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2019

O relógio na parede marcava o tempo com uma precisão implacável, mas Kateryna mal notava o som dos ponteiros. A noite se arrastava lenta, quase interminável, e a luz fraca da lua invadia o quarto, lançando sombras suaves pelo chão de madeira. Cinco estava deitado na cama, seu rosto pálido destacando-se contra o travesseiro. O suspiro suave de sua respiração era a única coisa que mantinha Kateryna calma enquanto ela permanecia sentada na poltrona ao lado da cama, vigilante, com os olhos fixos no irmão.

A ferida de Cinco, agora devidamente tratada, ainda causava preocupação em Kateryna. Embora Pogo e Grace tivessem garantido que ele ficaria bem, o medo persistia em sua mente. Afinal, ela quase o havia perdido. A ideia de que algo pudesse acontecer com Cinco, especialmente sem que ela estivesse ao seu lado, era insuportável.

Ela se ajeitou na poltrona, tentando encontrar uma posição mais confortável, mas a preocupação a impedia de relaxar. Sua mente estava ocupada com a memória recente, o sangue escorrendo, a palidez do irmão, e a sensação de impotência que a dominara naquele momento. Agora, no entanto, tudo estava sob controle. Cinco estava seguro, e ela estava ali para garantir que ele continuasse assim.

Os pensamentos de Kateryna flutuavam, alternando entre o presente e o passado. Ela lembrava de todas as vezes que Cinco a havia protegido, de todas as vezes que ele fora o mais forte, o mais rápido, o mais determinado. Mas, agora, era ela quem precisava ser forte. Ela precisava estar ao lado dele, mesmo que fosse apenas para segurar sua mão quando ele acordasse.

As horas passaram lentamente. O sono ameaçava, mas Kateryna se recusava a ceder. Ela pegou um cobertor que estava dobrado no final da cama de Cinco e o puxou sobre os ombros, tentando afastar o frio da madrugada. Seus olhos, no entanto, não deixaram o rosto de Cinco, como se temesse que algo pudesse mudar se ela desviasse o olhar, mesmo que por um instante.

Enquanto observava o irmão, ela se lembrou do momento em que ele a salvou durante a missão de resgate anos atrás. Cinco sempre esteve ali, sempre disposto a fazer qualquer coisa para proteger seus irmãos, especialmente ela. Era um vínculo profundo, forjado em situações extremas e na confiança mútua que compartilhavam. Pensar nisso trouxe uma leveza ao coração de Kateryna, uma sensação de gratidão e amor que ela sabia ser rara, especialmente em uma vida como a deles.

Subitamente, Cinco se mexeu, um movimento leve, quase imperceptível. Kateryna se endireitou na poltrona, inclinando-se para frente, esperando ver se ele acordaria. Seus olhos, ainda fechados, permaneceram assim, mas ela notou um leve franzir em sua testa, como se ele estivesse tendo um sonho inquieto. Instintivamente, Kateryna estendeu a mão e tocou suavemente o braço dele, esperando tranquilizá-lo.

— Cinco... — Ela murmurou baixinho, a voz um sussurro, como se o chamasse de volta à realidade.

Ele não acordou, mas o franzir de sua testa suavizou, e sua respiração voltou a ser tranquila. Kateryna sentiu um alívio sutil, mas real, e se recostou novamente, satisfeita por ter conseguido acalmá-lo, mesmo que um pouco.

As primeiras luzes da manhã começaram a infiltrar-se através das cortinas, e Kateryna percebeu que a noite estava finalmente chegando ao fim. O cansaço começava a pesar em seus olhos, mas ela não se permitiu dormir. Não ainda. Ela precisava ver Cinco acordar, precisava ver com seus próprios olhos que ele estava bem.

E então, como se atendendo a seus pensamentos, Cinco começou a acordar. Seus olhos se abriram lentamente, piscando contra a luz suave do amanhecer. Ele olhou ao redor, um pouco confuso, até que seus olhos se fixaram em Kateryna. Um sorriso cansado e pequeno surgiu em seus lábios.

— Oi... — Sua voz estava rouca, mas ainda assim, carregava a familiaridade que Kateryna conhecia tão bem.

— Oi... — Kateryna respondeu, um sorriso aliviado surgindo em seu rosto. — Como você se sente?

— Como se tivesse sido atropelado por um caminhão... duas vezes. — Cinco respondeu com um leve sorriso sarcástico, o que fez Kateryna rir suavemente.

— Bem, pelo menos você ainda tem seu senso de humor. — Ela respondeu, inclinando-se para frente para segurar a mão dele.

— Você ficou aqui a noite toda? — Cinco perguntou, notando o cansaço nos olhos da irmã.

Kateryna apenas assentiu, sem soltar a mão dele. Cinco a observou por um momento, seus olhos revelando mais do que ele diria em palavras. Ele sabia que ela se preocupava, sabia que ela não o deixaria sozinho nem por um instante. E, por mais que ele tentasse ser forte e independente, havia algo reconfortante em saber que Kateryna sempre estaria ali, ao seu lado.

— Obrigado. — Ele disse simplesmente, mas o significado por trás daquela palavra era imenso.

Kateryna sorriu, apertando a mão dele.

— Não precisa agradecer. Eu sempre estarei aqui para você, Cinco. — Ela respondeu com sinceridade.

O momento de silêncio que se seguiu foi carregado de compreensão mútua. Eles não precisavam de palavras para expressar o que sentiam. A conexão entre eles era forte, inquebrável, e momentos como esse apenas a fortaleciam ainda mais.

O silencio foi quebrado quando Klaus passou pelo corredor dos quartos do inicio ao fim Tocando um Sino e avisando que era para descer e irem tomar café da manhã e que ele tinha noticias.

Kateryna e Cinco se olharam confusos ,mas , de seguida deram de ombros,afinal era Klaus .

Cinco desceu para o andar de baixo enquanto Kateryna foi para seu quarto e pegou uma roupa para vestir , já a que usava estava com sangue .

Vestiu uma calça jeans azul de cintura Alta e uma blusa preta (irregular Striped Longe Button Down) , já nos pés colocou um par de tênis brancos .

Os cabelos ela prendeu em um Coque Semi preso apenas usando os fios da parte superior da cabeça.

Quando terminou desceu encontrando Luther de moletons Cinza e cabeça tapada ,com cara de ressaca , Cinco raptando a xícara de café de Luther e Klaus enchendo mais duas com café.

— Bom Dia .— comenta entrando e Klaus estende uma xícara de café á irmã que agradece.

— Quem tenho que matar pra conseguir um café decente?— pergunta Cinco após dar um Gole no café.

— para quem estava se a esvaiando em sangue Ontem ,hoje já está muito resmungão.— comenta Kateryna se sentando de frente para Cinco ,ao lado de Klaus.

— Podemos começar,por favor?— pede Luther .

— Alguém viu os outros? Diego e Allison?— pergunta Klaus e Kateryna franze o cenho.

— Eles ainda não chegaram?— pergunta Confusa e Klaus nega .

— Tudo bem , é o mais próximo de um Quórum ,que conseguiremos. — afirma Klaus.— Agora escutem . Não há um modo fácil de dizer isso , então vou falar logo.
— É uma má ideia.— Kateryna ouve a voz de Ben perdida no espaço tempo como fantasma.

—Sim.— concordou Klaus.

— Klaus.— disse Luther .

— Invoquei papai ontem á noite. — comenta Klaus e logo Luther e Cinco se encararam .

— Pensei que tivesse dito que não conseguia invocar ninguém há anos.— Disse Luther confuso.

— Sim , eu sei. Mas estou sóbrio.  Fiquei limpo ontem pra falar com alguém especial e acabei tendo essa conversa com o velho papai querido. — afirma Klaus .

— Alguém tem aspirina?— Pergunta Luther se levantando.

— Prateleira de cima , perto das torradas .— informa Kateryna.

— Isso é sério,pessoal. Isso realmente aconteceu ,juro. — afirma Klaus.

— OK ,ótimo eu jogo . O que o velho tinha a dizer?— pergunta cinco.

— Bem ,me deu o sermão de costume sobre minha aparência, minhas falhas na vida. Blá, blá, blá. Sem novidades . Nem a vida após a morte amoleceu o durão do papai. Mas ele mencionou algo sobre seu assassinato ,ou a falta dele ,porque ....

— Atenção...— Kateryna ouve a voz de Ben falar após Klaus fazer uma pausa.

—Ele se matou. — disse por fim Klaus e um silêncio se instalou.

Linked DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora