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Esganar Carolana na primeira oportunidade que eu tiver é o segundo item na minha lista de prioridades

O primeiro é elaborar o melhor plano de fuga possível enquanto finjo estar dormindo. Ao abrir os olhos mais cedo, não reconheci nenhum dos itens presentes no quarto. Considero que, se não for possível sair correndo pela porta sem ser vista, a alternativa mais viável seria me atirar pela janela e torcer para cair em uma lixeira ou arbusto.

Antes de me arriscar a fraturar uma perna ou um braço, prefiro tentar uma saída mais digna. A cama ao meu lado está pesada, indicando que a pessoa com quem estou - embora eu tenha um palpite substancial - ainda está deitada ao meu lado. Uma grande parte de mim torce para que não seja Larissa.

Comecei a me movimentar lentamente e com cautela, tentando evitar qualquer ação que pudesse acordar minha nova companheira de cama. A cama do lado está completamente vazia, e eu poderia ter dormido tranquilamente nela. Neste momento, sinto o peso do braço sobre a minha cintura.

Seguro o braço pelo pulso, evitando encará-lo, pois pretendo continuar fingindo que não tenho ideia de quem está deitada ao meu lado.

Neste instante, o abraço se aperta e me puxa de volta, colocando-me deitada de barriga para cima. A pessoa se ajeita na cama, pressionando nossos corpos ainda mais e deita a cabeça no meu ombro, enterrando o nariz em meu pescoço. Sentir a pressão familiar e a forma como inspira meu cheiro me atinge em cheio, revelando sem margem de dúvida que eu sei exatamente quem está ali comigo.

Sou uma fervorosa adepta do ditado: a ignorância é uma bênção.

Gabriela se aconchegou ainda mais em mim, apertando-me contra si e esfregando seu nariz ao longo do meu pescoço, quase como se quisesse se fundir comigo. Permaneci parada, segurando seu pulso, enquanto fechei os olhos e senti o impacto da sua respiração contra minha pele sensível, que me causou arrepios até a ponta dos pés. A situação trouxe de volta boas lembranças do passado, quando passávamos vários dias juntas.

Fechei os olhos com força para tentar me acalmar, temendo que as batidas do meu coração pudessem acordá-la

Tentei relaxar meu corpo, agarrando a ideia de que esta era apenas mais uma de minhas manhãs de três anos atrás. Afrouxei meu aperto no braço de Gabriela, sem soltá-lo, e procurei regularizar minha respiração.

Não se passaram mais do que alguns minutos antes de o despertador tocar, fazendo com que Gabriela começasse a se ajeitar, preparando-se para despertar e, consequentemente, derrubando completamente meu autocontrole e me empurrando para o desespero total. Graças a Deus, meu celular tocou.

Saltei da cama, uma vez que o telefone estava na minha bolsa caída no meio do quarto.

- Bom dia, Lê. Onde você está?

A voz de Larissa irrompeu pelo telefone assim que eu atendi, evidenciando sua alegria.

- Oi, Lari, tudo bem? Eu... – olhei para a garota se espreguiçando na cama atrás de mim, enquanto fazia o possível para pegar todos os meus pertences - Acabei de acordar.

- Certo, estou assumindo que você está no seu quarto então! – ouvi sua risada do outro lado da linha.

- Uhum.

Dei uma leve tropeçada ao calçar meus coturnos, sem me preocupar em amarrá-los.

- Pensei em tomarmos café antes do treino.

- Você já está indo? Vamos comer algo antes. – A voz rouca de Gabriela me fez virar por um instante.

- Eu não tomo café antes do treino.

Se ela quiser, eu também queroOnde histórias criam vida. Descubra agora