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"Porque é que eu vim mesmo?" Pensei, irritada, enquanto saía do elevador ao lado dos meus irmãos. A tensão no ar era palpável, e a cada segundo que passava, o peso de tudo parecia se multiplicar. Não só o apocalipse iminente, mas também o encontro com aquele homem — o pai que nos moldou e nos destruiu ao mesmo tempo.

— Quando papai chegar, eu falo, certo? — Cinco perguntou, impaciente.

— Tenho algumas perguntas para ele — murmurou Diego, os olhos brilhando com a raiva contida.

— Não vai querer assustá-lo, vai? Ele pode ajudar a deter o apocalipse e nos levar para casa — retrucou Cinco com uma leve irritação.

— Não, Cinco, temos que descobrir por que ele está planejando matar o presidente! — Diego rebateu, a voz mais alta, e eu já sentia a discussão escalar.

— Isso é uma questão de vida ou morte, imbecil! — Cinco devolveu sem perder o ritmo.

— Talvez devêssemos nos revezar para falar. Tipo... quem tiver essa concha fala — propôs Vanya, segurando uma pequena peça decorativa que pegou de algum lugar.

— Vanya, não temos tempo para um debate, certo? — Cinco revirou os olhos.

— Talvez eu deva liderar. Sabem que sou melhor oradora que vocês — disse Allison, pegando a concha da mão de Vanya com um ar superior.

— Certo, filhinha do papai — provocou Diego com um sorriso sarcástico.

— Ah, com ciúmes, número dois? — Allison rebateu, levantando uma sobrancelha.

— Ei, chega de números! Chega de besteiras. Somos a equipe Zero agora! Todos nós! — Diego exclamou, e por um momento, até fez sentido, mas logo a discussão voltou à mesa.

Enquanto tudo aquilo acontecia, eu me perguntei novamente por que ainda estava ali. Aquele caos era desgastante. "O que eu ainda estou a fazer aqui mesmo?", murmurei, quase para mim mesma.

— Diego, você não tem a concha — Luther comentou, olhando impassível para a cena que se desenrolava.

Diego, irritado, tirou a concha da mão de Allison e a atirou contra a parede. O som de algo quebrando foi abafado pelo momento em que Reginald entrou na sala, impondo sua presença. Todos, de imediato, se sentaram à mesa, menos Klaus, que foi direto pegar uma bebida antes de se acomodar.

— Vocês não só assaltaram meu laboratório, soltaram meu chimpanzé, invadiram o consulado mexicano, me perseguiram e atacaram repetidas vezes, como também me chamaram em várias ocasiões de... — Reginald começou, mas foi interrompido.

— Oi, papai. Como vai? — disse Klaus, sorrindo ao se sentar casualmente.

— ..."pai" — concluiu Reginald com uma expressão de leve desgosto. — Meu pessoal de reconhecimento me diz que vocês não são da CIA, nem da KGB, e certamente não são do MI5. Então... quem são vocês?

— Somos seus filhos! Somos do futuro! — Cinco afirmou, e eu imediatamente acertei um chute na canela dele, sob a mesa, fazendo-o recuar ligeiramente.

— Em 1989, você nos adotou e nos treinou para lutar contra o fim do mundo. Nos chamou de Umbrella Academy — Cinco continuou, ignorando meu olhar de reprovação.

Reginald nos analisou com descrença.

— Por que raios eu adotaria sete... — começou ele, mas eu o interrompi antes que pudesse terminar.

— Oito — corrigi, chamando sua atenção. Seu olhar pousou em mim e, por um segundo, ele pareceu ver um fantasma.

— Um de nós morreu — completei, enquanto ele continuava me encarando com uma intensidade desconcertante.

Linked DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora