Lírios.

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~A solidão é uma flor que desabrocha na tristeza do passado, onde a loucura e a morte dançam em um eterno lamento.~

~🌸~

Em um momento sombrio da infância de Jimin e Jungkook. Jimin, com doze anos, está encolhido em um canto do quarto, soluçando. As lágrimas escorrem por seu rosto pálido, com seus olhos fundos e marcados pela tristeza. Ele está tão devastado que o ambiente parece quase sufocante. Jungkook, o garoto de treze anos, abre a janela do quarto de Jimin e seus olhos se arregalam ao ver a cena diante dele.

Jungkook não gostava de entrar pela porta, Yoongi ou a senhora Park sempre faziam perguntas, e ele não gostava de responder perguntas. Não gostava de falar sobre si mesmo. Então uma simples pergunta como; " Como foi seu dia?" " você está bem? " Eram ruins para ele.

Ele gostava de falar com o Jimin, sendo mais exata, gostava de ouvir. O acastanhado sempre tagarelou os mais aleatórios tipos de assuntos, e ele não se importava que Jungook apenas escutasse. E para o moreno... Aquilo era perfeito.

— Jimin? — a voz de Jungkook é um sussurro, quase inaudível. Ele não está acostumado a ver Jimin assim, tão quebrado, tão perdido. Cada parte dele está gritando para fazer algo, mas ele não sabe por onde começar.

Ele não sabe o que deve sentir.

Jimin ergue o olhar por um segundo, mas logo o desvia, apertando os braços contra o corpo como se quisesse se proteger de algo invisível.

— Não olha para mim... — a voz dele é trêmula, quase quebrando. — Eu sou nojento... Eu sou um lixo, eu estou sujo, não olha para mim, Goo...

As palavras de Jimin cortam Jungkook como facas. Ele nunca ouviu o amigo falar assim. "Sujidade", "nojo", "lixo" — essas palavras não fazem sentido quando associadas a Jimin. Para Jungkook, Jimin sempre foi a pessoa mais pura e brilhante que ele conhecia. E agora, vê-lo se autodenominando como algo tão horrível faz o estômago do Jeon se revirar.

— Jimin... — Jungkook tenta, mas sua voz sai fraca. Ele não sabe o que dizer. O que poderia dizer para apagar tanta dor? Ele se sente impotente, incapaz de ajudar, mas sabe que precisa tentar. Ele precisa estar ali, mesmo que não tenha as palavras certas.

Hesitante, Jungkook se aproxima devagar. Cada passo é um desafio, cada movimento é calculado, como se ele estivesse tentando não espantar um animal ferido. Quando ele finalmente se agacha ao lado de Jimin, o ar ao redor parece mais denso, carregado com o peso da tristeza do amigo.

Lentamente, Jungkook levanta a mão, hesitando no meio do caminho. Ele quer tocá-lo, quer oferecer algum conforto, mas tem medo de fazer ainda mais mal. Mesmo assim, ele deixa a mão descansar no ombro de Jimin, um toque leve, quase imperceptível. O acastanhado se encolhe com o toque, como se tivesse sido queimado, e por um segundo, Jungkook recua.

— Não... Não me toca... — Jimin sussurra entre soluços, mas sua voz não tem força. — Você vai se sujar... Eu estou sujo, não está vendo?

Jungkook hesita, com o coração martelando em seu peito, mas depois de alguns segundos, ele coloca a mão de volta, firme dessa vez, como se quisesse ancorar Jimin à realidade, como se quisesse lembrá-lo de que ele não está sozinho.

Entre Flores e rebeldiaOnde histórias criam vida. Descubra agora