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Chegando ao beco, o ambiente estava silencioso, apenas o vento leve atravessando o espaço vazio. Cinco saiu rapidamente do carro e foi direto pegar a maleta que havia deixado escondida no lixo, enquanto Kateryna o acompanhava com um olhar preocupado. Luther foi o primeiro dos irmãos a aparecer, suas passadas ecoando pela calçada.

— Onde estão todos? — perguntou Luther, ainda recuperando o fôlego.

— Você é o primeiro, Luther — respondeu Kateryna com um leve sorriso, tentando aliviar a tensão.

Luther olhou para ela, confuso, sem entender por que os outros ainda não tinham chegado. Cinco, ao lado de Kateryna, estava impaciente, checando o relógio no pulso dela a cada segundo. Kateryna observava a expressão dele, e, mesmo no meio daquela confusão, sentia um aperto no peito vendo o quanto Cinco estava tentando manter o controle, mas o tempo pressionava todos.

Nesse momento, Klaus chegou, tropeçando no próprio pé, com uma expressão peculiar que misturava cansaço e euforia. Mas algo parecia... diferente. Quando ele abriu a boca, Kateryna percebeu uma leve mudança na entonação.

— Ei! Chegamos! — disse ele, com um entusiasmo um pouco fora do normal.

Kateryna riu, entendendo o que estava acontecendo, e olhou para Cinco, que franziu o cenho.

— Como assim "nós"? — perguntou Cinco, olhando Klaus desconfiado.

— Ben, claro — murmurou Kateryna, entre risos. Klaus estava possuído pelo espírito do irmão falecido, Ben, o que o fazia agir de maneira ainda mais incomum.

Klaus, ou melhor, Ben, parecia estar lutando para manter o controle. De repente, Klaus ficou pálido e, após uma série de espasmos, vomitou no chão.

— Eu não acredito... você realmente está aqui — resmungou Luther, revirando os olhos. Klaus era conhecido por seu atraso crônico, mas dessa vez ele até que tinha chegado cedo... ou não.

— Temos oito minutos. — Cinco murmurou ao ver o tempo no relógio, o tom de sua voz carregado de nervosismo. Ele estava tão tenso que, quase sem perceber, começou a massagear suavemente o pulso de Kateryna, como se o toque a tranquilizasse e também o acalmasse.

— Tive um sonho muito estranho... — Klaus murmurou, confuso, olhando ao redor com os olhos marejados. — Onde estão os outros?

— Essa é a pergunta que todos queremos a resposta — Cinco respondeu, irritado, seu olhar ainda preso ao relógio. Ele tentava se manter calmo, mas o tempo estava acabando, e com cada segundo que passava, ele mexia nos dedos de Kateryna, quase como se fossem uma âncora para sua ansiedade.

Kateryna apertou suavemente a mão de Cinco, sentindo a tensão dele, e sorriu em um gesto reconfortante.

— Falta só um minuto, gente! — Luther exclamou, já irritado, batendo o punho contra a caçamba do lixo.

— O que foi, gente? Estamos indo a algum lugar? — Klaus comentou enquanto se deitava no chão, completamente perdido.

Cinco respirou fundo, tentando não explodir, mas sua paciência já estava se esgotando.

— Era uma tarefa simples... Era uma tarefa simples... — ele murmurou, frustrado, apertando a mão de Kateryna levemente. — Só tínhamos que estar aqui. Nem monstros marinhos, nem exército de mutantes... nada disso!

Luther suspirou, passando as mãos pelo rosto. — Não acredito...

— Eles entregaram a solução pra gente! — Cinco reclamou, sua voz ficando mais alta enquanto ele olhava para o céu, como se esperasse uma resposta divina para aquela situação.

— Dá pra reclamar mais baixo? Minha cabeça tá explodindo! — Klaus choramingou, tapando os ouvidos.

Cinco, finalmente perdendo a paciência, se virou para ele. — Ouça, seu saco de vômito inútil! Acabamos de perder a chance de salvar o mundo! Nossa única chance de voltar pra nossa linha temporal!

De repente, Kateryna notou algo. Um som agudo e baixo vindo da maleta fez seu coração disparar. Sem perder tempo, ela a pegou e a lançou para o ar. Eles assistiram, impotentes, enquanto a maleta desaparecia no ar, indicando que o tempo havia se esgotado.

— Puta merda! — resmungou Kateryna, frustrada, baixando o braço com força. — Estávamos tão perto...

Cinco ficou quieto por um momento, tentando processar o que acabara de acontecer. A frustração estava clara em seu rosto, mas ele inspirou fundo, tentando acalmar-se, e virou-se para Kateryna.

— Me desculpe... — ele disse em um tom mais suave. Seus dedos ainda estavam entrelaçados aos dela, e ele os apertou levemente. — Eu realmente achei que daria certo dessa vez.

Kateryna suspirou e o puxou para mais perto, colocando a cabeça dele em seu ombro e passando os dedos pelos cabelos dele em um gesto reconfortante.

— Eu sei, Cinco. E você fez o seu melhor... você sempre faz. — Sua voz era calma, e a presença dela o tranquilizava.

Eles ficaram assim por um momento, abraçados, enquanto o resto do mundo parecia desaparecer. Cinco se permitiu fechar os olhos por um instante, aproveitando o calor e o conforto que Kateryna trazia. Ele sabia que em meio ao caos, ela era a sua âncora, a única coisa que o mantinha estável.

Quando ele finalmente se afastou, havia um leve sorriso em seu rosto.

— Você realmente é uma boneca... — murmurou ele em russo, olhando-a com carinho.

Kateryna deu um pequeno sorriso, tocando o rosto dele.

— E você, um cabeça-dura — brincou, dando-lhe um leve beijo na testa.

Cinco suspirou, o peso da situação ainda sobre seus ombros, mas sentindo-se mais forte ao lado dela.

— Vamos encontrar uma saída. Juntos. — Kateryna afirmou, segura, e ele soube que não estava sozinho.

Eles ficaram ali por mais alguns segundos, esquecendo-se momentaneamente do caos ao redor, até que Luther limpou a garganta.

— Bem, então, onde diabos estão Allison, Diego e Vanya? — interrompeu ele, trazendo-os de volta à realidade.

Linked DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora