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No banco de trás de um carro que avançava pela estrada, Kateryna observava a paisagem passar, o rosto refletindo uma mistura de cansaço e frustração.

— Não acredito que vou voltar a fazer isso. — Resmungou, cruzando os braços, com a voz carregada de descontentamento.

— Sabe, nunca gostei. — Comentou Cinco, quase como se estivesse refletindo consigo mesmo. Kateryna sabia exatamente o que ele queria dizer.

— Do quê? — Perguntou Luther, lançando um olhar pelo retrovisor, tentando entender o subtexto da conversa.

— De matar. — Respondeu Kateryna, com uma voz neutra, como se fosse apenas uma constatação banal.

O silêncio que se seguiu foi pesado. Luther, ainda sem compreender completamente, olhou de soslaio para Cinco, esperando que ele desenvolvesse o pensamento.

— Quer dizer, eu era bom nisso, tinha orgulho. Mas nunca me deu prazer. — Cinco continuou, a voz baixa, quase perdida no som do motor. — Tantos anos sozinho. A solidão faz coisas estranhas à mente.

Luther assentiu lentamente, reconhecendo o sentimento nas palavras de Cinco. — Desapareceram por tanto tempo. Só estive na Lua por quatro anos, e já foi tempo demais. A solidão quebra a alma.

O peso das palavras de Luther se instalou no carro, deixando um rastro de amargura. Era algo que todos ali compreendiam, cada um à sua maneira. Mas não havia tempo para se afundar nas próprias tristezas.

— Acham que eles acreditam? — Perguntou Luther, mudando de assunto, referindo-se ao plano de trocar a maleta.

Kateryna se inclinou para frente, colocando o rosto entre os dois bancos da frente, com uma expressão que misturava sarcasmo e frieza.

— O que sei é que estão desesperados. Como um policial que perde a arma. Se a Comissão descobre, estão fodidamente fodidos. — Ela disse, as palavras escorrendo com uma leveza perturbadora.

— Sem contar que ficam presos aqui até a recuperarem. — Cinco adicionou, voltando a sua atenção para a estrada.

Luther franziu a testa, contemplando a seriedade da situação. — Devia ficar eu com ela. Caso eles vos ataquem.

Cinco e Kateryna trocaram um olhar, algo implícito passando entre os dois.

— Certo, Luther, mas tem cuidado. — Cinco disse finalmente, a voz séria. — Quero dizer... Eu já vivi uma vida longa e Kateryna também...

— Mas você ainda é jovem, tem toda a vida pela frente. Não a desperdice. — Kateryna completou, sua voz mais suave agora, quase como se estivesse dando um conselho de irmã.

O carro caiu em um silêncio tenso, todos focados na estrada à frente, procurando qualquer sinal de movimento. Não demorou muito para que vissem o carro de Cha-Cha e Hazel se aproximar.

— Aqui vamos nós. — Murmurou Cinco, abrindo a porta e saindo do carro, seguido por Kateryna e Luther, que ficaram lado a lado, prontos para o que estava por vir.

— Se der para o torto, pode se desculpar à Dolores por ter deixado você jogá-la da janela. — Cinco comentou, com um leve sorriso sarcástico, enquanto eles caminhavam em direção aos agentes da Comissão.

Cha-Cha e Hazel saíram do carro, caminhando na direção dos Hargreeves, as armas já à vista.

— As máscaras são mesmo necessárias? — Perguntou Kateryna, com um ar de falsa curiosidade.

Cha-Cha e Hazel trocaram um olhar antes de retirarem as máscaras e as jogarem de lado, mostrando seus rostos.

— Onde ela está, crianças? — Cha-Cha perguntou, com a voz dura, referindo-se à maleta.

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