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Quando Kateryna e Cinco chegaram à casa de Elliott, a atmosfera pesada os envolveu imediatamente. Assim que cruzaram a entrada, avistaram uma frase escrita no chão com sangue. O silêncio da casa era inquietante, como se o próprio ar estivesse ciente do horror que ali se desdobrara. Os dois seguiram cautelosamente para o andar de cima, trocando um olhar rápido de alerta, o tipo de comunicação silenciosa que ambos haviam aperfeiçoado.

Na sala, depararam-se com um lençol estendido sobre uma cadeira, cobrindo o que parecia ser uma figura humana. Cinco se adiantou e, sem hesitação, puxou o tecido para revelar o corpo de Elliott, morto e inerte. Sua expressão era de choque e tristeza, os olhos ainda arregalados, como se a vida tivesse sido arrancada abruptamente. Cinco soltou um murmúrio irritado.

— Droga! — disse, apertando os punhos, enquanto Kateryna o observava, tentando controlar as próprias emoções. Elliott, com seu jeito peculiar e sua paciência, fora um aliado valioso desde que haviam chegado a esta época. Apesar de sua excentricidade, Kateryna aprendera a considerá-lo um amigo, e a visão de seu corpo inerte a fez sentir uma raiva silenciosa.

Cinco respirou fundo, balançando a cabeça para afastar o pesar. Ele pegou a maleta e procurou um local seguro para escondê-la, enquanto Kateryna ia para a cozinha. Foi então que ouviu vozes familiares ecoando.

Diego e Luther estavam ao telefone com uma senhora desconhecida, suas expressões sérias enquanto trocavam provocações.

— Ei! É Öga För Öga! — comentou Kateryna ao se aproximar dos dois. Ela parou na entrada da porta,o que fez Luther olhar de relance para ela e depois para Cinco, que agora se juntava a eles com uma expressão sombria.

— Idiotas! — rebateu Cinco, como se estivesse se dirigindo aos dois de uma só vez.

Kateryna cruzou os braços e lançou um olhar firme para os irmãos. — "Olho por olho", em sueco. — explicou ela, sua voz baixa, mas firme. — Ou seja, os suecos mataram Elliott.

A informação caiu como uma lâmina afiada, e Cinco se preparou para retaliar, sua expressão endurecendo. Enquanto ele tirava o blazer e em seguida o colete, Kateryna pousou suas adagas sobre a mesa com um semblante impassível.

Luther, de braços cruzados, observou os dois, com um olhar que mesclava espanto e um toque de humor sombrio.

— Tem um pouco de sangue em vocês. — disse ele, os olhos fixos nas manchas que cobriam a dupla.

— Muito sangue! — Diego concordou, franzindo a testa enquanto inspecionava de relance a roupa suja de sangue de ambos.

Luther arqueou uma sobrancelha, hesitante, mas claramente curioso. — Cinco, o que você e Kate fizeram?

Cinco apenas deu de ombros, e os dois saíram da sala sem responder, deixando Diego e Luther trocando olhares confusos e incrédulos. Kateryna e Cinco caminharam em direção ao banheiro, a tensão dos últimos minutos ainda fervendo entre eles, mas uma tranquilidade compartilhada se instaurou enquanto entravam no espaço apertado. Sem dizer nada, ambos começaram a se limpar, trocando olhares rápidos.

Kateryna molhou um pano e se aproximou de Cinco, os olhos atentos a cada mancha de sangue em seu rosto e pescoço. Ela segurou delicadamente o queixo dele, com o mesmo cuidado que tivera antes, passando o tecido molhado por sua pele. Cinco manteve o olhar fixo nela, observando cada movimento enquanto ela limpava os respingos de sangue com precisão.

Sem hesitar, Cinco pegou um segundo pano e umedecendo-o sob a torneira, deu um passo em direção a Kateryna. Ele segurou-a pelo braço e começou a limpar os respingos de sangue que manchavam seu rosto e pescoço. Os dois estavam em silêncio, suas expressões sérias, mas seus olhares falavam mais do que palavras poderiam expressar.

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