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Eu saía do banho, com o cabelo ainda meio molhado e me secando, quando ouvi uma batida firme na porta. Suspirei, já imaginando quem poderia ser — e não estava errada. Ao abrir, Carol entrou sorrindo, com aquela energia toda.

— Aí, aí! Eu não acredito que fui trocada por você! — ela disse, já fazendo graça. — Olha só, vai se mudar pro quarto da realeza agora que a troca foi confirmada!

Soltei uma risada e revirei os olhos, enquanto ela começava a me contar sobre o "drama" de reorganizar tudo e como o pessoal da equipe técnica parecia dar mais atenção para esse pedido do que para qualquer outra coisa. Ficamos um tempo jogando piadinhas, e eu até deixei a tensão do dia se dissipar, aliviada por poder brincar um pouco e esquecer dos olhares tortos.

— Que tal uma caminhada? — Carol sugeriu de repente. — Tá um clima ótimo lá fora, e você já ficou tempo demais trancada aqui. Vamos esticar as pernas, vai.

Concordei, pegando uma roupa mais confortável. Enquanto eu terminava de me arrumar, Rosamaria apareceu, já zoando Carol por todo o "drama" sobre a troca de quarto.

— Carol, você tá se achando abandonada por causa de meia mudança — Rosa riu, cruzando os braços e se recostando na porta. Mas, depois de uns segundos, ela voltou os olhos pra mim, com um sorriso que parecia inocente, mas tinha aquela pitada de provocação.

— Agora, Helena... você realmente é evoluída, viu? Porque deixar Gabriela sentar com a Sheilla pra um café? Isso é coisa de gente bem resolvida mesmo.

Meu corpo congelou instantaneamente, e eu senti um calafrio me percorrer a espinha.

— Como é? — perguntei, tentando manter o tom de voz o mais neutro possível, mas já sentindo o peso das palavras.

Rosa franziu a testa, percebendo a tensão.

— É... elas tão lá na cafeteria, não é? Achei que você soubesse — respondeu, de repente soando mais cautelosa.

Fiquei em silêncio por um segundo, o coração acelerando de uma forma que eu tentava ignorar.

Peguei o telefone com pressa, meu coração batendo na garganta, e deslizei a tela em busca de qualquer mensagem de Gabriela. Nada. Nenhuma notificação, nenhuma explicação. Senti uma pontada de desconforto enquanto o silêncio preenchia o quarto. Rosa e Carol me olhavam, e percebi Rosa me observando com as sobrancelhas ligeiramente levantadas, a expressão dela meio surpresa.

— Helena, você realmente não sabia disso? — perguntou, como se tentasse entender por que eu estava tão impactada.

Carol se aproximou, tentando espiar o que eu estava fazendo no telefone, mas antes que ela pudesse ver direito, comecei a discar o número de Gabriela. O telefone chamou uma, duas, três vezes até que caiu direto na caixa postal. Descontei a frustração apertando o telefone com força e me virei para Rosa, engolindo a ansiedade.

— Rosa, é na cafeteria do prédio ou em uma das que ficam na Vila Olímpica?

Ela pareceu hesitar por um instante, mas acabou indicando a cafeteria que ficava mais perto, com um olhar ligeiramente cauteloso.

— Aquela perto das salas de reunião, sabe? Na Vila.

Carol colocou a mão no meu ombro e apertou levemente, a voz dela saindo baixa, como se quisesse me acalmar.

— Helena, tenta ficar calma. Pode ser só uma conversa rápida — ela sugeriu, mas eu conseguia sentir a insegurança dela naquelas palavras.

Agarrando minha bolsa, dei um passo em direção à porta, pronta para sair dali e ver por mim mesma, mas... congelei. Era como se uma barreira invisível me segurasse no lugar. Eu queria saber o que estava acontecendo, mas ao mesmo tempo, tinha medo do que poderia ver.

Se ela quiser, eu também queroOnde histórias criam vida. Descubra agora