando o copo nas mãos, observando o líquido girar no fundo do vidro.

— Não é nada... — começou ela, hesitante, mas Cinco não desviou o olhar. — É só... é só uma ideia maluca. — murmurou Kateryna, levando o copo aos lábios novamente.

— Que ideia foi essa, кукла (bonequinha)? — Cinco a chamou suavemente, usando o apelido carinhoso que havia lhe dado, ao mesmo tempo em que estendia a mão e delicadamente colocava uma mecha de cabelo que caía sobre os olhos dela atrás de sua orelha.

Kateryna fechou os olhos por um breve momento, saboreando o toque suave, mas sabia que precisava continuar. Abriu os olhos e, encarando o líquido em seu copo, começou a falar.

— É apenas uma suposição... — iniciou ela, a voz baixa, quase como se estivesse falando consigo mesma. — E se na verdade... papai tenha mentido? E se quem matou Harold foi Vanya? E se ele apenas fosse a pessoa que iria desencadear o apocalipse e Vanya fosse quem o causasse? — Kateryna respirou fundo, tentando organizar os pensamentos. — E se Vanya tivesse poderes, mas eles fossem tão perigosos que papai os prendeu?

Cinco não a interrompeu, apenas acenou com a cabeça, incentivando-a a continuar. Ela tomou mais um gole da margarita antes de prosseguir.

— Isso até faz sentido, bate com algo que estava escrito na pasta do Apocalipse. — Kateryna continuou, sua voz tremendo levemente. — Lá estava tudo escrito, mas um nome específico estava manchado, não dava para perceber. — Ela suspirou, colocando a mão na cabeça, sentindo-se sobrecarregada. — Eu não sei, Cinco, acho que estou ficando louca. Ao mesmo tempo que faz sentido, também não faz. Se a Vanya tivesse poderes, todos nós saberíamos. Pelo menos, algum de nós saberia. — disse ela, inquieta, como se estivesse tentando juntar peças de um quebra-cabeça que não se encaixavam.

O surto de Kateryna foi interrompido por um som alto e inesperado. Alguém estava batendo na porta da casa com força. Cinco e Kateryna trocaram um olhar antes de se levantarem para ver quem era. Cinco abriu a porta apenas para encontrar Hazel, apontando uma arma para eles.

— Ei, veteranos. — disse Hazel com um sorriso irônico.

Cinco não perdeu a compostura. Olhou para Hazel e, sem demonstrar qualquer medo, fez sua primeira pergunta.

— Está com nossa irmã? — Cinco perguntou, direto ao ponto. Quando Hazel não respondeu de imediato, Cinco levantou a sobrancelha e, como se estivesse em um clima descontraído, perguntou: — Se não, gostaria de uma margarita?

Kateryna deu um leve sorriso e, apesar da situação tensa, ela e Cinco deram as costas a Hazel, voltando para o bar.

— Vamos. — chamou Kateryna, enquanto Hazel hesitava na porta, confuso com a reação dos dois.

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